MP aponta que dois deputados tucanos recebiam mesada da máfia da saúde. Segundo o Ministério Público, João Caramez e o líder tucano na Assembleia, Carlos Bezerra Júnior, recebiam R$ 5 mil por mês. Os parlamentares são citados na denúncia da operação Athenas, mas, devido ao foro privilegiado, só podem ser denunciados pela Procuradoria Geral do Estado
O GLOBO
Atualizado:10/12/13 - 11h01
SÃO PAULO - Dois deputados do PSDB são acusados de receber “mesadas” com recursos desviados da Saúde em São Paulo. Carlos Bezerra Júnior, líder do partido na Assembleia Legislativa, e João Caramez, deputado tucano que ocupou secretaria nos governos de Mario Covas e Geraldo Alckmin, são citados nas investigações da operação Athenas, que revelou um esquema de desvios da ordem de R$ 7,5 milhões envolvendo entidades contratadas para gerenciar hospitais em oito cidades de três estados.
Segundo reportagem publicada nesta terça-feira pelo “Estado de S. Paulo”, os dois deputados são citados na investigação dos promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), mas não foram denunciados porque gozam de foro privilegiado e só podem ser investigados criminalmente pela Procuradoria Geral do Estado.
Deflagrada na semana passada, a operação Athenas denunciou 61 pessoas, entre empresários, médicos e funcionários públicos. Mas, embora não tenham sido denunciados, os deputados são citados em trechos da denúncia oferecida pelo Ministério como participantes de um rateio de verbas desviadas do Hospital Regional de Itapetininga, no interior do Estado. “Cada um recebia mensalmente em torno de R$ 5 mil do total desviado das unidades daquele município”, informa o texto da denúncia.
Os promotores relacionam os dois deputados ao empresário Fábio Berti Carone, que seria o controlador do Sistema de Assistência Social e Saúde (SAS) e Instituto SAS (ISAS), entidades privadas que gerenciam hospitais e que, de acordo com a investigação, teriam desviado os recursos.
Ainda de acordo com os promotores do Gaeco, Carone custeou com os recursos desviados o jantar de aniversário de João Caramez, que foi chefe da Casa Civil do estado entre 2000 e 2002. “Já Bezerra Júnior, além de receber parte dos recursos desviados, ainda encaminhava pessoas para serem contratadas pelo SAS/ISAS”, afirma o texto dos promotores.
Em nota ao “Estado”, Carlos Bezerra Júnior disse estar “indignado com as acusações” e afirmou que nunca foi procurado pelo Ministério Público para prestar esclarecimentos. “Nunca tive influência, direta ou indireta, na gestão de saúde do município de São Paulo ou em qualquer outro”, afirma Bezerra na nota. O deputado João Caramez também enviou nota na qual diz estranhar o envolvimento de seu nome na operação Athenas sem que tenha sido intimado para se manifestar junto ao Ministério Público. Ele disse que vai se pronunciar sobre as denúncias quando tiver acesso ao conteúdo da investigação. O advogado Celso Vilardi, que defende o empresário Carone, disse que vai estudar a denúncia antes de se pronunciar.
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