EDITORIAIS
Amorte de um idoso no centro de Porto Alegre, sem assistência médica, sob a alegação de falta de estrutura do serviço público de ambulâncias, expõe não apenas a deficiência do atendimento à população, mas também a desconsideração de algumas autoridades e profissionais com a vida dos cidadãos. O mais grave nem é a falta de preparo da pessoa que atendeu ao telefone, como ficou constatado na rispidez do tratamento dispensado ao caso, mas, sim, a ausência da assistência médica no momento em que se mostrava urgente. Esse é o aspecto que precisa concentrar as atenções neste momento.
Obviamente, a definição das responsabilidades sobre esse caso específico não pode se pautar por emocionalismos, amplificados maciçamente por usuários das redes sociais. É positivo, por isso, que o Ministério Público já tenha decidido encaminhar o caso às promotorias Criminal e de Defesa dos Direitos Humanos para avaliação e abertura de inquérito civil público.
Considerado modelo para todo o país, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) da Capital tem se esforçado historicamente em evitar que a carência de profissionais e de veículos equipados para prestar socorro possa afetar a qualidade dos serviços prestados. Se, neste momento, as condições efetivas já não permitem um atendimento adequado, é preciso que o poder público, em conjunto com representantes de diferentes áreas da sociedade, trate logo de corrigir as deformações.
O inadmissível é que um serviço reconhecido pelo pioneirismo e pela eficiência apresente tal falha, possibilitando que uma pessoa venha a agonizar na calçada sem chance de atendimento adequado. Acima de dificuldades de qualquer ordem, incluindo as financeiras e as gerenciais, deve estar a preocupação com a vida.
Nenhum comentário:
Postar um comentário