sábado, 9 de novembro de 2013

MAIS FISCALIZAÇÃO NÃO ATINGE TRANSPORTE


ZERO HORA 9 de novembro de 2013 | N° 17609

CAIO CIGANA

LEITE ADULTERADO. Regras mais rígidas para os transportadores ainda não se efetivaram



Figuras centrais nos episódios de adulteração do leite, os transportadores por enquanto passaram incólumes pelas medidas anunciadas para ampliar a fiscalização sobre a qualidade do produto no Estado.

Como assumiram o papel de intermediários entre produtores e indústria, comprando e revendendo o alimento, os atravessadores flagrados até agora pelo Ministério Público Estadual (MPE) buscavam ganhos ao adicionar substâncias para aumentar o volume ou disfarçar a deterioração do leite entregue nos laticínios.

Para o MPE, a falta de fiscalização nos transportadores é um dos pontos que mais facilita a adulteração e delegar às indústrias a função e controlar os freteiros seria um erro porque as empresas não teriam interesse em perder fornecedores em meio a um mercado com oferta apertada.

O Ministério da Agricultura, no entanto, discorda sobre a existência de uma lacuna legal entre os pecuaristas e os laticínios. Para o coordenador-geral de inspeção do ministério, Luiz Marcelo Araujo, a Instrução Normativa 62 já disciplina condições de transporte.

Enquanto o ministério – responsável pela inspeção de 90% do leite captado no Estado – vê pouca possibilidade de controle, o governo gaúcho promete acabar com o papel de negociante dos transportadores. A solução, que já conta com atraso superior a três meses, seria a adoção pelos laticínios de plano de controle para coleta de leite a granel, previsto na portaria que regulamenta a implantação da norma no Estado. A regra indica o volume a ser recolhido em cada propriedade.

– Isso elimina em grande parte a possibilidade de fraude porque, no final, a indústria vai processar apenas a soma do leite declarado pelos produtores – diz o secretário estadual de Agricultura, Luiz Fernando Mainardi.

Como desdobramento da terceira fase da Operação Leite Compen$ado, desencadeada quinta-feira, o MPE programou para o próximo dia 19 as audiências para ouvir os quatro acusados de adulterar leite com água oxigenada em Três de Maio.

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