EDITORIAL
Poucas ideias merecem o reconhecimento unânime de profissionais da saúde como as Unidades de Pronto Atendimento, criadas para desafogar as emergências dos hospitais e racionalizar a assistência básica. Pois as UPAs, que deveriam merecer atenção prioritária, têm exemplos no Estado de total desleixo com os recursos públicos e com as demandas da população. As quatro unidades mostradas por este jornal, que foram concluídas mas estão impossibilitadas de funcionar por razões diversas, indicam acima de tudo leniência administrativa. Não pode haver desculpa para a burocracia e para o jogo de empurra entre o governo estadual e os municípios contemplados com os investimentos.
Mais do que desperdício de dinheiro, as obras inauguradas e fechadas a seguir representam o descaso com um serviço essencial, pois pacientes que poderiam ser atendidos em suas comunidades acabam tendo que buscar recursos longe de casa. Os municípios, que participaram da construção das UPAs, alegam agora que não têm recursos para mantê-las. Outras prefeituras apresentam problemas específicos, e uma delas embargou um prédio por falhas estruturais. Combinadas, as omissões, as desculpas oficiais e a ganância de quem ergueu uma unidade sem condições de uso conspiram contra uma ideia que não poderia ser tratada com tanto desprezo.
Quando confiar na presteza e na qualidade do atendimento das unidades, a população deixará de recorrer aos hospitais. Mas em alguns casos uma das deficiências é justamente a de equipamentos. Como os governos irão convencer as pessoas de que as UPAs prestam serviços de excelência, se estão desaparelhadas? Os casos citados devem ser resolvidos com urgência, ao mesmo tempo em que se esclarecem as responsabilidades pela inoperância de estruturas que consumiram R$ 13 milhões e que poderiam estar atendendo até 900 pessoas por dia, num Estado em que os hospitais lotados são a expressão irretocável do caos na saúde pública.
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