CORREIO DO POVO, 15/09/2012
EDITORIAL
Quando se diz que a saúde brasileira está na UTI, parece que se está apelando a uma figura de linguagem repetida à exaustão. Contudo, infelizmente, ela é bastante atual e reflete uma situação de caos num setor tão importante para a população, um serviço primordial e de primeiríssima necessidade. O Sistema Único de Saúde (SUS) é tachado como um sistema que funciona bem no papel, mas que é ineficiente para garantir um atendimento eficaz e amplo para os pacientes.
Essa avaliação negativa recebe agora o reforço de um levantamento realizado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM). Com base nos próprios dados do Ministério da Saúde, o CFM aponta que 42 mil leitos foram desativados no SUS entre outubro de 2005 e junho de 2012. As especialidades mais atingidas foram psiquiatria (9.297 leitos a menos), pediatria (8.979 leitos a menos), obstetrícia (5.862 leitos a menos), cirurgia-geral (5.033 leitos a menos) e clínica-geral (4.912 leitos a menos). O estado com mais cortes foi o Mato Grosso do Sul (26,6%), vindo a seguir Paraíba (19,2%) e Rio de Janeiro (18%). Em números absolutos, São Paulo foi o mais prejudicado, tendo perdido 10.278 leitos.
Para o presidente do CFM, Roberto Luiz d''Ávila, grande parcela dos entraves para uma boa gestão da saúde pública passa pelo subfinanciamento do SUS e por um comprometimento real das autoridades do setor com os serviços prestados. Para ele, tornou-se comum dizer que "faltam médicos" para explicar lacunas, mas não há um conjunto de ações que melhorem a infraestrutura existente, incentivem a opção profissional dos profissionais do setor e garantam os recursos necessários.
Os relatos daqueles que precisam usar o SUS não são nada animadores. Filas, equipamentos sucateados, poucos servidores, prédios em condições precárias. Isso reflete bem o fato de a saúde não ser prioridade para os governantes. O trabalho do CFM corrobora essa análise e mostra o contraste entre o Brasil ser uma das maiores economias do mundo e um dos piores lugares para quem tiver a desventura de adoecer.
No Brasil, a saúde pública é tratada com descaso, negligência e impostos altos em remédios e tudo o que faz bem à saúde. Médicos e agentes da saúde são poucos e mal pagos; As pessoas sofrem e morrem em filas, corredores de ambulatórios e postos de saúde; As perícias são demoradas e burocracia exagerada; Há falta de leitos, UTI, equipamentos, tecnologia, hospitais e postos de saúde apropriados para a demanda; A impunidade da corrupção desvia recursos e incentiva as fraudes.
sábado, 15 de setembro de 2012
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário