quinta-feira, 31 de maio de 2012

FARMÁCIA POPULAR TERÁ REMÉDIOS PARA ASMA

 
ZERO HORA 31 de maio de 2012 | N° 17086

FARMÁCIAS POPULARES

Remédios para asma serão distribuídos

As farmácias populares da rede própria, administradas e montadas pelo governo, e as unidades privadas de todo o país passam a ofertar, gratuitamente, três medicamentos para asma a partir de segunda-feira.

Brometo de ipratrópio, dirpoprionato de beclometasona e sulfato de salbutamol foram incluídos na ação Saúde Não Tem Preço, com 11 medicamentos para hipertensão e diabetes. Eles serão ofertados em 554 unidades próprias e 20.374 da rede privada. Para retirar os medicamentos, basta apresentar documento com foto, CPF e a receita médica.

segunda-feira, 28 de maio de 2012

MATERNIDADE PROTEGIDA

ZERO HORA, 28 de maio de 2012 

EDITORIAL ZERO HORA


Alvo de queixas permanentes da população, o sistema de saúde pública do país gerou na última semana uma boa notícia. Pesquisa recém-divulgada pelo Ministério da Saúde indica que a mortalidade materna caiu 21% entre janeiro e setembro do ano passado. Os óbitos resultantes de complicações na gravidez e no parto totalizaram 1.038, contra 1.317 no mesmo período de 2010. Significa que a atenção à saúde das gestantes poupou quase três centenas de vidas em decorrência de redução nas causas diretas de mortalidade materna, assim contabilizadas nos dados oficiais: hipertensão arterial (66,1%), hemorragia (69,2%), infecções pós-parto (60,3%), aborto (81,9%) e doenças do aparelho circulatório relacionadas à gravidez e ao parto (42,7%).

Esses resultados decorrem de um trabalho de longo prazo. Desde 2008, o governo realiza uma espécie de gerenciamento das investigações de mortes de mulheres em idade fértil. Estados e municípios repassam as informações ao Ministério da Saúde, que avalia as causas e as circunstâncias das mortes. A partir daí se desenvolve a estratégia preventiva.

Este 28 de maio foi escolhido pela Organização Mundial da Saúde como Dia Internacional da Redução da Mortalidade Materna. No Brasil, a data será celebrada com números positivos. Relatório recente da OMS, em parceria com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), o Fundo de População das Nações Unidas e o Banco Mundial, aponta uma queda de 51% no número de mortes maternas no país entre 1990 e 2010.

Mas ainda estamos longe dos resultados obtidos por países mais desenvolvidos, especialmente nas regiões mais carentes. A redução da mortalidade materna e neonatal continua sendo um desafio grandioso para os brasileiros, exigindo a mobilização de gestores públicos na promoção de políticas voltadas para a melhoria da qualidade de vida e para a ampliação da cultura sanitária da população.

sábado, 26 de maio de 2012

OPÇÃO PELO PRAGMATISMO

EDITORIAL ZERO HORA 26/05/2012

 

Merece aplausos o acordo firmado pela Secretaria da Saúde da Capital e pelo Grupo Hospitalar Conceição, com a anuência do Ministério Público, para que a emergência da instituição continue funcionando enquanto os administradores buscam soluções para a superlotação. Chega de interdições que não levam a nada, a não ser à promoção da autoridade interventora e a mais sofrimento para a população. Diante de qualquer dificuldade, na maioria das vezes incomparavelmente menor do que a enfrentada pelos enfermos, órgãos classistas e fiscalizadores partem para a alternativa radical, sem considerar que em áreas como a da saúde muitas vezes é melhor o atendimento precário do que nenhum.

Ainda no início deste mês, um impasse semelhante no Hospital Centenário de São Leopoldo, que serve como referência para toda a região, foi resolvido em parte com a assinatura de um Termo de Ajustamento de Conduta. Pelo acerto, a instituição se comprometeu a providenciar, no período acordado, melhorias na estrutura, a contratação de mais profissionais e a compra de novos equipamentos. Assim como ocorreu no caso do Conceição, a providência evitou o pior, mas apenas no curto e no médio prazo. As soluções, de fato, não estão em medidas casuísticas. 

É inadmissível que um hospital da importância do Conceição para todo o Estado se veja permanentemente às voltas com o problema da superlotação nas emergências. É igualmente inaceitável que não disponha de um número adequado de profissionais para atender a uma demanda que se mantém de forma previsível, com tendência a se ampliar. Pior do que isso é fazer com que, enquanto o problema não é atacado, por incapacidade do poder público, os enfermos simplesmente deixem de ser atendidos. 

Num ano de eleições municipais, casos desse tipo precisam motivar um debate mais amplo. Um atendimento mais humano e de mais qualidade nesta área constitui-se em pressuposto para quem pretende se apresentar aos eleitores como bom gestor.

terça-feira, 22 de maio de 2012

EQUÍVOCOS SOBRE DISTRIBUIÇÃO DE MÉDICOS

ADIB D. JATENE, MEMBRO DA ACADEMIA NACIONAL DE MEDICINA, FOI MINISTRO DA SAÚDE - O ESTADO DE SÃO PAULO, 22/05/2012

 
Em medicina se aprende que o diagnóstico correto é que determina a terapêutica. Se o diagnóstico estiver errado, a terapêutica também será errada. Isso me ocorreu quando tomei conhecimento de estratégia em elaboração no governo para garantir a presença de médicos em pequenos municípios, em áreas remotas e nas periferias das grandes cidades.

O diagnóstico, a meu ver, equivocado, seria baseado em informações de prefeitos, e até governadores, de que não conseguem contratar médicos para o Programa de Saúde da Família (PSF), mesmo oferecendo salários superiores a R$ 10 mil. Concluem, a partir daí, que o problema é falta de médicos. O corolário seria a ampliação de vagas em faculdades públicas, abertura de novas faculdades e, pasmem, flexibilização nos critérios de revalidação de diplomas obtidos no estrangeiro. Esses critérios foram recentemente revistos e consolidados no projeto Revalida.

Segundo as informações, propõe-se a contratação de médicos no exterior (leia-se Bolívia e Cuba, entre outros), que viriam como estagiários para trabalhar nas áreas específicas para as quais não se consegue contratar médicos. O estágio seria cumprido por dois anos sob supervisão, após os quais o diploma seria reconhecido, beneficiado pela anunciada flexibilização dos critérios. Como o assunto está em apreciação e, ao que me consta, a decisão ainda não foi tomada, atrevo-me a algumas considerações sobre o tema.

Concordo com a ideia de que nos faltam médicos. Acontece que, baseadas nessa constatação, diversas universidades, não apenas privadas, mas também públicas, criaram mais cursos, ampliando o número de vagas. Em 1996 tínhamos 82 faculdades de medicina. Hoje temos 187. Nos últimos 15 anos foram criados 105 cursos de medicina, 70 dos quais privados. Quando todos tiverem completado pelo menos seis anos, oportunidade em que formarão sua primeira turma, estaremos graduando aproximadamente 18 mil médicos por ano, o que significa quase duplicar o número de formados.

Se hoje temos 1,9 médico por mil habitantes, dentro de poucos anos ultrapassaremos os 2,5/1.000, considerados adequados. O problema que temos enfrentado é o de capacitar esses médicos para atender a população, sem utilizar a alta tecnologia, e criar condições nos diferentes locais em que irão atuar capazes de lhes oferecer condições de trabalho e o adequado suporte.

Por outro lado, a má distribuição não tem relação direta com o número de profissionais existentes. Se fosse assim, as capitais, onde vivem 20% da população do País e onde se concentram 50% dos médicos, estariam todas bem servidas. Exatamente nas capitais, e nas respectivas áreas metropolitanas, é onde se observam em suas periferias as carências mais sentidas desses profissionais, limitando a ampliação do PSF.

Isso ocorre porque tradicionalmente os médicos se localizam perto dos hospitais, que lhes dão suporte. Nas grandes cidades, os hospitais concentram-se nas áreas mais antigas e ricas, deixando as periferias sem eles e, em consequência, sem médicos. Em 1999, demonstrei que na capital de São Paulo, em 25 distritos onde vivia 1,8 milhão de pessoas, existiam na média 13 leitos por mil habitantes. Nos outros 71 distritos, onde moravam 8,1 milhões de habitantes, havia 0,6 leito por mil. Nesse grupo foi possível destacar 39 distritos com mais de 4 milhões de habitantes onde não havia nenhum leito. Portanto, na capital de São Paulo, para colocar nestas áreas dois leitos por mil habitantes, há um déficit de 12 mil leitos, o que significaria 60 hospitais de 200 leitos. E isso para atendimento de casos eletivos e de urgência. Não se está cogitando de leitos para doentes crônicos.

As equipes de Saúde da Família necessitariam de ambulatórios de especialidade para referir pacientes, os quais, por sua vez, precisariam de oportunidade para eventuais internações. Acontece que esses leitos não existem onde está a maior concentração de população.

Criou-se em nosso meio a ideia de que os graduados em medicina devem complementar sua formação com a residência médica. Como as vagas para residência são em número menor que o de formandos, estabeleceu-se, na verdade, um novo vestibular para ingresso nela. No 6.º ano, antes de se aprimorarem no internato para atender os pacientes, dispensando a alta tecnologia, os alunos fazem "cursinhos" e se preparam para ingressar na residência. Os que não passam vão trabalhar, sem supervisão e mal preparados, em ambulatórios de convênios e plantões de pronto-socorro. Já os que cumprem a residência - que, como já afirmei, só existe onde está implantada toda a moderna tecnologia - saem com títulos de especialistas e não vão trabalhar nos locais onde se constata a deficiência do profissional médico.

Temos de agir, e rápido, na revisão do curso médico. Talvez seja necessário fazer os médicos que se formarem em determinado Estado, por exemplo, permanecerem por um ou dois anos nesse mesmo Estado, designados para as áreas onde há falta deles, mantendo-os sob supervisão da escola em que se graduaram, como pré-requisito obrigatório para pleitearem a residência médica.

Como se vê, o problema de distribuição de médicos é por demais complexo e não se resolve com medidas simples e equivocadas. Talvez seja o momento de pensar uma carreira de Estado capaz de orientar a distribuição desses profissionais no seio da população, oferecendo-lhes condições de trabalho, supervisão e até suporte informatizado.

As entidades médicas estão mobilizadas e dispostas a colaborar na busca de solução racional e permanente, em que não cabe a ideia de corporativismo e se coloque em primeiro lugar a pessoa humana, que sofre, merece respeito e deve ter acesso a médicos competentes e preparados para atendê-la sem o emprego da alta tecnologia, que deve ser utilizada por especialistas.

segunda-feira, 21 de maio de 2012

A SAÚDE É PRECÁRIA


O Estado de S.Paulo - 21/05/2012

Desenvolvimento econômico é um meio indispensável à consecução da meta que deve ser a mais importante de qualquer governo democrático, o desenvolvimento social, humano. Mas este não se mede exclusivamente por números. É um engano - quando não pura mistificação - o ufanismo que se apressa em colocar o Brasil com um pé no seleto grupo das grandes potências desenvolvidas, quando nossa realidade social ainda aponta em direção oposta. Isso é o que demonstra a matéria de quarta-feira do correspondente do Estado em Genebra, Jamil Chade, apoiada em levantamento feito pela Organização Mundial da Saúde (OMS): apesar de sermos a sexta economia do planeta, os gastos com saúde no País, mesmo tendo aumentado nos últimos anos, mantêm-se abaixo da média mundial, equiparando-se à realidade africana.

Na média internacional, os gastos com saúde são da ordem de 14,3% dos orçamentos nacionais. No Brasil, a taxa é de 5,9%. E era de 4,1% em 2000. O crescimento nos últimos 12 anos, porém, ficou longe de equipará-los à média do planeta. Além disso, enquanto nos países desenvolvidos um terço dos custos da saúde é pago pelos cidadãos, no Brasil 56% do que se gasta nessa área sai do bolso dos contribuintes, situação que é semelhante à que ocorre em somente 30 dos 193 países-membros da ONU.

Nos países europeus, revela o estudo da OMS, os gastos médios dos governos com cada cidadão chegam a ser dez vezes superiores aos do Brasil. Em alguns casos, como Luxemburgo, gasta-se mais de US$ 6,9 mil por cidadão, quase 25 vezes o valor no Brasil. Mesmo na Grécia, que hoje vive uma catástrofe econômica, são destinados seis vezes mais recursos a cada cidadão do que no Brasil.

Outro dado que revela como é alarmante a situação da saúde pública no País: nossa média brasileira de 26 leitos hospitalares por 10 mil habitantes é igual à de Tonga e do Suriname. Outros 80 países ostentam um índice melhor que o nosso. Na Europa, a oferta média de leitos é três vezes maior. A boa notícia no levantamento da OMS é que o Brasil conta com 17,6 médicos para cada 10 mil habitantes, enquanto a média mundial é de 14/10 mil. Lembramos, todavia, que o problema aqui não é de escassez de médicos, mas de concentração desses profissionais nos grandes centros urbanos por falta ou precariedade das condições de trabalho em boa parte do País. De qualquer forma, na Europa, a média sobe para 30/10 mil, enquanto na África fica em baixíssimos 2/10 mil.

Desde o ano 2000 o Brasil triplicou o investimento público por habitante no campo da saúde. Naquele ano, foram investidos US$ 107 por ano para cada habitante. Ao final da década, em 2009, essa cifra havia sido elevada para US$ 320 por habitante/ano. Mas, segundo a OMS, a média mundial era então de US$ 549 por habitante/ano. Estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), mostra que o aumento do investimento público em saúde a partir de 2000 permitiu que, em 2010, ele representasse 3,77% do Produto Interno Bruto (PIB). Mas seria necessário duplicá-lo para que atingisse o mesmo nível médio do padrão internacional de 7%.

Quando se sabe que saúde é um dos fatores levados em conta na apuração, pela Organização das Nações Unidas (ONU), do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), não é de estranhar que o Brasil ocupe uma modesta 84.ª posição na lista divulgada em novembro do ano passado por aquela organização com a classificação do IDH de seus quase 200 países-membros. Entre os países latino-americanos, com a Argentina em primeiro e o Uruguai em segundo lugares, o Brasil está em 14.º, atrás de "potências" como as ilhas caribenhas Antígua e Barbuda, Trinidad e Tobago, Dominica e Santa Lúcia.

Junto com a saúde, a educação é outro indicador fundamental do nível de desenvolvimento humano em um país. Pois, se na saúde não vamos bem, pior estamos indo na educação, como indicam pesquisas como a que foi recentemente divulgada pelo Centro de Estudos da Metrópole (CEM), da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Tema para outro editorial.

SOBRE MÉDICOS

Roberto Brenol Andrade. Palavra do Leitor - JORNAL DO COMÉRCIO 21/05/2012



 Luci Mari C. L. Jorge 
Servidora da Ufrgs, mestranda em Docência Universitária na UTN de Buenos Aires

 Em resposta às críticas sobre médicos formados no exterior publicadas na coluna Palavra do Leitor do Jornal do Comércio, edição de 9/5/2012, digo que no Brasil vivemos em um sistema de corporações de profissionais, sendo esse fechado para adesões de novos profissionais que entram no mercado para disputar valiosas vagas ou espaços em branco que surjam oportunizando os jovens recém-formados que precisam de uma oportunidade para crescer e até mesmo contribuir para a ascensão do País.

Conforme P. Bordieu, a distinção social é notada quando se percebe a relação do sistema escolar, os mais diplomados da jovem geração dos quadros médios ou empregados (na maioria, oriundos das classes populares ou médias) diferem daqueles que não são oriundos da burguesia, uma relação com a cultura e, pelo menos, parcialmente, com o mundo social que encontra seu fundamento em uma trajetória interrompida e no esforço para prolongá-la ou restabelecê-la.

Percebe-se aqui uma disputa nas predileções na posição social e uma hierarquia de diplomas, aqueles que estão predispostos a ocupar as posições “bem pagas” ou bem-sucedidas vêm de uma “boa” origem, têm berço. Deixando as posições com menos prestígio ou menor remunerada aos “comuns”. Percebeu-se no mandato do presidente Lula quando precisou de médicos para enviar aos sertões nordestinos, não havia profissional disponível para ocupar as vagas, sendo então necessário contratar médicos cubanos para atender essa população que carecia de atendimento imediato.

Conclui-se que se vive contemporaneamente uma disputa de classes ideológicas que a burguesia ainda não abre mão de apenas querer ascender em privilégios, mas não quer perder o prestígio para as classes insurgentes que agora começam a despontar em nosso País, por isso a preocupação não só da leitora Marinela Fortes, mas de todos aqueles que se sentem ameaçados por futuros profissionais que aparecem dos países vizinhos, latinos, para desempenharem suas funções laborais no Brasil.

ABUSO SEXUAL DENTRO DE HOSPITAL

ZERO HORA - Horror em hospital, 21/05/2012 | 09h37

Meninas teriam sofrido abuso sexual dentro de hospital em Porto Alegre. Suspeito de cometer o crime é funcionário da empresa terceirizada que faz a limpeza do prédio


Duas meninas, de seis e 11 anos, teriam sofrido abuso sexual na madrugada desta segunda-feira dentro do quarto onde estavam internadas no Hospital Criança Conceição, em Porto Alegre.

O suspeito de cometer o crime, de 31 anos, é funcionário da empresa terceirizada que faz a limpeza do prédio e trabalhava há 20 dias no hospital. Ele foi preso em flagrante e encaminhado para o Presídio Central.

Segundo o delegado Rafael Sauthier, da 3ª Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento, havia três meninas no quarto no momento do crime, e apenas uma estava acompanhada da mãe. Quando a mulher saiu para ir ao banheiro, o homem teria entrado no local e tentado tocar as partes íntimas de duas crianças.

— Quando ele tentou tirar as calças da menina mais nova, ela revidou com um chute, afastou ele e começou a chorar. Aí, ele fugiu do quarto — relata o delegado.

Quando a mãe voltou ao local, a menina contou o que havia ocorrido e elas chamaram um segurança. O suspeito foi reconhecido pelas duas crianças e deve responder por estupro. Em depoimento, ele negou as acusações.

De acordo com a assessoria de imprensa da instituição, o Grupo Hospitalar Conceição determinou à gerencia de administração do hospital uma verificação ativa por parte do serviço social visando rastrear e identificar situações semelhantes que possam ter ocorrido. Os hospital vai investigar junto a setores do hospital, funcionários e familiares de pacientes locais por onde o suposto agressor passou.

terça-feira, 15 de maio de 2012

REMÉDIO ERRADO

ZERO HORA, 14/05/2012


Stephen Stefani - Médico oncologista
 
Não é adequado venda de remédios em supermercados, como proposto e recentemente aprovado no Senado. A proposta foi inserida em um texto que tratava originalmente da desoneração de produtos para portadores de necessidades especiais. Não questiono que há necessidade de reengenharia tributária para desonerar medicamentos.

Tenho dito que o contexto atual de desmercantilização do acesso à saúde parece se contrapor à mercantilização da oferta/provisão. O sistema produtivo da saúde tem especial importância porque é constituído de inovação tecnológica e acúmulo de capital que gera oportunidades de investimento, trabalho, renda em um campo cujo objetivo final – em tese – é melhorar a saúde e a vida das pessoas. Cabe reforçar, entretanto, que os sistemas de saúde eficientes são resultados de uma complexa interação entre os processos científicos, políticos, sociais e econômicos.

A facilidade de automedicação, ou seja, “prescrito” por alguém sem treinamento adequado para compreender efeitos colaterais e interações medicamentosas – que este modelo de oferta traz tipicamente envolve, também, o “autodiagnóstico”. Pacientes, portanto, não só correm risco de tomar remédio inadequado, mas deixar de fazer o diagnóstico correto!

Temos que lutar para acesso ágil e eficiente a profissionais de saúde que possam orientar adequadamente o uso – ou não uso – de medicamentos apropriados. Deixar remédios disponíveis em prateleiras de supermercados é uma forma assustadora de reconhecer que não temos capacidade de modelos mais adequados. Definitivamente, não é o remédio certo.