ARTIGOS
por Osmar Terra*
Todos os anos, morrem pela gripe A (H1N1), no Rio Grande do Sul, pessoas que não deveriam morrer. Neste tipo de doença, quanto maior prevenção com vacinação, menor número de vítimas. Mas o Ministério da Saúde está vacinando menos do que deveria.
Vivi, como secretário de Saúde do Estado, o primeiro surto desta gripe, em 2009. Ainda não existia a vacina. Foi terrível. De um dia para outro, centenas de pes- soas começaram a entrar em insuficiência respiratória, e uma parcela delas morreu. As UTIs ficaram superlotadas. Milhares buscavam atendimento com sintomas da doença. As emergências entraram em colapso. A população ficou à beira do pânico.
Tivemos que agir rapidamente. Em poucos dias, ampliamos os leitos de UTI, os maiores hospitais colocaram tendas na frente das emergências e se estendeu o horário dos postos de saúde. O Tamiflu, divulgado como eficaz no tratamento (agora colocado em dúvida por pesquisas), foi distribuído em todos os municípios.
Pouco restava fazer, além de tentar manter os doen- tes vivos até que suas defesas vencessem o vírus causador do mal. Foram cerca de 300 mortes. As principais vítimas foram obesos e gestantes, mas a gripe atingiu grande número de pessoas, fora de qualquer grupo específico.
Em 2010, surgiu a vacina e com ela veio a orientação do ministério de vacinar apenas determinados “grupos de risco”, o que representava menos de 20% da população do Estado. O motivo era seu custo e a justificativa técnica de que imunizando os mais vulneráveis evitaríamos as mortes.
Na época, argumentei fortemente ao ministro da Saúde que havíamos tido muitos óbitos fora dos “grupos de risco”. Portanto, deveríamos vacinar toda a população. Depois de muito debate, inclusive através da Rádio Gaúcha, o ministro voltou atrás e ampliou o chamado “grupo de risco”, para um número que chegava a quase 50% da população. O resultado foi que a vacina se mostrou muito eficaz e em 2010 não foi registrado um só caso de gripe A no RS.
Em 2011, voltou o discurso de “grupos de risco” mais restritos, e só foram fornecidas ao Estado vacinas para 20% da população (o efeito da vacina dura ao redor de um ano). Naquele ano, voltaram a ocorrer óbitos. O mesmo aconteceu nos anos seguintes e, em 2013, ao redor de 60 pessoas morreram por gripe A no RS. 2014 vai repetir a cobertura que atingirá, no máximo, 30% da população. Assim, a experiência mostra que voltarão a morrer gaúchos por falta de acesso à vacina.
A pergunta que fica é: por que não seguir o critério da vacinação de 2010, que preveniu a doença e as mortes no Estado? Quero crer que não seja por economia. E se for por critério técnico da Vigilância Nacional, a própria constatação vivida no Rio Grande já se encarregou de derrubá-lo.
Gostaria muito de ser desmentido pelos fatos, mas, se o Ministério da Saúde não ampliar a vacinação, novas mortes evitáveis voltarão ocorrer em 2014. Que, pelo menos, fique registrado esse grito de alerta.
Todos os anos, morrem pela gripe A (H1N1), no Rio Grande do Sul, pessoas que não deveriam morrer. Neste tipo de doença, quanto maior prevenção com vacinação, menor número de vítimas. Mas o Ministério da Saúde está vacinando menos do que deveria.
Vivi, como secretário de Saúde do Estado, o primeiro surto desta gripe, em 2009. Ainda não existia a vacina. Foi terrível. De um dia para outro, centenas de pes- soas começaram a entrar em insuficiência respiratória, e uma parcela delas morreu. As UTIs ficaram superlotadas. Milhares buscavam atendimento com sintomas da doença. As emergências entraram em colapso. A população ficou à beira do pânico.
Tivemos que agir rapidamente. Em poucos dias, ampliamos os leitos de UTI, os maiores hospitais colocaram tendas na frente das emergências e se estendeu o horário dos postos de saúde. O Tamiflu, divulgado como eficaz no tratamento (agora colocado em dúvida por pesquisas), foi distribuído em todos os municípios.
Pouco restava fazer, além de tentar manter os doen- tes vivos até que suas defesas vencessem o vírus causador do mal. Foram cerca de 300 mortes. As principais vítimas foram obesos e gestantes, mas a gripe atingiu grande número de pessoas, fora de qualquer grupo específico.
Em 2010, surgiu a vacina e com ela veio a orientação do ministério de vacinar apenas determinados “grupos de risco”, o que representava menos de 20% da população do Estado. O motivo era seu custo e a justificativa técnica de que imunizando os mais vulneráveis evitaríamos as mortes.
Na época, argumentei fortemente ao ministro da Saúde que havíamos tido muitos óbitos fora dos “grupos de risco”. Portanto, deveríamos vacinar toda a população. Depois de muito debate, inclusive através da Rádio Gaúcha, o ministro voltou atrás e ampliou o chamado “grupo de risco”, para um número que chegava a quase 50% da população. O resultado foi que a vacina se mostrou muito eficaz e em 2010 não foi registrado um só caso de gripe A no RS.
Em 2011, voltou o discurso de “grupos de risco” mais restritos, e só foram fornecidas ao Estado vacinas para 20% da população (o efeito da vacina dura ao redor de um ano). Naquele ano, voltaram a ocorrer óbitos. O mesmo aconteceu nos anos seguintes e, em 2013, ao redor de 60 pessoas morreram por gripe A no RS. 2014 vai repetir a cobertura que atingirá, no máximo, 30% da população. Assim, a experiência mostra que voltarão a morrer gaúchos por falta de acesso à vacina.
A pergunta que fica é: por que não seguir o critério da vacinação de 2010, que preveniu a doença e as mortes no Estado? Quero crer que não seja por economia. E se for por critério técnico da Vigilância Nacional, a própria constatação vivida no Rio Grande já se encarregou de derrubá-lo.
Gostaria muito de ser desmentido pelos fatos, mas, se o Ministério da Saúde não ampliar a vacinação, novas mortes evitáveis voltarão ocorrer em 2014. Que, pelo menos, fique registrado esse grito de alerta.
*DEPUTADO FEDERAL (PMDB-RS), EX-SECRETÁRIO ESTADUAL DA SAÚDE
Nenhum comentário:
Postar um comentário