terça-feira, 18 de junho de 2013

EMERGÊNCIAS SUPERLOTADAS E PRECÁRIA

ZERO HORA 18 de junho de 2013 | N° 17465

REFLEXO DO FRIO

Emergências superlotadas nos hospitais da Capital

Chegada do inverno e pico de doenças respiratórias no Estado aumenta espera por atendimentos



O inverno nem bem chegou e as emergências dos hospitais da Capital já estão superlotadas. Desde o fim da semana, as unidades adulta e pediátrica, tanto de instituições públicas de saúde quanto as particulares, apresentam problemas.

Osecretário municipal da Saúde, Carlos Henrique Casartelli, explica que a superlotação se dá, principalmente, pelo pico da epidemia de doenças respiratórias no Estado.

– Neste período temos uma demanda maior, e consequentemente um tempo maior de espera nos hospitais, o que não é surpreendente no atendimento do SUS. O que chama a atenção neste ano é a superlotação e o fechamento das emergências particulares – destaca.

Casartelli afirma que pretende conversar com os hospitais particulares e com as empresas que comercializam planos de saúde para verificar os motivos:

– Assim como o SUS se prepara durante o inverno para atender uma maior demanda, o setor privado também precisa se preparar.

Assim como as emergências particulares, as instituições que atendem pelo Sistema Único de Saúde (SUS) registravam superlotação ontem. O Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) chegou a operar com quase o dobro da capacidade.

JAQUELINE SORDI

A SITUAÇÃO NAS INSTITUIÇÕES* - Como estão os atendimentos nas principais instituições de saúde de Porto Alegre

MOINHOS DE VENTOS
- Pediátrica – 17 leitos, todos ocupados
- Adulto – 18 leitos, todos ocupados

HOSPITAL DE CLÍNICAS
- Pediátrica – 14 crianças para nove leitos
- Adulto – 97 pacientes para 49 leitos

SÃO LUCAS DA PUCRS PEDIÁTRICA
- SUS – Cinco crianças para seis leitos
- Convênio – normal, sem espera

ADULTO
- SUS – 32 pacientes para 13 leitos
- Convênio – Lotado, seis horas de espera

SANTA CASA PEDIÁTRICA

- SUS – 11 crianças para 12 leitos
- Convênio – seis crianças para oito leitos

ADULTO
- SUS – 34 pacientes para 26 leitos
- Convênio – 24 pacientes para 14 leitos

CONCEIÇÃO
- Pediátrica – 18 pacientes para 14 leitos
- Adulto – 67 pacientes para 50 leitos
Fonte: * Dados coletados durante a tarde de segunda-feira

quinta-feira, 13 de junho de 2013

PERNA AMPUTADA EM ACIDENTE GERA CONFLITO ENTRE SAMU E POLICIA

ZERO HORA 13/06/2013 | 15h59

Polícia leva perna amputada de motociclista em viatura até hospital. Cinélio Zingler, de 25 anos, foi levado para o hospital de Santa Cruz e o membro foi encontrado mais de duas horas depois, no local do acidente, em Vale do Sol

Vanessa Kannenberg


Um motociclista de 25 anos teve a perna amputada, na manhã desta quinta-feira, após um acidente em Vale do Sol, na rodovia que liga o município a Candelária (RSC-287), no Vale do Rio Pardo. Em estado grave, Cinélio Zingler foi levado para o Hospital Santa Cruz (HSC) sem o membro, porque este não havia sido localizado. Após um desentendimento com o Samu, a Polícia Civil interveio no caso e levou a perna em uma viatura até o paciente, em Santa Cruz do Sul.

De acordo com o delegado, Régis Gomes dos Santos, o guincho que fazia a remoção dos veículos envolvidos no acidente, a moto e uma caminhonete, encontrou o membro em um matagal às margens da rodovia e avisou a Polícia Civil de Vera Cruz, onde o Comando Rodoviário da Brigada Militar registrava a ocorrência.

— Com isso, fui até o hospital de Vera Cruz, porque achei que o paciente estava lá. Conversei com um médico pra saber se ainda era possível reimplantar a perna, e ele me disse que quanto mais rápida fosse a remoção, mais chance havia. Com isso pedi que a equipe do Samu fosse lá fazer o resgate e levar para Santa Cruz — conta Santos.

No entanto, segundo o diretor da Central de Regulação do Samu, Maicon Vargas, a equipe foi até o local sem haver registro do chamado pelo telefone 192, que é o procedimento padrão do serviço.

— A equipe foi até lá porque se sensibilizou com o caso, mas quando eles avisaram a central, pedimos que avisassem a polícia para que registrassem o chamado pelo 192, o que não aconteceu. Um policial ligou e apenas reclamou com a enfermeira e não registrou o caso — afirma Vargas.

A partir disso, segundo o diretor, a ambulância do Samu, que já estava no local do acidente, foi orientada a levar a perna até o hospital de Vera Cruz, com o objetivo de liberar a ambulância para o caso de outros chamados, e iria acionar uma ambulância do município para concluir o translado, já que Vera Cruz fica entre o local do acidente (Vale do Sol) e Santa Cruz do Sul, onde estava internado o paciente.

No entanto, o delegado teria se revoltado com a situação. Ele e o restante da equipe policial então colocaram o membro em uma viatura e levaram até Santa Cruz.

— Fiquei indignado. Acho um absurdo essa burocracia toda. Tinha um caso que era urgente e dependia de ação rápida para conseguir reimplantar uma perna, mas o Samu disse que por causa de uma ligação não poderia agir. Então resolvi eu mesmo fazer — justifica Santos.

Já o diretor do Samu classificou como “precipitado” e “arbitrário” o procedimento adotado pela polícia.

— Se tudo tivesse sido feito de forma correta, como deve ser feito, desde o início, o
Samu teria enviado uma ambulância e concluído o atendimento — conclui Vargas.

A Santa Cruz Rodovias, concessionária que administra o trecho o acidente e atendeu a ocorrência, afirma que o estado de saúde do paciente era grave e por isso ele foi levado sem a perna. A empresa ainda afirma que havia muita cerração e por isso mais dificuldade em encontrar o membro.


PERNA NÃO PÔDE SER REIMPLANTADA

Apesar do desentendimento, a perna não pôde ser reimplantada no motociclista. De acordo com a assessoria do Hospital Santa Cruz, o membro levado até a instituição não estava inteiro, já que uma parte teria sido prejudicada durante o acidente. Cinélio Zingler passou por cirurgia e permanece internado no HSC.

Morador de Vera Cruz, o jovem de 25 anos estava voltando da casa da namorada, a qual tinha ido visitar por conta do Dia dos Namorados, quando sofreu o acidente.

segunda-feira, 10 de junho de 2013

MEDICINA É COM MÉDICOS


ZERO HORA 06/06/2013


PAULO SANT’ANA


O presidente do Sindicato dos Médicos, doutor Paulo de Argollo Mendes, manda-me dizer, na defesa intransigente de que não sejam importados milhares de médicos estrangeiros para suprir as 50 mil vagas existentes no Brasil, que, neste caso, se faltam 10 mil brigadianos no Estado, teríamos que importar os 10 mil policiais militares. 

Que sofismazinho vulgar usou o doutor Argollo. 

Sabe ele por que não se importam os 10 mil brigadianos? Pois vou explicar-lhe.

Não se importam os 10 mil policiais, doutor Argollo, porque basta fazer um concurso aqui para 10 mil PMs e logo eles surgem para ganhar menos de R$ 2 mil por mês. Por isso não se importam os 10 mil policiais militares, doutor Argollo!

Já com os médicos (eu não entendo como é que o doutor Argollo não entende uma verdade tão trivial), é diferente. Se se abrir um concurso para médicos que vão trabalhar no Acre e no Tocantins, podem oferecer até mesmo salários de R$ 20 mil ou R$ 30 mil e não aparecerão médicos que queiram ir para os confins do país.

Essa é a diferença.

Por isso é que o Ministério da Saúde ameaça importar médicos, doutor Argollo. É tão simples, não sei como o senhor não entende essa fácil charada.

E, como não aparecem médicos para trabalhar em milhares de municípios brasileiros, o governo ameaça trazer médicos estrangeiros que se oferecem para trabalhar em lugares em que os médicos brasileiros jamais pisarão.

Entende agora, doutor Argollo, qual é a diferença entre os médicos e a hipótese infeliz que o senhor lançou de importar os 10 mil policiais militares?

A diferença é que não precisa importar os policiais porque aqui a gente preenche por concurso, por qualquer salário, as vagas dos brigadianos, enquanto há médicos brasileiros que não trabalham no Acre, em Tocantins e em Rondônia nem por salários astronômicos.

Mas o doutor Argollo tem de fazer a cena de defender os médicos brasileiros, é do seu papel, para isso é eleito. 

Só não me venha fingir a cena com argumentos frágeis e hipóteses descabidas.

Tanto que até acho que seria bom para os médicos brasileiros que fossem importados milhares de médicos para trabalhar na Cochinchina brasileira. É certo que, ao cotejar a capacidade dos médicos importados com a capacidade dos médicos nacionais, o governo e a sociedade verão então que os nossos médicos são mais capazes do que os estrangeiros, tanto que demonstram eficiência notável onde se fixaram.

Mas o doutor Argollo parece temer esse cotejo. “E vá lá que o público brasileiro se apaixone pelos médicos estrangeiros”, deve pensar o doutor Argollo. É um exercício puramente paranoico, os nossos médicos são melhores que os estrangeiros.

Mas os nossos médicos não aceitam os salários oferecidos pelos prefeitos. E os estrangeiros estão prontos para trabalhar em qualquer lodaçal. Quatro mil prefeitos, 4 mil, doutor Argollo, imploraram ao governo para que traga médicos estrangeiros, eles não podem mais governar suas cidades sem médicos. Isso não o comove, doutor Argollo?

E, como dizem o Sindicato dos Médicos e o Cremers em seu próprio slogan, “não se faz medicina sem médicos”.

E como é que querem que o governo faça medicina sem importar os médicos para os lugares onde não existem médicos?

Isso é uma verdade que dói, mas é arrasadora.



COMENTÁRIOS VIA FACEBOOK

Cel Vanderlei Pinheiro - Paulo Santana foi Inspetor, é Delegado de Polícia e filho de brigadiano. No meu entendimento, ele está equivocado. Lembro muito bem de uma época da BM em que havia dificuldade de recrutamento por conta do valor salarial do soldado. As inclusões eram buscadas bem nos confins do Interior do Estado e a maioria não renova, no primeiro reengajamento, aos dois anos. Eu era tenente em Porto Alegre e o salário de motorista de ônibus era maior que o meu.

Dílson Bressan - Servi no CRESA por dois anos e, nessa época, faltavam quase cinco mil Soldados. Corríamos o Rio Grande, de ponta a ponta, tentando incluir gente e não conseguíamos. A disponibilidade de candidatos não era boa, por isso incluíamos pouco. No eixo Porto Alegre x Caxias, embora o recrutamento estivesse aberto permanentemente, não existia muitos candidatos e não conseguíamos incluir muita gente. A iniciativa privada pagava muito, mas muito mais, e não tinha mão de obra disponível para aceitar o que era pago. O policial civil Santana deu uma explicação estapafúrdia e desmerecedora contra os Soldados da Brigada. Aceitar a comparação eu aceito, nivelar por baixo não.