EDITORIAIS
Interesses corporativos não podem, sob hipótese alguma, impedir que prosperem e tenham um bom desfecho as investigações sobre as fraudes com próteses ortopédicas no país, com ramificações no Estado. Ao contrário, para que não se repitam os resultados frustrantes de sindicâncias anteriores, motivadas pelas mesmas suspeitas, entidades médicas e de profissionais da saúde devem empenhar-se no esclarecimento de delitos que desrespeitam pacientes e provocam danos no setor público e em empresas privadas. É inconcebível que grupos com perfil de máfia atuem por tanto tempo sem que instituições de vigilância do próprio setor tenham pelo menos tentado impedir a manipulação de liminares na Justiça, superfaturamentos e conluios para pagamento de propinas a cirurgiões.
Os casos, denunciados pelo repórter Giovani Grizotti, no programa Fantástico, certamente representam exceção. Mas acabam, pelas omissões, pondo em dúvida as atividades de profissionais que não têm nenhuma relação com os crimes. Esse é um dos maiores danos dos delitos, por envolver a imagem de médicos de uma área submetida a interesses diversos, num mercado que movimenta R$ 12 bilhões anuais.
Além da polícia e do MP, cabe às entidades médicas esclarecer como os investigados atuavam em rede, desde o fabricante, passando pelo distribuidor, o médico e, em alguns casos, advogados que produziam ações falsificadas para enganar o Judiciário com pedidos de próteses desnecessárias. Crimes semelhantes já foram investigados anos atrás. Desta vez, a denúncia não pode se esgotar no impacto do trabalho jornalístico.
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