JORNAL EXTRA 11/06/2014 09:21:43
ATHOS MOURA
Mulher morre na UPA de Madureira e testemunhas alegam omissão de socorro. Delegada adjunta da 29ª DP instaurou inquérito por desacato e homicídio culposo, para investigar uma possível responsabilidade do médico na morte da vítima
Luiza da Penha Cabral Baptista, de 68 anos, morreu na noite de terça na UPA de Madureira. A família alega que houve omissão de socorro dos médicos da unidadeFoto: Uanderson Fernandes / Agência O Dia
Rio - Uma idosa de 68 anos morreu na noite desta terça-feira, na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Madureira, na Zona Norte. Familiares e testemunhas acusam um médico da unidade de omissão de socorro, após Luiza da Penha Cabral Baptista sofrer um enfarto dentro de um ônibus. O grupo alega que o médico de plantão apenas observou a paciente e disse que ela não iria resistir. Eles registram uma ocorrência na 29ªDP (Madureira) por desacato e omissão culposa. Há 36 dias, o marido da vítima também havia morrido na mesma unidade de saúde.
Luiza estava num ônibus com uma amiga, indo para Vila Valqueire, onde morava, quando se sentiu mal. De acordo com a cuidadora de idosos Regina Moraes do Nascimento, de 60 anos, a senhora lhe pediu ajuda. "Ela disse para eu ajudá-la, senão iria morrer", recordou.
Regina foi a primeira a ligar para o Samu para pedir socorro. Segundo contou, o trânsito na região estava engarrafado e pediu ajuda aos outros moradores da rua para ajudarem a abrir caminho para que a ambulância passasse. A jornalista Cristiane Pepe, que estava em outro ônibus, desceu e ajudou no socorro. Elas contaram que um dos bombeiros chegou a pé ao local onde Luiza estava porque a ambulância não conseguia chegar.
"Ele fez os primeiros socorros e reanimou a senhora. Eu senti o pulso dela pelo pescoço e ela disse que sentiu pela virilha", contou a jornalista.
A equipe, formada por dois enfermeiros, encaminhou a Luiza para a UPA de Madureira, a unidade de saúde mais próxima. Segundo um dos bombeiros, eles entraram pelos fundos e se encaminharam para a sala vermelha, que é para emergências graves. O bombeiro disse ainda que o médico não prestou socorro, então lhe pediu autorização para lhe aplicar adrenalina, um medicamento que acelera os batimentos cardíacos.
"Ele disse que eu poderia fazer, mas que não adiantaria porque ela não iria resistir. Ele mesmo sequer calçou luvas", disse o bombeiro.
Cristiane Pepe também entrou na sala vermelha, mas saiu a pedido do médico. De acordo com ela, menos de dois minutos depois dela sair da sala, o médico saiu e alegou que Luiza tinha entrado em óbito. Após questionar sobre os procedimentos, por causa do tempo, ela ficou sem resposta. Apenas o ouviu xingando o bombeiro.
Marido também morreu na UPA
O filho de Luiza, o mecânico de manutenção Marcos Aurélio Cabral dos Santos, de 51 anos, contou que ainda não sabe o que aconteceu. Ele disse que os bombeiros fazem uma alegação enquanto o médico diz outra versão. Marcos e as duas irmãs não tiveram tempo de se recuperar da morte do marido de Luiza, o aposentado Damião Teixeira da Costa, de 63 anos, que também faleceu de enfarto na mesma UPA há 36 dias, e se veem novamente na mesma situação.
"Os bombeiros falaram que o médico não quis atender. O médico conversou comigo e disse que ela já chegou aqui morta", contou.
O marido de Luiza da Penha Cabral Baptista também morreu neste ano na mesma unidade de saúdeFoto: Uanderson Fernandes / Agência O Dia
Segundo Marcos contou, o marido de sua mãe passou mal em casa e foi socorrido por um genro. Ele chegou com vida a UPA, mas não resistiu. Porém, ele alega que Damião recebeu atendimento. "Ele foi atendido. Mas os dois morrerem na mesma UPA e do mesmo problema é muito estranho".
Um dos bombeiros e o médico de plantão já haviam se desentendido. O militar trabalhou por pouco mais de três anos na unidade e foi demitido por justa causa. Segundo contou, ele fez denúncias sobre o mau funcionamento da UPA e irregularidades, e por isso acabou sendo afastado. O cabo contou que médicos eram buscados em casa de ambulância enquanto pacientes esperavam por remoções, por exemplo. Já o médico, disse a família de Luiza, que o bombeiro queria prejudicá-lo.
A delegada adjunta da 29ªDP, Ana Carolina Medeiros, contou que instaurou um inquérito por desacato e homicídio culposo, para investigar uma possível responsabilidade do médico na morte da vítima. Ela contou que todos os envolvidos já foram ouvidos. O médico prestou depoimento informal na UPA e irá à delegacia prestar uma declaração.
Segundo a delegada, a escala de plantão já está na delegacia e todos os funcionários também serão intimados a prestar depoimento. Ela também irá pedir as imagens do circuito de segurança da sala vermelha para pode averiguar o que de fato aconteceu e ver se o médico dedicou algum tempo hábil ao socorro de Luiza.
Mulher morre na UPA de Madureira e testemunhas alegam omissão de socorro. Delegada adjunta da 29ª DP instaurou inquérito por desacato e homicídio culposo, para investigar uma possível responsabilidade do médico na morte da vítima
Luiza da Penha Cabral Baptista, de 68 anos, morreu na noite de terça na UPA de Madureira. A família alega que houve omissão de socorro dos médicos da unidadeFoto: Uanderson Fernandes / Agência O Dia
Rio - Uma idosa de 68 anos morreu na noite desta terça-feira, na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Madureira, na Zona Norte. Familiares e testemunhas acusam um médico da unidade de omissão de socorro, após Luiza da Penha Cabral Baptista sofrer um enfarto dentro de um ônibus. O grupo alega que o médico de plantão apenas observou a paciente e disse que ela não iria resistir. Eles registram uma ocorrência na 29ªDP (Madureira) por desacato e omissão culposa. Há 36 dias, o marido da vítima também havia morrido na mesma unidade de saúde.
Luiza estava num ônibus com uma amiga, indo para Vila Valqueire, onde morava, quando se sentiu mal. De acordo com a cuidadora de idosos Regina Moraes do Nascimento, de 60 anos, a senhora lhe pediu ajuda. "Ela disse para eu ajudá-la, senão iria morrer", recordou.
Regina foi a primeira a ligar para o Samu para pedir socorro. Segundo contou, o trânsito na região estava engarrafado e pediu ajuda aos outros moradores da rua para ajudarem a abrir caminho para que a ambulância passasse. A jornalista Cristiane Pepe, que estava em outro ônibus, desceu e ajudou no socorro. Elas contaram que um dos bombeiros chegou a pé ao local onde Luiza estava porque a ambulância não conseguia chegar.
"Ele fez os primeiros socorros e reanimou a senhora. Eu senti o pulso dela pelo pescoço e ela disse que sentiu pela virilha", contou a jornalista.
A equipe, formada por dois enfermeiros, encaminhou a Luiza para a UPA de Madureira, a unidade de saúde mais próxima. Segundo um dos bombeiros, eles entraram pelos fundos e se encaminharam para a sala vermelha, que é para emergências graves. O bombeiro disse ainda que o médico não prestou socorro, então lhe pediu autorização para lhe aplicar adrenalina, um medicamento que acelera os batimentos cardíacos.
"Ele disse que eu poderia fazer, mas que não adiantaria porque ela não iria resistir. Ele mesmo sequer calçou luvas", disse o bombeiro.
Cristiane Pepe também entrou na sala vermelha, mas saiu a pedido do médico. De acordo com ela, menos de dois minutos depois dela sair da sala, o médico saiu e alegou que Luiza tinha entrado em óbito. Após questionar sobre os procedimentos, por causa do tempo, ela ficou sem resposta. Apenas o ouviu xingando o bombeiro.
Marido também morreu na UPA
O filho de Luiza, o mecânico de manutenção Marcos Aurélio Cabral dos Santos, de 51 anos, contou que ainda não sabe o que aconteceu. Ele disse que os bombeiros fazem uma alegação enquanto o médico diz outra versão. Marcos e as duas irmãs não tiveram tempo de se recuperar da morte do marido de Luiza, o aposentado Damião Teixeira da Costa, de 63 anos, que também faleceu de enfarto na mesma UPA há 36 dias, e se veem novamente na mesma situação.
"Os bombeiros falaram que o médico não quis atender. O médico conversou comigo e disse que ela já chegou aqui morta", contou.
O marido de Luiza da Penha Cabral Baptista também morreu neste ano na mesma unidade de saúdeFoto: Uanderson Fernandes / Agência O Dia
Segundo Marcos contou, o marido de sua mãe passou mal em casa e foi socorrido por um genro. Ele chegou com vida a UPA, mas não resistiu. Porém, ele alega que Damião recebeu atendimento. "Ele foi atendido. Mas os dois morrerem na mesma UPA e do mesmo problema é muito estranho".
Um dos bombeiros e o médico de plantão já haviam se desentendido. O militar trabalhou por pouco mais de três anos na unidade e foi demitido por justa causa. Segundo contou, ele fez denúncias sobre o mau funcionamento da UPA e irregularidades, e por isso acabou sendo afastado. O cabo contou que médicos eram buscados em casa de ambulância enquanto pacientes esperavam por remoções, por exemplo. Já o médico, disse a família de Luiza, que o bombeiro queria prejudicá-lo.
A delegada adjunta da 29ªDP, Ana Carolina Medeiros, contou que instaurou um inquérito por desacato e homicídio culposo, para investigar uma possível responsabilidade do médico na morte da vítima. Ela contou que todos os envolvidos já foram ouvidos. O médico prestou depoimento informal na UPA e irá à delegacia prestar uma declaração.
Segundo a delegada, a escala de plantão já está na delegacia e todos os funcionários também serão intimados a prestar depoimento. Ela também irá pedir as imagens do circuito de segurança da sala vermelha para pode averiguar o que de fato aconteceu e ver se o médico dedicou algum tempo hábil ao socorro de Luiza.
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