Edson Prado Machado
Todos concordamos que faltam médicos nas regiões inóspitas e periféricas das grandes cidades. Todos concordamos que faltam condições estruturais dos equipamentos públicos. Concordamos também que faltam leitos, vagas de UTIs, acesso a exames de laboratório e de imagem, faltam recursos para transporte especializado de pacientes e falta acesso aos serviços de urgência e emergência em qualquer cidade do País, seja nos sertões, seja nas capitais. Sabemos também que falta governo na União, nos estados e nos municípios. Sabemos que falta financiamento para a saúde, que falta gestão, que falta vontade política e que falta, sobretudo, responsabilidade para com a saúde pública.
Sabemos que, em contrapartida, sobram ao governo desculpas e desfaçatez. Sobram descompromissos e mentiras. Sobram, sobretudo, escárnio e manipulação política. Sabemos que, ao ser questionado nas ruas, o governo saiu pela tangente e ludibriou a nação, oferecendo contas e espelhos, quando pedíamos consistências e políticas. Acabou por investir o que dizia não ter, apenas para fazer propaganda do que não vai fazer. Se faltam, e faltam médicos no interior porque estão mal-distribuídos, basta selecionar e contratar regularmente através de concurso público. Ao contrário, de forma eleitoreira, criam programas irresponsáveis.
O Programa Mais Médicos nasceu com uma sobrevida reservada, fruto de uma concepção falha e inconsistente. O governo pretende suprir as vagas de médicos nos rincões e periferias com profissionais ou que estão à margem do mercado de trabalho por inconsistência técnica, ou por nacionais e ou estrangeiros que ao arrepio da lei não precisarão se submeter a ela.
Por fim, enquanto os embustes se sucedem, o Judiciário e o Ministério Público, supostos alicerces da legalidade, olham de soslaio, indiferentes aos contraventores oficiais, eximindo-se de sua responsabilidade de garantir a legalidade e a segurança jurídica da nação.
Médico
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