Ressonância magnética e ecografia na gestão da saúde - EDITORIAL JORNAL DO COMÉRCIO, 09/12/2011
O plenário do Senado aprovou a regulamentação da Emenda 29, determinando que a União deve investir em saúde o mesmo montante do ano anterior, acrescido da variação do Produto Interno Bruto (PIB) dos últimos dois anos. O relatório mantém, assim, o substitutivo da Câmara ao projeto de lei do Senado 121/2007. Foi vetada a Contribuição Social para a Saúde (CSS). Os estados e municípios terão que aplicar 12% e 15% da arrecadação de impostos, respectivamente. Ora, o povo diz que “saúde é o que interessa, o resto não tem pressa”. Sabiamente, essa é a aspiração máxima de todos nós. Desde que acabou a Contribuição Provisória sobre a Movimentação Financeira (CPMF), a qual arrecadou, no último ano de vigência, algo em torno de R$ 40 bilhões, que se pensa em recriar o instrumento. Mas a população tem repulsa generalizada contra mais impostos no País, uma vez que eles são direcionados a pagar a dívida pública e o custeio da máquina, que incha a cada ano na razão direta dos ministérios, autarquias e outras organizações oficiais e na razão inversa da qualidade dos serviços ao povo.
Que o Sistema Único de Saúde (SUS) não vai bem em quase todo o País é uma pauta diária de jornais, rádios e tevês. As fotos, frases e imagens feitas há semanas ou mesmo meses poderiam ser usadas agora. São extravagantemente atuais. É que a monótona repetição de emergências superlotadas é uma dedução lógica quando os postos avançados falham ou não temos Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) em número suficiente. A recente doença do ex-presidente Lula, que ainda está em tratamento, desencadeou uma quase raiva em milhares de pessoas que, tal e qual um castigo divino, queriam que ele também fosse para as intermináveis filas do SUS. Ele teve uma crise na faringe na sexta-feira, foi diagnosticado com câncer no final de semana e começou o tratamento na segunda-feira. Essa rapidez só existe para os que têm planos de saúde ou dinheiro no bolso. Mas não se pode rogar o pior, mesmo se entendendo a insatisfação das pessoas no seu dia a dia em relação ao que os abonados conseguem. Fazer alguém sofrer as vicissitudes de um atendimento pelo SUS não resolverá os problemas da saúde pública.
No caso de Porto Alegre, tivemos a defecção de dois hospitais da Ulbra, com menos 200 leitos pelo SUS e convênios. Com a reativação prometida para 2011, eles só devem entrar em funcionamento em 2012. A saúde pública precisa de uma ressonância magnética, ecografia ou densitometria do seu organismo interno de gestão. Ele está mal, embora a quantia de dinheiro que é gasta no setor. Felizmente temos uma boa estrutura na saúde suplementar, paga, que atende 40 milhões de brasileiros e tende a aumentar por causa da formalização do mercado de trabalho, com o ingresso de mais pessoas com carteira assinada. Medicamentos gratuitos para hipertensos e diabéticos na rede de farmácias conveniadas foi um ótimo avanço. Enfim, vamos auscultar esse paciente crônico, a saúde pública, e indicar-lhe um novo, moderno e saudável método de gestão. Sem qualquer contraindicação nem uso moderado. Pelo contrário, quanto mais gestão, mais saúde. O povo agradecerá qualquer iniciativa para melhorar a saúde pública. Como está, não dá para continuar.
No Brasil, a saúde pública é tratada com descaso, negligência e impostos altos em remédios e tudo o que faz bem à saúde. Médicos e agentes da saúde são poucos e mal pagos; As pessoas sofrem e morrem em filas, corredores de ambulatórios e postos de saúde; As perícias são demoradas e burocracia exagerada; Há falta de leitos, UTI, equipamentos, tecnologia, hospitais e postos de saúde apropriados para a demanda; A impunidade da corrupção desvia recursos e incentiva as fraudes.
sábado, 10 de dezembro de 2011
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