terça-feira, 5 de julho de 2011

É INACREDITÁVEL

BEATRIZ FAGUNDES, REDE PAMPA, O SUL, Porto Alegre, Terça-feira, 05 de Julho de 2011.

É inacreditável que os cidadãos que utilizam o SUS (Sistema Único de Saúde) se submetam a algumas portarias municipais que jamais poderiam substituir a legislação federal que determina o atendimento público, universal e gratuito para todos os cidadãos que busquem serviços de saúde em qualquer município brasileiro.

Não podemos assistir insensíveis, a indigna rotina dos contribuintes brasileiros. As temperaturas abaixo de zero, registradas nas últimas madrugadas, deveriam provocar, no mínimo, reações do poder público a favor da população que necessita, por exemplo, dos serviços de saúde. É inacreditável confirmar que os gaúchos são obrigados a enfrentar as madrugadas congelantes em filas que se formam nas portas de postos de saúde que permanecem fechadas até, pelo menos, 7h.

Ontem, na Rádio Caiçara, na qual hoje tenho a alegria de trabalhar, durante as manhãs, foram vários os ouvintes que reclamaram da precariedade no atendimento público através dos postos de saúde. Não apenas aqui na Capital, não. Os municípios de Cachoeirinha e Gravataí também foram citados por contribuintes que, com absoluta propriedade, reclamavam da forma perversa e antissocial encontrada pelos poderosos responsáveis pelas políticas públicas de atendimento à população.

Em um primeiro momento, cheguei a imaginar que se tratavam de meras disputas políticas. No entanto, uma rápida consulta no site da prefeitura de Porto Alegre foi suficiente para confirmar a insanidade:

1) A primeira consulta, nas especialidades consideradas de atenção básica como clínica-geral, pediatria e ginecologia obstétrica, é marcada diretamente nos postos de saúde. Nos postos onde não há serviço de acolhimento, as fichas são distribuídas a partir das 7h (este horário determina que as filas comecem a se formar por volta da meia-noite ou 3h, dependendo do bairro).

2) De acordo com a necessidade, o clínico encaminha o paciente a um especialista.

3) O paciente se dirige ao guichê de marcação, por área, e um funcionário faz a marcação acessando por telefone a Central de Marcação de Consultas.

4) No caso de pacientes do interior, o encaminhamento se faz via Secretaria de Saúde do município.

É inacreditável que os cidadãos que utilizam o SUS (Sistema Único de Saúde) se submetam a algumas portarias municipais que jamais poderiam substituir a legislação federal que determina o atendimento público, universal e gratuito para todos os cidadãos que busquem serviços de saúde em qualquer município brasileiro. Agora, os moradores estão condenados a suportar o atendimento "daquele" posto para o qual, segundo alguma legislação nebulosa, seu endereço "pertence". É o verdadeiro samba do ariano filho albino de pai ruivo, afrodescendente!

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