A verdadeira covardia contra a Saúde do Rio - Raquel Vasques, O GLOBO, 18/11/2010 às 18h59m; Artigo da leitora
Há muito sendo discutido e escrito sobre o caos na saúde, como a falta de vagas em CTIs e a incapacidade de diagnosticar por parte de alguns médicos. Devemos ter em mente que isto não é apenas incompetência dos nossos governantes, é também uma violência. Uma violência estrutural.
Muitas pessoas só descobrem que têm hipertensão quando já estão gravemente acometidas ou que são diabéticas quando estão prestes a amputar um membro. Tudo isso poderia ser evitado se possuíssemos, nos municípios do Estado do Rio, de fato, atenção básica, campanhas para a detecção destes males e acompanhamento efetivo.
Outro fator relevante é a política de flexibilização dos vínculos e minimização dos direitos trabalhistas que acontece no Rio de Janeiro. Hoje o profissional de saúde precisa fazer vários plantões para ter um salário digno, o que significa muitas vezes que ir de um plantão ao outro, sem dormir direito, o que certamente afeta a qualidade dos atendimentos.
O que vemos hoje é uma maioria de trabalhadores cooperativados ou concursados por tempo determinado, como se em algum momento tais profissionais não fossem mais necessários. O que também abre precedente para que o profissional que está atendendo, não necessariamente, seja o mais qualificado, mas o que tem melhores contatos que o indicaram à vaga. Porém, parece que a única coisa que mobiliza e sensibiliza os políticos fluminenses é a possível perda dos royalties do petróleo, ou sediar a Copa do Mundo.
COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Os governantes deveriam saber que só se transforma a lei em direito individual e concreto com agentes públicos motivados, valorizados e trabalhando em condições dignas e pleno de recursos. O Poder Executivo é o que o Poder de Estado detém a responsabilidade constitucional de garantir, entre outros direitos, o direito à saúde, à segurança e à educação que são os mais vitais para a convivência pacífica em sociedade. E isto só se faz com amplos investimentos no potencial humano, ambulatórios, leitos e tecnologia.
No Brasil, a saúde pública é tratada com descaso, negligência e impostos altos em remédios e tudo o que faz bem à saúde. Médicos e agentes da saúde são poucos e mal pagos; As pessoas sofrem e morrem em filas, corredores de ambulatórios e postos de saúde; As perícias são demoradas e burocracia exagerada; Há falta de leitos, UTI, equipamentos, tecnologia, hospitais e postos de saúde apropriados para a demanda; A impunidade da corrupção desvia recursos e incentiva as fraudes.
sexta-feira, 19 de novembro de 2010
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