Litoral pressiona por recursos para saúde. Secretários municipais dizem que repasses se concentram na Capital - CORREIO DO POVO, 03/10/2011
Os secretários da Saúde do Litoral Norte são unânimes em criticar o governo do Estado por investir, segundo eles, apenas 4% do orçamento na área da saúde em vez dos 15% preconizados na lei. O secretário de Torres, Valmir Daitx Alexandre, reclamou que os recursos que vêm de Brasília e deveriam servir para beneficiar a todos ficam em Porto Alegre, beneficiando as redes hospitalares, concentradas na Capital. "Não existe uma política séria para a saúde", afirmou Alexandre.
O secretário salientou que, para organizar o sistema de saúde, são necessários recursos, além de uma política eficiente. Hoje, afirmou, quem está com esse dinheiro não quer abrir mão para repassar a outras regiões. Alexandre, que também ocupa o cargo de vice-prefeito, defendeu que se redirecione a verba que é enviada por Brasília. No entanto, disse que, na prática, isso não existe. "O governo (do Estado) tem que sentar com os representantes das regiões e construir isso", afirmou.
A mesma opinião tem a secretária da Saúde de Capão da Canoa, Suzete Pereira. Ela salientou que o percentual não investido acaba sobrecarregando os municípios. Capão repassa 23,56% do orçamento na saúde, até para suprir a parte que não vem do Estado. No ano passado, foram R$ 10,8 milhões.
Outro fator que prejudica a área, e que não tem ligação com o governo do Estado, é o pagamento da folha do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), cuja contribuição dos municípios é de R$ 0,28 por habitante. No entanto, salientou Suzete, as outras cidades, que se beneficiam com o atendimento juntamente com Capão, não cooperam. "Eles (municípios vizinhos) não repassam nada", afirmou a secretária. "E movimentar o Samu tem um custo, seja com a folha como com combustível e outros itens."
Além desses problemas, a secretária comentou que muitos moradores de cidades vizinhas vêm a Capão para consultar. O sistema de saúde, seja o SUS ou o oferecido pela prefeitura, é feito para atender os moradores do local e não para pacientes de fora. Tanto que atualmente as autoridades na hora de marcar consultas estão atentas para se certificar de que a pessoa reside na cidade. "Muitos municípios não oferecem o que temos aqui e existe uma migração para cá."
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