segunda-feira, 7 de julho de 2014

PARCERIA E BOA GESTÃO CONSTRUÍRAM UM HOSPITAL


JORNAL DO COMÉRCIO 07/07/2014


EDITORIAL



Na Constituição de 1988, foi colocado que a saúde era um direito de todos e dever do Estado. Por isso, não se tem como ignorar um grande feito, a inauguração do Hospital Restinga e Extremo Sul de Porto Alegre, com atendimento 100% pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Foi o primeiro erigido na Capital nos últimos 40 anos, lembra a prefeitura. Terá a vasta experiência e credibilidade do Hospital Moinhos de Vento, antigo Hospital Alemão. Então, essa é uma fórmula que serve para que novas realizações do tipo sejam feitas em outras grandes e médias cidades do Interior do Rio Grande do Sul e regiões desse imenso e carente Brasil no quesito saúde.

Passados 26 anos, muito melhorou no SUS, porém, a demanda extrapolou a capacidade de atendimento.

Além disso, a municipalização da saúde colocou as prefeituras em uma situação de mais despesas, sem total contrapartida dos recursos. Como o Rio Grande do Sul tem hoje 496 municípios, é fácil se deduzir que os problemas só têm aumentado. Em decorrência, é quase mensal a ida de caravanas de prefeitos para Brasília — e de ambulâncias e até micro-ônibus trazendo pacientes para Porto Alegre — em busca da aprovação de verbas ou da criação de uma contribuição específica para a saúde.

Evidentemente que não se pode colocar um hospital para ações de grande complexidade em municípios com 4 ou 5 mil habitantes. Por isso, é fundamental que prefeitos e o governo do Estado se organizem em recursos humanos e financeiros e criem polos de atuação: Unidades de Pronto Atendimento, postos de saúde, hospitais de pequena, média e grande complexidade em regiões que aglutinem um determinado número de pessoas. Como o velho ditado não perdeu a razão, ou seja, a união faz a força, está na hora de ser feito um planejamento nesse sentido. Depois, que ele seja executado, mesmo que por etapas. Hoje administramos a saúde por crise, o que é lamentável.

O Hospital Restinga e Extremo Sul tem capacidade para 13 mil atendimentos mensais e área de emergência adulta e pediátrica, 25 leitos de observação, 62 leitos de internação e equipamentos para exames laboratoriais, eletrocardiograma, raio X e tomografias digitais. Para a segunda etapa, prevista para 2015, estão previstas uma enfermaria com 44 leitos, Unidade de Terapia Intensiva (UTI) com 10 leitos, unidade de reabilitação, centro de especialidade, maternidade e centro cirúrgico. O Hospital Moinhos de Vento, de Porto Alegre, orientou o modelo da nova unidade de saúde com R$ 100 milhões de isenções fiscais do governo federal e mais R$ 10 milhões do governo do Rio Grande do Sul. A zona Sul da Capital pedia mais atenção à saúde há anos, desde que a então Vila Restinga foi erigida, na década de 1970. A instituição também vai administrar o hospital. O custeio, estimado em R$ 27,6 milhões por ano, será dividido entre União (50%), Estado (24%) e município (26%). Com planejamento e boa gestão, realiza-se muito. Por isso, um brinde à saúde da Capital. É mesmo um modelo de parceria que deveria constar do planejamento de médias cidades gaúchas. A população que não tem plano de saúde agradeceria.

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