GLOBO TV, FANTÁSTICO, Edição do dia 17/08/2014
Morte de Robin Williams levanta discussão sobre depressão no humor. Estudo reúne comediantes e conclui que metade têm potencial depressivo. Irmão de Fausto Fanti, artistas e psiquiatras falam sobre as dificuldades.
No começo da semana, a notícia da morte do ator Robin Williams, aos 63 anos, pegou todo mundo de surpresa. E muita gente se perguntou: como um mestre da comédia, que chegou a ser considerado o homem mais engraçado do planeta, foi capaz de tirar a própria vida? A resposta pode estar em um estudo feito na Inglaterra.
Por que um ator que durante toda a carreira fez as pessoas rirem chegou ao ponto de se matar? Robin Williams foi encontrado morto em casa. Ele vivia um inferno particular há vários anos. Segundo a esposa, o ator havia voltado de uma temporada em uma clínica para tratamento do alcoolismo e, recentemente, tinha sido diagnosticado com o Mal de Parkinson.
“O Robin Williams tinha acho que quatro fatores de risco para suicídio: a depressão, o alcoolismo, o Parkinson e o uso de drogas. Se ele estava deprimido, se é uma pessoa predisposta à depressão, o álcool ele é um depressor do sistema nervoso central. Ele afunda mais ainda a pessoa na depressão”, diz a psiquiatra Analice Gigliotti,.
Entre 20% e 25% da população mundial têm depressão. Mas entre os comediantes e artistas, o problema é mais grave. Fazer rir, fazer chorar. O bom ator é aquele que mexe com todas essas emoções do público. No palco, ele é quem está no comando. Mas é quando a plateia vai embora que muitas vezes ele não consegue lidar com as próprias angústias.
Um estudo da Universidade Oxford publicado em janeiro com 523 comediantes mostrou que eles são mais depressivos e podem desenvolver quadros psicóticos com mais frequência do que a média da população. Metade deles mostrou ter potencial depressivo, além de tendência para a bipolaridade e mania de perseguição.
A pesquisa também mostrou que, embora os humoristas pareçam ser felizes e extrovertidos, na vida real, têm uma tendência maior a serem retraídos. É o caso de Fausto Fanti, que também se matou no mês passado.
“A gente faz essa relação, mas é uma relação meio sem nexo. Ele mesmo era um cara supertímido, super-reservado. Às vezes, era abordado na rua e ficava superconstrangido. Conheci vários outros que também são assim. Só porque o cara faz os outros rirem, não quer dizer que ele vai fazer piada para você o tempo todo, porque não é a verdade.”, conta Franco Fanti, irmão de Fausto Fanti.
“Quando você é comediante, é natural que esperem de você uma graça sempre. Eu vejo isso. Às vezes, são certas emoções assim, picos de emoções que a gente sente, mas eu acho que, ao longo da profissão, a tendência é realmente saber dividir isso.”, conta a atriz Heloísa Périssé.
“Esse momento de criação, eu estava falando com o meu terapeuta, eu comecei a fazer terapia há pouco tempo, e eu estava falando assim: ‘essa angústia me incomoda demais, é um lugar que eu não fico tranquilo, é um lugar que é inquieto’. Porque você não pode fechar a porta e falar: ‘ok, agora acabou’. Não. Porque está aqui. É fechar a sua cabeça que isso é impossível e isso é muito enlouquecedor.”, diz o humorista Rodrigo Sant'anna.
“Eu tenho depressão, eu faço terapia, eu tenho déficit de atenção. São coisas que estão aí e que a gente não precisa ficar derrubado, nem com vergonha, nem guardar dentro da nossa cabeça dramaticamente. A gente tem que enfrentar mesmo. A depressão, às vezes, o que atrapalha, ela te imobiliza, paralisa. Deixa você estagnado.”, revela o ator Otávio Müller.
Em janeiro, o Fantástico mostrou um depoimento inédito de Chico Anysio.
Nele, o ator que morreu em 2012, conta sobre a luta que travou contra a depressão.
“Se não fossem os remédios que a psiquiatria dá, se não fosse isso, eu não teria conseguido fazer 20% do que eu fiz.”, contou o humorista à época.
“A pessoa precisa de tratamento com médico especialista nisso. Isso precisa ser feito, precisa ser divulgado. Quebrar esse preconceito com depressão. Terapia, não é coisa para maluco”, defende Franco Fanti.
Em Los Angeles, um clube organiza, toda semana, uma sessão de terapia para todos os artistas que se apresentam na casa. O dono diz que resolveu fazer isso depois de três comediantes cometerem suicídio.
“Tem a figura clássica do palhaço triste, que é o homem que faz os outros rirem e, quando tira a maquiagem, ele está chorando, na verdade, ele não é feliz assim. Isso tem estudos mostrando que é verdade, que o perfil dos comediantes tem uma maior tendência a ter mais introversão, angustiados, ansiosos. E a comédia, às vezes, é até uma maneira de lidar com isso. O comediante, que é o sujeito que nos traz alegria, mas quando ele tá sozinho, ele tem aquele sofrimento, aquela angústia. E ele usa o humor até para lidar com isso”, avalia o psiquiatra Daniel Martins de Barros.
Morte de Robin Williams levanta discussão sobre depressão no humor. Estudo reúne comediantes e conclui que metade têm potencial depressivo. Irmão de Fausto Fanti, artistas e psiquiatras falam sobre as dificuldades.
No começo da semana, a notícia da morte do ator Robin Williams, aos 63 anos, pegou todo mundo de surpresa. E muita gente se perguntou: como um mestre da comédia, que chegou a ser considerado o homem mais engraçado do planeta, foi capaz de tirar a própria vida? A resposta pode estar em um estudo feito na Inglaterra.
Por que um ator que durante toda a carreira fez as pessoas rirem chegou ao ponto de se matar? Robin Williams foi encontrado morto em casa. Ele vivia um inferno particular há vários anos. Segundo a esposa, o ator havia voltado de uma temporada em uma clínica para tratamento do alcoolismo e, recentemente, tinha sido diagnosticado com o Mal de Parkinson.
“O Robin Williams tinha acho que quatro fatores de risco para suicídio: a depressão, o alcoolismo, o Parkinson e o uso de drogas. Se ele estava deprimido, se é uma pessoa predisposta à depressão, o álcool ele é um depressor do sistema nervoso central. Ele afunda mais ainda a pessoa na depressão”, diz a psiquiatra Analice Gigliotti,.
Entre 20% e 25% da população mundial têm depressão. Mas entre os comediantes e artistas, o problema é mais grave. Fazer rir, fazer chorar. O bom ator é aquele que mexe com todas essas emoções do público. No palco, ele é quem está no comando. Mas é quando a plateia vai embora que muitas vezes ele não consegue lidar com as próprias angústias.
Um estudo da Universidade Oxford publicado em janeiro com 523 comediantes mostrou que eles são mais depressivos e podem desenvolver quadros psicóticos com mais frequência do que a média da população. Metade deles mostrou ter potencial depressivo, além de tendência para a bipolaridade e mania de perseguição.
A pesquisa também mostrou que, embora os humoristas pareçam ser felizes e extrovertidos, na vida real, têm uma tendência maior a serem retraídos. É o caso de Fausto Fanti, que também se matou no mês passado.
“A gente faz essa relação, mas é uma relação meio sem nexo. Ele mesmo era um cara supertímido, super-reservado. Às vezes, era abordado na rua e ficava superconstrangido. Conheci vários outros que também são assim. Só porque o cara faz os outros rirem, não quer dizer que ele vai fazer piada para você o tempo todo, porque não é a verdade.”, conta Franco Fanti, irmão de Fausto Fanti.
“Quando você é comediante, é natural que esperem de você uma graça sempre. Eu vejo isso. Às vezes, são certas emoções assim, picos de emoções que a gente sente, mas eu acho que, ao longo da profissão, a tendência é realmente saber dividir isso.”, conta a atriz Heloísa Périssé.
“Esse momento de criação, eu estava falando com o meu terapeuta, eu comecei a fazer terapia há pouco tempo, e eu estava falando assim: ‘essa angústia me incomoda demais, é um lugar que eu não fico tranquilo, é um lugar que é inquieto’. Porque você não pode fechar a porta e falar: ‘ok, agora acabou’. Não. Porque está aqui. É fechar a sua cabeça que isso é impossível e isso é muito enlouquecedor.”, diz o humorista Rodrigo Sant'anna.
“Eu tenho depressão, eu faço terapia, eu tenho déficit de atenção. São coisas que estão aí e que a gente não precisa ficar derrubado, nem com vergonha, nem guardar dentro da nossa cabeça dramaticamente. A gente tem que enfrentar mesmo. A depressão, às vezes, o que atrapalha, ela te imobiliza, paralisa. Deixa você estagnado.”, revela o ator Otávio Müller.
Em janeiro, o Fantástico mostrou um depoimento inédito de Chico Anysio.
Nele, o ator que morreu em 2012, conta sobre a luta que travou contra a depressão.
“Se não fossem os remédios que a psiquiatria dá, se não fosse isso, eu não teria conseguido fazer 20% do que eu fiz.”, contou o humorista à época.
“A pessoa precisa de tratamento com médico especialista nisso. Isso precisa ser feito, precisa ser divulgado. Quebrar esse preconceito com depressão. Terapia, não é coisa para maluco”, defende Franco Fanti.
Em Los Angeles, um clube organiza, toda semana, uma sessão de terapia para todos os artistas que se apresentam na casa. O dono diz que resolveu fazer isso depois de três comediantes cometerem suicídio.
“Tem a figura clássica do palhaço triste, que é o homem que faz os outros rirem e, quando tira a maquiagem, ele está chorando, na verdade, ele não é feliz assim. Isso tem estudos mostrando que é verdade, que o perfil dos comediantes tem uma maior tendência a ter mais introversão, angustiados, ansiosos. E a comédia, às vezes, é até uma maneira de lidar com isso. O comediante, que é o sujeito que nos traz alegria, mas quando ele tá sozinho, ele tem aquele sofrimento, aquela angústia. E ele usa o humor até para lidar com isso”, avalia o psiquiatra Daniel Martins de Barros.
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