LETÍCIA DUARTE E TAÍS SEIBT
SAÚDE. Prevenção ao HPV. Uma vacina em discussão
Esperança e questionamentos marcam a inclusão do Brasil, a partir da próxima segunda-feira, no crescente clube de países que estão adotando a vacinação maciça de meninas como forma de prevenir o HPV. Somente no Rio Grande do Sul, a meta é imunizar 258 mil garotas de 11 a 13 anos contra o vírus causador do câncer de colo de útero, o terceiro mais frequente no país.
A estratégia é imunizar antes do início da vida sexual, como prevenção. Para facilitar o acesso, as injeções serão aplicadas nas escolas das redes pública e privada, em calendário que se estende até 10 de abril. Até agora, as doses só estavam disponíveis em laboratórios privados, por cerca de R$ 300 a aplicação (a recomendação tradicional é de três doses). Apesar do alto custo, a procura pela vacina em clínicas particulares é grande. Em uma da Capital, a imunização de HPV representa 50% do total de vacinas aplicadas mensalmente, abrangendo pessoas de nove a 50 anos.
Ao mesmo tempo em que é aprovada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), saudada por pesquisadores e adotada em países como Canadá, Estados Unidos, México e Austrália, a vacinação sofre críticas. Relatos de efeitos colaterais adversos, como infertilidade e falência ovariana, chegaram a provocar a suspensão da vacina em países como o Japão. Além disso, a vacina só protege contra quatro tipos de HPV, enquanto existem mais de cem deles.
No Brasil, uma instituição que se posicionou contra a estratégia foi a Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC), que divulgou carta questionando o procedimento e afirmando que a vacina “expõe adolescentes a risco de supermedicação desnecessária”.
– Não há evidências de que a vacinação seja mais eficaz do que a estratégia atual, por meio do Papanicolau – preocupa-se o diretor da Sociedade, Ademir Lopes.
Os argumentos são contestados por um pioneiro da pesquisa sobre HPV no país, o professor de ginecologia da UFRGS Paulo Naud, consultor da OMS.
– A vacina tem se mostrado segura e eficaz. Agora a mulher tem a chance de ter uma vacina contra uma doença que é um problema de saúde pública – entusiasma-se.
A importância da prevenção é reforçada pela secretária estadual da Saúde, Sandra Fagundes. Ela lembra que a vacina não dispensa realização de outros exames preventivos:
– A vacina foi adotada pela rede pública porque está comprovado que previne o HPV. Entre os efeitos adversos e o grau de proteção, é muito maior o grau de proteção.
Com a iniciativa deflagrada na próxima semana, o país vai difundir uma prática já adotada no município de Farroupilha desde o ano passado. A cidade da Serra foi precursora ao oferecer a vacina em todas as escolas, para meninos e meninas de 12 e 13 anos. A campanha, que começou nas aulas de biologia e em palestras para os pais, atingiu 90% de cobertura. Não houve caso de reação adversa.
– Com o trabalho feito antes, as pessoas entenderam a importância da vacina – diz a coordenadora operacional da Secretaria da Saúde de Farroupilha, Tatiane Crippa.
Embora o tratamento convencional preveja a administração das três doses num intervalo de seis meses, na rede pública o cronograma será diferente: a segunda dose será aplicada num intervalo de seis meses, e a terceira, daqui a cinco anos. Segundo Rosana Richtmann, da Sociedade Brasileira de Infectologia, o Brasil fez essa opção seguindo pareceres da Organização Panamericana de Saúde. Estudos indicaram que a resposta imunológica das adolescentes que receberam as duas primeiras doses é semelhante à das que receberam três. Suíça, Colômbia, Canadá e México seguem o mesmo calendário adotado pelo SUS.
Apesar da oferta feita pela rede pública nas escolas, ninguém será obrigado a imunizar-se. Pais que não quiserem vacinar suas filhas poderão assinar um termo de recusa.
5,2 milhões é o número da população feminina de 11 a 13 anos estimado pelo Ministério da Saúde como público-alvo da campanha de vacinação no Brasil
80% é a meta de vacinação esperada para 2014
258 mil é o número de meninas-alvo da vacina no Rio Grande do Sul em 2014
3º é o lugar ocupado pelo câncer de colo de útero entre a população feminina do país, atrás do câncer de mama e do colorretal, e a quarta causa de morte de mulheres por câncer no Brasil
SAÚDE. Prevenção ao HPV. Uma vacina em discussão
Esperança e questionamentos marcam a inclusão do Brasil, a partir da próxima segunda-feira, no crescente clube de países que estão adotando a vacinação maciça de meninas como forma de prevenir o HPV. Somente no Rio Grande do Sul, a meta é imunizar 258 mil garotas de 11 a 13 anos contra o vírus causador do câncer de colo de útero, o terceiro mais frequente no país.
A estratégia é imunizar antes do início da vida sexual, como prevenção. Para facilitar o acesso, as injeções serão aplicadas nas escolas das redes pública e privada, em calendário que se estende até 10 de abril. Até agora, as doses só estavam disponíveis em laboratórios privados, por cerca de R$ 300 a aplicação (a recomendação tradicional é de três doses). Apesar do alto custo, a procura pela vacina em clínicas particulares é grande. Em uma da Capital, a imunização de HPV representa 50% do total de vacinas aplicadas mensalmente, abrangendo pessoas de nove a 50 anos.
Ao mesmo tempo em que é aprovada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), saudada por pesquisadores e adotada em países como Canadá, Estados Unidos, México e Austrália, a vacinação sofre críticas. Relatos de efeitos colaterais adversos, como infertilidade e falência ovariana, chegaram a provocar a suspensão da vacina em países como o Japão. Além disso, a vacina só protege contra quatro tipos de HPV, enquanto existem mais de cem deles.
No Brasil, uma instituição que se posicionou contra a estratégia foi a Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC), que divulgou carta questionando o procedimento e afirmando que a vacina “expõe adolescentes a risco de supermedicação desnecessária”.
– Não há evidências de que a vacinação seja mais eficaz do que a estratégia atual, por meio do Papanicolau – preocupa-se o diretor da Sociedade, Ademir Lopes.
Os argumentos são contestados por um pioneiro da pesquisa sobre HPV no país, o professor de ginecologia da UFRGS Paulo Naud, consultor da OMS.
– A vacina tem se mostrado segura e eficaz. Agora a mulher tem a chance de ter uma vacina contra uma doença que é um problema de saúde pública – entusiasma-se.
A importância da prevenção é reforçada pela secretária estadual da Saúde, Sandra Fagundes. Ela lembra que a vacina não dispensa realização de outros exames preventivos:
– A vacina foi adotada pela rede pública porque está comprovado que previne o HPV. Entre os efeitos adversos e o grau de proteção, é muito maior o grau de proteção.
Com a iniciativa deflagrada na próxima semana, o país vai difundir uma prática já adotada no município de Farroupilha desde o ano passado. A cidade da Serra foi precursora ao oferecer a vacina em todas as escolas, para meninos e meninas de 12 e 13 anos. A campanha, que começou nas aulas de biologia e em palestras para os pais, atingiu 90% de cobertura. Não houve caso de reação adversa.
– Com o trabalho feito antes, as pessoas entenderam a importância da vacina – diz a coordenadora operacional da Secretaria da Saúde de Farroupilha, Tatiane Crippa.
Embora o tratamento convencional preveja a administração das três doses num intervalo de seis meses, na rede pública o cronograma será diferente: a segunda dose será aplicada num intervalo de seis meses, e a terceira, daqui a cinco anos. Segundo Rosana Richtmann, da Sociedade Brasileira de Infectologia, o Brasil fez essa opção seguindo pareceres da Organização Panamericana de Saúde. Estudos indicaram que a resposta imunológica das adolescentes que receberam as duas primeiras doses é semelhante à das que receberam três. Suíça, Colômbia, Canadá e México seguem o mesmo calendário adotado pelo SUS.
Apesar da oferta feita pela rede pública nas escolas, ninguém será obrigado a imunizar-se. Pais que não quiserem vacinar suas filhas poderão assinar um termo de recusa.
5,2 milhões é o número da população feminina de 11 a 13 anos estimado pelo Ministério da Saúde como público-alvo da campanha de vacinação no Brasil
80% é a meta de vacinação esperada para 2014
258 mil é o número de meninas-alvo da vacina no Rio Grande do Sul em 2014
3º é o lugar ocupado pelo câncer de colo de útero entre a população feminina do país, atrás do câncer de mama e do colorretal, e a quarta causa de morte de mulheres por câncer no Brasil
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