segunda-feira, 11 de novembro de 2013

VIGILÂNCIA INCOMPLETA

ZERO HORA 11 de novembro de 2013 | N° 17611


EDITORIAIS



Mesmo que se reconheçam avanços no controle de qualidade do leite industrializado, há um evidente desleixo da fiscalização na etapa imediatamente anterior à chegada do produto aos laticínios. A apreensão de leite com água oxigenada no Estado evidencia, por um lado, que a indústria cumpriu parte do que foi acordado no termo de conduta ajustado com o Ministério Público, depois da fraude do formol. Foi graças à vigilância de exames de laboratório de uma empresa que se constatou a presença da água adicionada por um transportador. Quando do episódio anterior, as indústrias foram apontadas como parcialmente responsáveis pelo descontrole, porque exerciam controle precário do leite que recebiam para processamento.

Falta, no entanto, que um elo faça a sua parte no cerco aos fraudadores. São muitos os indícios de que a fiscalização junto aos transportes continua falha. E, para o Ministério Público, é insuficiente que a tarefa fique apenas com as empresas. A divergência entre promotores e indústria só atrapalha. O transportador que adulterava o leite certamente contou, por muito tempo, com a falta de monitoramento. É preocupante saber também que, apesar da constatação de que o produto chegava fraudado ao laticínio, este teria continuado o recebimento de cargas.

O que se constata em mais este episódio é que há, além das falhas de fiscalização, uma relação de forte desconfiança entre transportadores, indústria e consumidores. As próprias empresas admitem que o transportador é, muitas vezes, um atravessador, sem qualquer compromisso com a qualidade do leite. O MP tem recomendado que essa relação seja reavaliada, mas não há avanços nessa área. Enquanto as fraudes se repetem, o consumidor continua a se interrogar sobre a sanidade do leite que consome e sobre a punição dos envolvidos. Se os processos não forem revisados, a fiscalização não for aperfeiçoada e os fraudadores sofrerem punições brandas, os espertalhões continuarão ganhando dinheiro com a manipulação de um alimento essencial e de alto consumo entre as crianças.

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