MANUELA TEIXEIRA | PIONEIRO
FILAS SEM FIM. A espera agonizante por cirurgias no SUS
Pacientes aguardam até um ano por procedimentos em Caxias do Sul
Quem conheceu Arceno Corrêa não encontra mais a mesma vitalidade no aposentado de Caxias do Sul que, mesmo com 73 anos, fazia comida, limpava a casa, cuidava da horta e da mulher, vítima de um AVC que a deixou com parte do corpo paralisado. Assim como ele, milhares de pessoas têm a expectativa de ver o seu nome vencer a lista conhecida entre os pacientes como a “fila da morte”.
Há mais de um ano, Arceno aguarda a marcação de uma cirurgia pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Em 2012, procurou o posto de saúde do bairro Cruzeiro, onde mora, pela primeira vez. Consultou um traumatologista e, em fevereiro de 2013, veio o resultado dos primeiros exames que, segundo o filho Adilson, teriam apontado para uma inflamação que rompe as fibras e nervos do braço e pode levar à perda de movimento. A cirurgia no antebraço foi recomendada.
– Me disseram para ficar em casa, que ligariam do posto de saúde para agendá-la, mas nunca entraram em contato – conta Arceno.
Cidade referência na região sofre com a grande procura
Enquanto aguarda, ele precisa de injeções de calmantes e anti-inflamatórios para conter a dor. Usa uma tipoia improvisada com um lençol. À família, a ouvidoria da Secretaria de Saúde teria informado que em 2014 seriam feitas as cirurgias agendadas para o final de 2012.
O exemplo de Arceno é semelhante ao de dezenas de pessoas que enfrentam a longa fila na região. Caxias do Sul paga o preço por ser referência em saúde pública para 1,1 milhão de habitantes de 49 municípios da Serra.
A Secretaria de Saúde, com a justificativa de que faz uma recontagem, não divulgou o tamanho da lista de espera. Sabe-se que, em outubro de 2011, mais de mil pessoas aguardavam por procedimentos em 11 especialidades.
– Não é que não se queira fazer, mas não há capacidade instalada em leitos, profissionais, cirurgiões e anestesistas para atender 49 municípios. Eles se habituaram a trazer a demanda para cá – justifica a secretária Dilma Tessari.
Traumato-ortopedia tem a situação mais crítica
A secretária da Saúde Dilma Tessari admite que a traumato-ortopedia é o grande gargalo das filas por cirurgia. A alternativa encontrada para reduzir o problema foi um pacto, em 2013, entre as Comissões Intergestores Regionais, para a redistribuição dos procedimentos de média complexidade entre hospitais da região.
A finalidade é desafogar Caxias do Sul e concentrar na cidade procedimentos de alta complexidade, que representam 20% do total das cirurgias feitas.
A traumato-ortopedia é que tem maior tempo de espera e também o maior número de pacientes na fila. Uma cirurgia de joelho, por exemplo, pode levar até 11 meses para ser autorizada.
FILAS SEM FIM. A espera agonizante por cirurgias no SUS
Pacientes aguardam até um ano por procedimentos em Caxias do Sul
Quem conheceu Arceno Corrêa não encontra mais a mesma vitalidade no aposentado de Caxias do Sul que, mesmo com 73 anos, fazia comida, limpava a casa, cuidava da horta e da mulher, vítima de um AVC que a deixou com parte do corpo paralisado. Assim como ele, milhares de pessoas têm a expectativa de ver o seu nome vencer a lista conhecida entre os pacientes como a “fila da morte”.
Há mais de um ano, Arceno aguarda a marcação de uma cirurgia pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Em 2012, procurou o posto de saúde do bairro Cruzeiro, onde mora, pela primeira vez. Consultou um traumatologista e, em fevereiro de 2013, veio o resultado dos primeiros exames que, segundo o filho Adilson, teriam apontado para uma inflamação que rompe as fibras e nervos do braço e pode levar à perda de movimento. A cirurgia no antebraço foi recomendada.
– Me disseram para ficar em casa, que ligariam do posto de saúde para agendá-la, mas nunca entraram em contato – conta Arceno.
Cidade referência na região sofre com a grande procura
Enquanto aguarda, ele precisa de injeções de calmantes e anti-inflamatórios para conter a dor. Usa uma tipoia improvisada com um lençol. À família, a ouvidoria da Secretaria de Saúde teria informado que em 2014 seriam feitas as cirurgias agendadas para o final de 2012.
O exemplo de Arceno é semelhante ao de dezenas de pessoas que enfrentam a longa fila na região. Caxias do Sul paga o preço por ser referência em saúde pública para 1,1 milhão de habitantes de 49 municípios da Serra.
A Secretaria de Saúde, com a justificativa de que faz uma recontagem, não divulgou o tamanho da lista de espera. Sabe-se que, em outubro de 2011, mais de mil pessoas aguardavam por procedimentos em 11 especialidades.
– Não é que não se queira fazer, mas não há capacidade instalada em leitos, profissionais, cirurgiões e anestesistas para atender 49 municípios. Eles se habituaram a trazer a demanda para cá – justifica a secretária Dilma Tessari.
Traumato-ortopedia tem a situação mais crítica
A secretária da Saúde Dilma Tessari admite que a traumato-ortopedia é o grande gargalo das filas por cirurgia. A alternativa encontrada para reduzir o problema foi um pacto, em 2013, entre as Comissões Intergestores Regionais, para a redistribuição dos procedimentos de média complexidade entre hospitais da região.
A finalidade é desafogar Caxias do Sul e concentrar na cidade procedimentos de alta complexidade, que representam 20% do total das cirurgias feitas.
A traumato-ortopedia é que tem maior tempo de espera e também o maior número de pacientes na fila. Uma cirurgia de joelho, por exemplo, pode levar até 11 meses para ser autorizada.
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