EDITORIAIS
As precárias condições de postos de saúde da Capital, somadas à falta de médicos em pontos considerados essenciais para o atendimento, evidenciam mais uma vez a má administração, pelo setor público, dessa área vital para a sociedade. Basta uma simples inspeção nas instalações desses postos para se constatar a degradação, registrada em anúncio publicado ontem pelo Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers). A prefeitura de Porto Alegre e as administrações de outros municípios gaúchos nos quais a questão vem sendo negligenciada devem explicações convincentes para o fato de, apesar das cobranças unânimes e frequentes, os avanços não ocorrerem.
Um aspecto preocupante é que, enquanto a deterioração dos postos de saúde se acentua, a histórica alegação de falta de recursos financeiros perde cada vez mais sentido. Relatório de fiscalização do Tribunal de Contas da União (TCU), divulgado agora, revela que, apenas em 2012, Porto Alegre deixou de aplicar R$ 4,9 milhões no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Por mais que o poder público se esforce em justificar o fato de recursos disponíveis não estarem sendo usados numa área tão carente de verbas, em Porto Alegre e em outras cidades, essa é uma questão inadmissível.
A particularidade de um volume tão elevado de recursos ficar em caixa, sem ser usado, levou o TCU a definir quadros como o de “não realização de ações de saúde”, “agravamento de situações de risco” e “oferta de serviços à população aquém da capacidade financeira disponível”. É lamentável que isso ocorra, ainda mais numa área na qual as explicações derivam sempre para a falta de dinheiro.
Fica claro, cada vez mais, que uma das explicações para a falta de um mínimo de qualidade no atendimento a pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) é a falta de condições dos gestores públicos. Cada vez mais, portanto, as alternativas precisam ser buscadas não apenas na base de mais verbas, mas também em maior aperfei- çoamento gerencial.
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