GLOBO REPORTER 13/12/2013 23h51
Pacientes levam lençol e toalha para a fila para marcar uma consulta. Os pacientes falam da dificuldade para marcar uma consulta e mostram que levam lençol e toalha para a fila. Isso para marcar uma consulta.
Em Salvador, a equipe do Globo Repórter também usou uma microcâmera para mostrar a agonia dos corredores lotados. A dor que brasileiros fragilizados às vezes se obrigam a calar.
“Com todas essas aflições eu preciso do hospital, necessito de ajuda. Quando você necessita de ajuda, você não pode brigar, você tem que se humilhar. Principalmente nesses momentos sabe do que? Descaso. O único objetivo de todos nós aqui é voltar a ser o que nós éramos antes. Ter saúde, disposição, tem alegria”, disse um homem.
Encontramos seu José Carlos em uma maca depois de passar quatro dias “internado” em uma cadeira na emergência do Hospital Geral Roberto Santos na capital baiana. O hospital estadual recebeu mais de R$ 3 milhões do programa SOS Emergência, mas o dinheiro do Ministério da Saúde não parece ter tido efeito, em meio a tamanha confusão.
Injetar dinheiro sem cobrar organização ou exigir retorno parece ser um problema grave no Sistema Único de Saúde.
“A gente tem o maior sistema de saúde de atenção integral do mundo, uma atenção primária que é muito deficiente e falta de leitos de hospital. Então a emergência ela é o grande campo de conflito”, ressalta Rodrigo de Freitas, cardiologista.
A ineficiência é doença contagiosa que se alastra até por serviços jovens e aparentemente imunes. Criadas em 2007 para desafogar as emergências do país as UPAs, Unidades de Pronto-Atendimento, começam a acusar os sintomas.
Globo Repórter: O que não tem hoje?
Enfermeira: pediatra.
Globo Repórter: por que que não veio? Faltou?
Enfermeira: é.
Globo Repórter: se vier criança aqui?
Enfermeira: manda embora.
“Aqui é melhor, mesmo demorando. Você espera 5 horas mas é atendido”, diz uma mulher.
Globo Repórter: tá demorando muito pra atender clínico hoje?
Enfermeira: bem demorado. tem gente de 9h30 ainda
Globo Repórter: 9h30? São 14h30. Tá faltando médico?
Enfermeira: não, tá muito cheio mesmo
Enfermeira: não tem pediatra. Só tem clínico.
Enfermeiro: foi para o Getúlio a pediatria da gente. A gente atende a clínica adulto deles e eles atendem a pediatria
Quando uma unidade de emergência, como a UPA está ligada a um hospital e posto de saúde, o paciente certamente sai ganhando, mas casos como o do bairro do Jaguaré em São Paulo são raros. Lá o posto se chama UBS e a emergência é atendida na AMA que fica no prédio ao lado.
Silvio Romero, gerente da UBS Jaguaré: Atendimento de maior gravidade na AMA, automaticamente é passado o caso para os médicos da UBS ou do PSF pra que eles entendam em que momento o paciente passou e qual foi o estado agudo, pra que eles possam dar continuidade no tratamento e entender a saúde do paciente
Globo Repórter: quando não tinha essa conversa?
Silvio Romero: o paciente voltava várias vezes, retornava sempre no AMA.
A dificuldade de conseguir diagnóstico e tratamento fica ainda maior quando as filas gigantes e as confusões homéricas começam na tentativa de marcar uma consulta.
Em Salvador, passar pelo médico é como ganhar na loteria.
“É da sorte, da pessoa chegar e tá aberta a vaga”, diz uma mulher.
“A gente abre isso aqui e não sabe o que tem. Ninguém que trabalha aqui sabe o que vai encontrar. Não dá nem pra dizer, venha amanhã. A gente não sabe. Pode amanhã a gente chegar aqui e encontrar 50 consultas. É o mesmo em todas as unidades”, afirma outra mulher.
Pacientes falam da dificuldade para marcar uma consulta e mostram que levam lençol e toalha para a fila. Isso para marcar uma consulta. Confira no vídeo.
“Nós passamos a ofertar cerca de um milhão de exames especializados. Pra atender a demanda que nós temos hoje nos postos de saúde e com a população referenciada, nós precisávamos atender pelo menos 2 vezes mais”, afirma José Antônio Rodrigues, secretário de saúde de Salvador.
E dormir na fila não é sacrifício só de baianos.
“Nós temos um dia no mês pra marcar consulta. Não é para consultar, é para marcar. E os outros 29 dias, o que que eles fazem aí? E nós não podemos usar outro posto porque nós moramos aqui”, afirma uma mulher, na fila do UBS Luciano Rodrigues Costa, em Osasco, SP.
Globo Repórter: o pessoal diz que depois não consegue o exame, pra ter um diagnóstico se demora 6 meses, 1 ano?
Margareth Rodrigues, chefe da UBS: não. Sinto muito. Isso é o que a população tá falando. Não demora.
A chefe do posto diz que tudo isso vai mudar com a chegada de duas médicas cubanas. Mas não há nada que justifique sistemas tão ruins de marcação de consultas.
“Eu acho uma vergonha. Tenho até vergonha de ser brasileira”, ressalta uma senhora.
Pacientes levam lençol e toalha para a fila para marcar uma consulta. Os pacientes falam da dificuldade para marcar uma consulta e mostram que levam lençol e toalha para a fila. Isso para marcar uma consulta.
Em Salvador, a equipe do Globo Repórter também usou uma microcâmera para mostrar a agonia dos corredores lotados. A dor que brasileiros fragilizados às vezes se obrigam a calar.
“Com todas essas aflições eu preciso do hospital, necessito de ajuda. Quando você necessita de ajuda, você não pode brigar, você tem que se humilhar. Principalmente nesses momentos sabe do que? Descaso. O único objetivo de todos nós aqui é voltar a ser o que nós éramos antes. Ter saúde, disposição, tem alegria”, disse um homem.
Encontramos seu José Carlos em uma maca depois de passar quatro dias “internado” em uma cadeira na emergência do Hospital Geral Roberto Santos na capital baiana. O hospital estadual recebeu mais de R$ 3 milhões do programa SOS Emergência, mas o dinheiro do Ministério da Saúde não parece ter tido efeito, em meio a tamanha confusão.
Injetar dinheiro sem cobrar organização ou exigir retorno parece ser um problema grave no Sistema Único de Saúde.
“A gente tem o maior sistema de saúde de atenção integral do mundo, uma atenção primária que é muito deficiente e falta de leitos de hospital. Então a emergência ela é o grande campo de conflito”, ressalta Rodrigo de Freitas, cardiologista.
A ineficiência é doença contagiosa que se alastra até por serviços jovens e aparentemente imunes. Criadas em 2007 para desafogar as emergências do país as UPAs, Unidades de Pronto-Atendimento, começam a acusar os sintomas.
Globo Repórter: O que não tem hoje?
Enfermeira: pediatra.
Globo Repórter: por que que não veio? Faltou?
Enfermeira: é.
Globo Repórter: se vier criança aqui?
Enfermeira: manda embora.
“Aqui é melhor, mesmo demorando. Você espera 5 horas mas é atendido”, diz uma mulher.
Globo Repórter: tá demorando muito pra atender clínico hoje?
Enfermeira: bem demorado. tem gente de 9h30 ainda
Globo Repórter: 9h30? São 14h30. Tá faltando médico?
Enfermeira: não, tá muito cheio mesmo
Enfermeira: não tem pediatra. Só tem clínico.
Enfermeiro: foi para o Getúlio a pediatria da gente. A gente atende a clínica adulto deles e eles atendem a pediatria
Quando uma unidade de emergência, como a UPA está ligada a um hospital e posto de saúde, o paciente certamente sai ganhando, mas casos como o do bairro do Jaguaré em São Paulo são raros. Lá o posto se chama UBS e a emergência é atendida na AMA que fica no prédio ao lado.
Silvio Romero, gerente da UBS Jaguaré: Atendimento de maior gravidade na AMA, automaticamente é passado o caso para os médicos da UBS ou do PSF pra que eles entendam em que momento o paciente passou e qual foi o estado agudo, pra que eles possam dar continuidade no tratamento e entender a saúde do paciente
Globo Repórter: quando não tinha essa conversa?
Silvio Romero: o paciente voltava várias vezes, retornava sempre no AMA.
A dificuldade de conseguir diagnóstico e tratamento fica ainda maior quando as filas gigantes e as confusões homéricas começam na tentativa de marcar uma consulta.
Em Salvador, passar pelo médico é como ganhar na loteria.
“É da sorte, da pessoa chegar e tá aberta a vaga”, diz uma mulher.
“A gente abre isso aqui e não sabe o que tem. Ninguém que trabalha aqui sabe o que vai encontrar. Não dá nem pra dizer, venha amanhã. A gente não sabe. Pode amanhã a gente chegar aqui e encontrar 50 consultas. É o mesmo em todas as unidades”, afirma outra mulher.
Pacientes falam da dificuldade para marcar uma consulta e mostram que levam lençol e toalha para a fila. Isso para marcar uma consulta. Confira no vídeo.
“Nós passamos a ofertar cerca de um milhão de exames especializados. Pra atender a demanda que nós temos hoje nos postos de saúde e com a população referenciada, nós precisávamos atender pelo menos 2 vezes mais”, afirma José Antônio Rodrigues, secretário de saúde de Salvador.
E dormir na fila não é sacrifício só de baianos.
“Nós temos um dia no mês pra marcar consulta. Não é para consultar, é para marcar. E os outros 29 dias, o que que eles fazem aí? E nós não podemos usar outro posto porque nós moramos aqui”, afirma uma mulher, na fila do UBS Luciano Rodrigues Costa, em Osasco, SP.
Globo Repórter: o pessoal diz que depois não consegue o exame, pra ter um diagnóstico se demora 6 meses, 1 ano?
Margareth Rodrigues, chefe da UBS: não. Sinto muito. Isso é o que a população tá falando. Não demora.
A chefe do posto diz que tudo isso vai mudar com a chegada de duas médicas cubanas. Mas não há nada que justifique sistemas tão ruins de marcação de consultas.
“Eu acho uma vergonha. Tenho até vergonha de ser brasileira”, ressalta uma senhora.
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