EDITORIAIS
Éexemplar, da conciliação de esforços aos resultados finais, o projeto do Hospital da Restinga e Extremo Sul, que ontem entrou em funcionamento em Porto Alegre. Uma observação parcial pode indicar que a obra é um empreendimento a ser desfrutado apenas por moradores da zona sul da Capital. Esse será o efeito imediato dos serviços. O que vai além do alcance geográfico é a inspiração oferecida pelo projeto que atenderá mais de 100 mil moradores da região. Cria-se, a partir do projeto executado sob a liderança do Hospital Moinhos de Vento, uma referência importante na área da saúde pública.
Esse é o aspecto mais importante da iniciativa. A população passa a contar com uma estrutura dedicada exclusivamente ao Sistema Único de Saúde, que geralmente é notícia quando da ocorrência de eventos negativos. O novo hospital é uma prova de que o dever constitucional pela garantia do atendimento, com acesso universal e integral, pode ser cumprido de forma compartilhada por União, Estado e município, com o suporte da tecnologia, dos recursos humanos e do desprendimento da iniciativa privada. O Hospital da Restinga passa a ser também uma referência em saúde comunitária, complementando sua missão no compromisso de que terá uma escola de gestão permanente, para formação de quadros entre os próprios moradores.
É simbólico que a inauguração aconteça em meio à Copa e numa área sob constantes críticas, pela precariedade da estrutura e do atendimento e pela irracionalidade na aplicação de recursos. Os moradores da Capital, em particular, desfrutam durante o Mundial do reforço de exceção neste e em outros serviços, como a segurança pública. E experimentam melhorias consideráveis em áreas como a da mobilidade. Mas todos sabem que essas são vantagens transitórias, viabilizadas pela prioridade ao evento.
O que deve prevalecer, encerrada a Copa do Mundo, é o esforço permanente pela concretização de ideias em defesa das demandas e do interesse público, como a que tornou possível o Hospital da Restinga, a partir da mobilização comunitária refletida na cobertura engajada da imprensa, em especial do Diário Gaúcho, que acompanhou cada passo do empreendimento. O projeto realizado tem componentes úteis aos que preservam a ambição de resolver problemas, e não de transferi-los, como ocorre com frequência quando autoridades da área federal, estadual e municipal acusam-se mutuamente por omissões, erros e até por casos de corrupção. Depois do Mundial, o país deve voltar a cobrar agilidade, determinação e transparência, em todas as áreas em que o setor público deve atuar com eficiência, e não só na saúde. É simbólico que
a inauguração
aconteça em
meio à Copa
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