ZERO HORA, 25 de outubro de 2012 | N° 17233
EDITORIAIS
O caso de uma usuária do Sistema Único de Saúde (SUS) da Capital que há 15 meses aguarda a realização de uma biópsia solicitada com urgência para averiguar nódulos na tireoide é emblemático dos problemas da saúde pública, que banalizam a desumanidade e expõem o excesso de falhas no setor. Como esse tipo de situação não ocorre de forma isolada, a divulgação do fato precisa servir para que sejam corrigidas de vez as deformações, evitando tanta crueldade com os pacientes e o risco de mais descrédito ainda para o SUS.
O aspecto mais impressionante nesse e em outros episódios semelhantes é que, em princípio, a situação poderia ser resolvida mais facilmente apenas com um pouco mais de boa vontade, de eficiência e de respeito ao ser humano. De julho do ano passado até agora, a usuária do SUS, de 65 anos, foi encaminhada erroneamente para dois profissionais que não realizam o procedimento necessário para definir se o problema é ou não maligno e o que precisa ser feito do ponto de vista médico. A paciente precisou acordar cedo, gastar com condução e enfrentar fila, inutilmente. Na impossibilidade de ser atendida com a urgência recomendada inicialmente, vive até hoje a angústia de não saber o que tem e de não poder dar início ao tratamento.
É importante reconhecer que em muitos casos nos quais exames complexos e dispendiosos são rejeitados por convênios particulares, o SUS acaba bancando-os gratuitamente. Ainda assim, isso não autoriza o sistema a agir de forma burocrática em momentos de grande aflição para os pacientes, muito menos a fazê-los perder tempo numa fila ao final da qual a resposta será de que não é naquela, mas em outra, ainda mais longa.
Entre quem depende do SUS, de nada adiantam as reiteradas manifestações de autoridades das três instâncias da federação de que faltam recursos financeiros para melhorar a qualidade na saúde pública. Em casos como o da usuária submetida a uma longa espera, o que interessa é ser atendida no devido tempo e é isso, simplesmente, que o poder público precisa providenciar.
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