sexta-feira, 29 de maio de 2015

PACIENTES MORREM À ESPERA DE VAGAS EM UTI PELO BRASIL

G1 BOM DIA BRASIL, Edição do dia 29/05/2015


Pacientes de urgência morrem à espera de vagas em UTI pelo Brasil. Bom Dia Brasil mostra drama de quem precisa de internação em Unidades de Terapia Intensiva, mas não consegue leito nem recorrendo à Justiça.




Pacientes de urgência sofrem com a falta de vagas de UTI pelo Brasil. Em alguns lugares, não adianta nem recorrer à Justiça.

Em Campo Grande, mesmo com determinação judicial, teve gente que morreu à espera de um leito. Os pacientes não podem ficar no pronto socorro por mais de 24 horas, por conta de uma decisão da Justiça. Mas a Secretaria Municipal de Saúde diz que não encontra vaga nos hospitais para todo mundo. Três pessoas morreram à espera de vagas em UTI, uma delas tinha uma liminar da Justiça.


Nas Unidades de Pronto Atendimento, tem gente sendo atendida até no chão. Também faltam respiradores. Os enfermeiros precisam se revezar no trabalho manual para manter vivos os pacientes mais graves. O governo prometeu abrir 20 novas vagas de UTI nos próximos dias, mas o déficit é de 180.

Em Goiás, só este mês, cinco pessoas morreram à espera de vagas em UTI. O Ministério Público recomendou que o estado abra mais leitos e que crie as salas de estabilização, para que o paciente fique até conseguir uma vaga de UTI. Os pacientes em estado grave têm ficado até 10 dias à espera de um leito. Duas crianças e três idosos morreram este mês na capital. As famílias estão procurando até a polícia para registrar boletim de ocorrência. A Secretaria de Saúde de Goiânia diz que está sobrecarregada pela falta de leitos de UTI no interior. Mas o estado diz que esse número é suficiente e abriu uma auditoria para avaliar o uso dessas vagas. Enquanto isso, o problema continua.

No Ceará, a Justiça obrigou o governo a abrir novos leitos. Um juiz federal determinou que os governos federal, do Ceará e as prefeituras de Fortaleza e Caucaia – na Região Metropolitana – implantem, pelo menos, 35 leitos de UTI, por ano, nos próximos quatro anos.

Quem vai fiscalizar é a Defensoria Pública da União, que entrou com a ação, depois de receber denúncias sobre pacientes que não conseguiram a internação mesmo com encaminhamento de urgência. Segundo a Defensoria, há um déficit no estado de 150 leitos de UTI. A Secretaria de Saúde de Fortaleza informou que ainda não foi comunicada oficialmente da decisão. E a Secretaria de Saúde do estado informou que vai implantar, até o fim do ano, 90 leitos de UTI.




Alexandre Garcia: 'Brasil não está em guerra, a não ser consigo mesmo'. Comentarista avalia drama dos brasileiros que dependem da saúde pública. Se precisar, pode não ter – e morrer com uma liminar na mão', dispara.






Imagina ter que recorrer à Justiça para que o Estado cumpra o que é dever constitucional dele, e é um direito também constitucional dos cidadãos, mas nem assim o serviço de saúde é prestado.



Imagine um país em guerra, com dificuldades de administrar a saúde pública. Só que o Brasil não está em guerra, a não ser consigo mesmo, como se vê o que acontece com a saúde pública, assim como a educação pública e a segurança pública.

Pessoas morrendo em filas, pacientes sendo atendidos no chão, como em um front de batalha ou em uma grande catástrofe. E não é de agora; vem piorando há muito tempo sem que os governantes consigam corrigir a incapacidade de atender a todos que precisam.

E os que mais sofrem são os que já tiveram dificuldades a vida toda, os que não têm como serem levados aos melhores hospitais, os que não podem pagar plano de saúde.

E se alguém pensa que não pode ficar pior, é bom lembrar do corte recém-anunciado de R$ 11,8 bilhões no orçamento federal da saúde. O marketing do Mais Médicos tampouco gerou efeitos que se notem, a não ser nas contas de Cuba.

É sempre necessária a medicina preventiva, sim. Mas a escola é a parte da saúde que precisa ensinar higiene e alimentação saudável. Porque se precisar de serviço público de saúde, pode não ter – e morrer com uma liminar na mão.

terça-feira, 26 de maio de 2015

A SAÚDE NEGLIGENCIADA

 

ZERO HORA 26 de maio de 2015 | N° 18174


EDITORIAL




Por mais que representantes das três instâncias da federação se esforcem em encontrar explicações, são inconcebíveis as desculpas para o fato de um elevado número de Unidades de Pronto Atendimento terem se transformado em verdadeiros elefantes brancos. Em todo o Estado, nada menos de 16 UPAs se encontram prontas, mas fechadas. Outras 15, atualmente em obras, correm o risco de seguir pelo mesmo caminho, por falta de acerto financeiro entre União, Estado e municípios. Enquanto isso, milhares de pacientes ficam sem atendimento em seus municípios, contribuindo para superlotar ainda mais as emergências de hospitais das cidades de maior porte.

Integrantes do Sistema Único de Saúde (SUS), as UPAs têm como objetivo fazer a intermediação entre as Unidades Básicas de Saúde e os hospitais, tentando aliviar um quadro de sofrimento permanente para quem precisa de auxílio médico. Por isso, ainda que a escassez de verbas oficiais seja uma realidade, não dá para entender como políticos eleitos como gestores públicos não conseguem cumprir sua parte numa área da qual depende em muito a qualidade de vida dos cidadãos. A sociedade gaúcha tem o direito de saber quem não está cumprindo a sua parte nesse caso e o que pode ser feito. Líderes políticos do Estado, particularmente os ligados aos municípios prejudicados, precisam reagir contra essa situação inaceitável, buscando providências imediatas para acabar com o impasse.

segunda-feira, 25 de maio de 2015

UPA, RETRATO DO DESPERDÍCIO


ZERO HORA 25/05/2015 - 04h34min


Retratos do desperdício. UPAs fechadas no Estado poderiam atender 121,5 mil pacientes ao mês. Divergência com a União deixa fora de operação unidades prontas em 16 municípios do Estado e gera incerteza sobre o futuro de outras 15 em obras


Por: Marcelo Monteiro




Em Santa Cruz do Sul, inaguração não ocorreu por fala de garantia da verba para manuteção Foto: Fernando gomes / Agencia RBS


Impasse financeiro entre União, Estado e municípios atrasa o andamento de um projeto que poderia amenizar a carência de atendimento na saúde pública no Rio Grande do Sul. Em razão do imbróglio, 16 Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), prontas para receber entre 150 e 450 pacientes ao dia, seguem fechadas.

Juntas, as estruturas têm capacidade de atender a 4.050 pessoas diariamente — em um mês, poderiam prestar serviços a 121,5 mil pacientes. A divergência também torna incerta a inauguração de outras 15 UPAs em obras, criando perspectiva de que, em pouco tempo, serão 31 unidades paradas — total de 229,5 mil atendimentos não realizados a cada mês.


As unidades ficam abertas 24 horas por dia, sete dias por semana, e podem solucionar parte das emergências que chegam à rede pública de saúde. A qualidade da parte operacional não se questiona. O problema está na gestão financeira. Municípios reclamam o não cumprimento, por parte da União, da portaria que criou as UPAs com financiamento compartilhado — 50% de verba federal, 25% estadual e 25% municipal, e gestão a cargo das prefeituras. Conforme a Federação das Associações de Municípios do RS (Famurs), o Ministério da Saúde tem repassado valores entre 20% e 30% do custo de operação, e as prefeituras têm de pagar a diferença.

Exemplo: para UPAs porte 1, União e Estado repassam média mensal de R$ 100 mil cada. O problema, diz a Famurs, é que os custos reais superam os valores estimados pelo governo, chegando a R$ 450 mil por mês. Resultado: o município acaba tendo de arcar com os R$ 250 mil que faltam — 55,5%, em vez dos 25% previstos.


A situação tem emperrado o programa. Em Alegrete, por exemplo, a prefeitura já avisou que terá dificuldades em manter a UPA, inaugurada em 29 de dezembro. Em Campo Bom, ao analisar os custos que recairiam sobre o município, o prefeito Faisal Karam desistiu da construção da unidade. Em alguns casos, o atraso da inauguração se deve à espera pela compra dos equipamentos, cuja verba já foi garantida por União e Estado. Mas os prefeitos não garantem que, depois de receber o material, irão abrir as UPAs devido à incerteza sobre poder bancar os custos.


Ministério rejeita alternativas

Das 58 unidades previstas para o Estado, 13 estão em operação, uma delas em Porto Alegre. Outras 15 estão em construção, enquanto 14 — quatro na Capital — encontram-se na fase de projeto. Das 16 UPAs prontas e fora de operação, apenas uma, a de Bento Gonçalves, tem previsão de abertura: até 15 de junho. Ainda assim, contrariando a norma de servir à população das respectivas microrregiões.

— Começará atendendo a população de Bento. Mas, naturalmente, seremos sensíveis a situações de urgência — afirma o coordenador médico da Secretaria Municipal de Saúde, Marco Antonio Hebert.

Segundo o presidente da Famurs e prefeito de Tapejara, Seger Menegaz, entre prefeitos de cidades com UPA pronta, em obra ou prevista, reina o pessimismo:

— Quem tem projeto não quer construir. Quem está com obra não quer finalizar. Quem concluiu não quer inaugurar. E quem inaugurou corre o risco de ter de fechar.

No último dia 14, prefeitos e parlamentares do RS participaram de audiência com o ministro da Saúde, Arthur Chioro, em Brasília. A comitiva propôs ao ministério que autorizasse redução do horário de atendimento das unidades ou que doasse as estruturas físicas para os municípios utilizarem de acordo com as próprias necessidades. As duas propostas foram rejeitadas.

Em nota, o ministério afirma que "não há previsão para revisão imediata" dos valores repassados pela União e ressalta que serão aplicados R$ 7,4 milhões (R$ 4 milhões federais e R$ 3,4 milhões do Estado) para compra de equipamentos em nove UPAs no RS.

A Secretaria Estadual de Saúde não menciona possibilidade de aumento de repasses e também demonstra-se contrária às propostas de mudança na operação da UPAs.



Parceria privada equacionou gestão

Em Venâncio Aires, Maria Helena comemora rapidez no atendimento (Foto: Fernando Gomes)

Com sintomas de desidratação, a dona de casa Maria Helena de Oliveira, 59 anos, procurou a UPA de Venâncio Aires, no Vale do Rio Pardo, na manhã da quarta-feira passada. Mesmo não sendo caso de urgência ou emergência, em menos de 15 minutos ela já estava sob os cuidados da equipe médica:

— Depois que colocaram isto aqui (UPA), a gente nunca fica esperando muito tempo. No plantão do hospital, a gente vinha cedo e ficava até o meio-dia.

A construção do prédio, com 1,2 mil metros quadrados, custou mais de R$ 1,6 milhão. Inaugurada em junho de 2014, a UPA de Venâncio Aires tem capacidade de realizar até 150 atendimentos diários. Com 74 funcionários e 24 médicos, recebe cerca de 130 pacientes por dia — em média, 80% são adultos, e 20% crianças.

Com um custeio mensal de R$ 430 mil, a unidade recebe R$ 170 mil (39,6%) do Ministério da Saúde e R$ 135 mil (31,4%) do governo do Estado. Assim, a prefeitura arca com R$ 125 mil mensais (29%), valor um pouco maior do que o previsto na portaria que deu origem às UPAs.

Segundo o prefeito Airton Artus, a entrega da gestão da unidade ao Hospital São Sebastião Mártir otimizou o uso das duas estruturas físicas, eliminando custos adicionais como alguns exames solicitados pelos médicos da UPA e realizados pela instituição.

— Para injetar recursos na saúde, todo sacrifício de controlar os gastos em outras áreas é válido — garante o prefeito.

A agricultora Mariza Wazlawovsky, 41 anos, também está satisfeita com o atendimento recebido na UPA. Antes de levar à unidade, na quarta-feira, a pequena Kauani, três anos, com 39 graus de febre, a trabalhadora rural já havia ido ao local, com o marido.

— A gente espera menos aqui. O atendimento é rápido e muito bom — elogia.

Unidades prontas não têm perspectiva

Com chaves na mão, secretário Hermany diz não ter como abrir UPA de Santa Cruz do Sul (Foto: Fernando Gomes)

Pouco mais de 30 quilômetros separam a UPA de Venâncio Aires, exemplo bem-sucedido de implantação do modelo, da unidade de Santa Cruz do Sul. Com prédio pronto desde agosto de 2014, a prefeitura aguarda recursos para comprar equipamentos.

Segundo o secretário municipal de Saúde, Henrique Hermany, a União já acenou com repasse dos cerca de R$ 700 mil que faltam para deixar a estrutura apta a receber pacientes. O que preocupa, porém, são os custos operacionais, que incluem contratação de médicos, enfermeiros e funcionários, em montante estimado entre R$ 500 mil a R$ 600 mil mensais.

Segundo Hermany, com repasses de R$ 135 mil do Estado e R$ 170 mil da União, restaria ao município saldo de pelo menos R$ 200 mil a ser pago mensalmente. Com isso, não há, ao menos nas condições atuais, a perspectiva de abertura da UPA.

— Como o município vai ser irresponsável de abrir uma coisa que não terá como manter? — questiona Hermany.

Posição semelhante tem o prefeito de Santo Ângelo, Valdir Andres, que deixou a presidência da Famurs no ano passado. A UPA do município, na região das Missões, chegou a ser inaugurada em dezembro de 2012, mas, por problemas na construção, teve de passar por reforma, concluída em agosto de 2014. Por falta de recursos, a estrutura segue fechada.

— Para abrir, precisamos de R$ 500 mil por mês. Santo Ângelo não tem nem metade disso — explica o chefe do Executivo.

— O governo acena com uma balinha, adoça a boca do prefeito, depois larga o neném para ele e diz: "Toma que o filho é teu". Quem criou esse programa foi alguém de Brasília, que não conhece a situação dos municípios — completa Andres.

Em Caxias do Sul, na Serra, após garantir junto à União recursos que faltavam para compra de equipamentos, a prefeitura buscará o aumento dos repasses de custeio, o que, segundo a secretária de Saúde, Dilma Tessari, só será tratado depois que o prédio estiver apto a receber pacientes:

— Teremos de fazer outro pleito, em outro momento. Temos de dar um passo de cada vez.


CPI INVESTIGA MÁFIA DAS PRÓTESES

G1 FANTÁSTICO Edição do dia 24/05/2015


CPI que investiga máfia das próteses ouve médicos e desembargadores. Série de reportagens do Fantástico mostrou envolvimento de profissionais que recomendavam cirurgias com próteses sem necessidade.





Esta semana, na Câmara dos Deputados, a CPI que investiga a máfia das próteses ouviu médicos e desembargadores. Um dos médicos contou como foi a cirurgia a que foi submetido e que deixou sequelas. Ele se considera uma das vítimas do esquema que o Fantástico denunciou.

“Houve um fluxo financeiro, que aí sim justifica o interesse daquela conduta médica”, diz o médico Marcelo Paiva de Oliveira.

A série de reportagens mostrou o envolvimento de médicos que recomendavam cirurgias com próteses, sem necessidade. Eles recebiam comissões de até 50% dos fornecedores dessas próteses.

O próximo a ser ouvido pelos deputados é o ortopedista Fernando Sanchis. Em uma das reportagens, ele negou ter recebido comissão de fornecedores de próteses. Mas reconheceu que pode ter assinado laudos em nome de outros médicos.

Após as denúncias, o Senado também criou uma CPI que já pediu a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico de médicos, advogados e empresas suspeitas de fazerem parte do esquema.

Recentemente, senadores foram a Porto Alegre para ouvir outros suspeitos. A audiência pública foi realizada na Assembleia Legislativa, onde foi apresentado um pedido de abertura de CPI.

Foi no Rio Grande do Sul que surgiram vários dos casos que a Polícia Civil gaúcha está investigando. Em Minas Gerais, o Ministério Público Federal está apurando suspeitas de cobranças abusivas de stents – material usado em cirurgias de coração. Em Santa Catarina, o Conselho Regional de Medicina recebeu denúncia sobre o uso de stents com o prazo de validade vencido, em um hospital de Itajaí.

E em outras partes do país, a Polícia Federal também investiga mais casos que envolvem a máfia das próteses. Este mês, o Ministério da Saúde anunciou medidas que tornam mais transparentes o uso de próteses e órteses em hospitais federais.

terça-feira, 19 de maio de 2015

ESPERA DE 10 HORAS EM EMERGÊNCIAS REVOLTA PACIENTES

ZERO HORA 18/05/2015 | 18h59min


Espera de até 10 horas em emergências de Porto Alegre revolta pacientes. Hospitais operam com procura acima da capacidade e tentam minimizar demora para atendimento em casos de menor gravidade


por Caetanno Freitas




Área externa da emergência do Hospital de Clínicas tinha pacientes aguardando atendimento em macas e cadeiras de rodas Foto: Caetanno Freitas / Zero Hora

Superlotadas, as emergências dos principais hospitais de Porto Alegre tiveram mais um dia de movimentação intensa e testaram a paciência de quem procurava atendimento nesta segunda-feira. Em algumas instituições, como no Hospital de Clínicas, a espera para uma consulta chegava a 10 horas em casos de menor gravidade.

— Se não houver risco de vida, pode sentar e esperar umas 10 horas, pelo menos — disse um dos atendentes no balcão do Clínicas.

Na área externa, pacientes em macas e cadeiras de rodas aguardavam um chamado. Indignada com a situação, Irenita Tesche pediu uma ambulância para transferirem a mãe, que tem tumor na bexiga, para Gravataí, onde residem.


— Estou com a minha mãe nessa situação, debilitada na maca, e desde as oito da manhã no hospital, do lado de fora. É muito demorado. Uma vergonha.

No hospital Mãe de Deus, algumas especialidades não estavam atendendo durante a tarde, e os seguranças informavam os pacientes que a espera poderia chegar a seis horas. Um saguão abarrotado de gente refletia a situação que perdurava desde o início do dia.


No Moinhos de Vento, a espera poderia chegar a até cinco horas, informavam os atendentes. Com gripe e febre alta, Maria Cristina Lunardi aguardou por mais de três horas. Desistiu.

— Saí sem ser atendida. É revoltante. Um fracasso total — avaliou.

Já no Hospital de Pronto Socorro (HPS), um dos mais procurados para atendimentos do SUS, a sala de espera lotada dispensava qualquer tipo de explicação.

— Aqui é todo dia assim, moço — resumiu a atendente no balcão de informações.


Para reduzir a espera prolongada nas emergências, a prefeitura de Porto Alegre aposta no Protocolo de Manchester, que vem dando resultados com a classificação do grau de risco dos pacientes. De verde a vermelho, cores padronizam a gravidade dos casos.

A curto prazo, no entanto, a saída é aumentar a equipe médica e de enfermagem para melhorar o atendimento nos hospitais, como adianta Gerônimo Paludo, da coordenação de urgências da Secretaria Municipal de Saúde (SMS).

— Estamos trabalhando agora de forma mais intensa prevendo a chegada do inverno. A situação complica ainda mais. Então queremos incrementar as equipes para diminuir a espera da população.


A assessoria de imprensa do Hospital de Clínicas, afirmou que a superlotação é um problema diário enfrentado pela instituição e informou que o número de pacientes aguardando por atendimento era de 129 para 41 leitos disponíveis.

O Hospital Mãe de Deus disse que segue o Protocolo de Manchester e confirmou a espera prolongada na emergência.

A assessoria do Moinhos de Vento informou que o hospital prioriza o paciente em estado grave e com doenças de alta complexidade e destacou que a falta de acesso a outras formas de atendimento também amplia o problema enfrentado nas emergências.

sexta-feira, 15 de maio de 2015

DE NOVO A FRAUDE DO LEITE



ZERO HORA 15 de maio de 2015 | N° 18163


ANDREA TROLLER PINTO*




Mais uma operação Leite Compen$ado é deflagrada. No meio de tantos escândalos, quando o assunto são alimentos parece ainda mais difícil entender. À luz da técnica, onde é confortável me manifestar, penso que teremos que rever todos os procedimentos de controle de qualidade, inspeção e fiscalização de produtos de origem animal. A promoção da saúde pública, que é atribuição do Estado, nos três níveis (federal, estadual e municipal) e das indústrias processadoras de alimentos, parece ter caído de moda. Há dois anos, quando foi detectado formol no leite, a grande comoção foi de que era um produto cancerígeno. À medida que os escândalos se seguiam, foram sendo encontradas outras substâncias, açúcar, sal, bicarbonato. Parece que começou a haver um alívio. Pelo menos não são produtos cancerígenos, pelo menos não provocam dano à saúde.

Não é alentador a fraude não provocar dano à saúde. Leite deteriorado, com substâncias estranhas, insetos, bicarbonato de sódio e soda cáustica? Desconfiança do consumidor, desvalorização da cadeia produtiva são as consequências. Subtração ou diluição de componentes, disponibilidade de nutrientes alterada são as consequências no curto prazo.

Ouvi cuidadosamente as gravações das escutas telefônicas disponibilizadas ao público comum pela RBS e de tudo que venho acompanhando sobre fraude em leite desde 2013. O que ouvi agora foi o que mais me chocou. Larvas (imagino de moscas) no leite, porque o caminhão estava sujo, porque o tanque estava sujo. Há quanto tempo? Aterrador.

Uma reforma sanitária e legal é necessária no sentido de proibir, coibir e impedir a ocorrência de fraudes de qualquer natureza. Esta reforma passa por questões técnicas e vai até o Judiciário. Mas também depende da atenção e conscientização nossa, como consumidores, usando produtos confiáveis, boicotando aqueles que temos desconfiança e riscando das nossas despensas aqueles que foram identificados como fraudados. Esse é o nosso papel.

*Professora da Faculdade de Veterinária da UFRGS – Inspeção e tecnologia de leite

quinta-feira, 14 de maio de 2015

SERVIDORES E PACIENTES FAZEM PROTESTO NO RS CONTRA CORTES NA SAÚDE



ZERO HORA 14 de maio de 2015 | N° 18162


BRUNA SCIREA


SAÚDE. SANTAS CASAS E HOSPITAIS. Servidores e pacientes fazem protesto no RS. R$ 300 MILHÕES que deveriam ser destinados ao setor foram cortados pelo governo estadual


Centenas de manifestantes se reuniram, em frente ao Palácio Piratini, no centro de Porto Alegre, em protesto contra o corte de recursos e o atraso de verbas para santas casas e hospitais filantrópicos do Estado, na manhã de ontem. E não foi um protesto apenas de funcionários do sistema. Pacientes de diferentes regiões também se deslocaram à Capital para se manifestar.

Com faixas estendidas em frente à sede do governo, instituições de Garibaldi, Uruguaiana, Lajeado, Soledade e dezenas de outras cidades pediram que o governo estadual cumpra os contratos com hospitais e priorize o financiamento da saúde pública.

No início do ano, o governo anunciou o corte de R$ 500 milhões na saúde, sendo que R$ 300 milhões seriam do cofinanciamento, destinado a santas casas e hospitais filantrópicos – valor mensal de R$ 25 milhões a ser distribuído entre 245 instituições. Além da redução no financiamento, o Estado deve R$ 132,6 milhões a esses hospitais, referentes aos repasses de outubro e novembro de 2014.

Durante o protesto, o presidente da Federação das Santas Casas do Rio Grande do Sul, Francisco Ferrer, se reuniu com o secretário- chefe da Casa Civil, Márcio Biolchi, e entregou documento com a projeção do redimensionamento da assistência ao SUS em função dos cortes. Segundo Ferrer, a redução, em todo o Estado, seria de cerca de 10% – o que implicaria no corte de 4,6 milhões de procedimentos em 2015.

– Apresentamos um número que terá de ser negociado em sucessivas repactuações de contrato (entre os hospitais e o poder público) de agora em diante, em face ao não repasse por parte do governo do Estado – afirmou Ferrer.

Biolchi reconhece a dívida, mas afirmou que o Estado não tem condições financeiras de arcar com os recursos. Numa tentativa de dar conta do impasse, foi criado ontem um grupo de trabalho que, a partir da semana que vem, irá analisar um novo valor de repasse (inferior aos R$ 25 milhões).

– Não temos condições de honrar pagamentos no patamar de R$ 25 milhões, que é o que está contratualizado. Por isso, foi criado um grupo de trabalho, para tentar fazer com que esse volume venha a valores que possam ser alcançados pelo Estado. No que faltar, que a gente possa buscar com o governo federal – disse Biolchi.

O governo liberou R$ 93 milhões, ontem, a hospitais filantrópicos e públicos, e a prefeituras que desenvolvem programas vinculados SUS. A verba, porém, não tem relação com os valores atrasados.

sábado, 9 de maio de 2015

A DENGUE DOMINOU O BRASIL

REVISTA ISTO É N° Edição: 2371 | 09.Mai.15 - 09:21


O País vive mais uma vez uma vergonhosa epidemia da doença. Do início do ano até a metade de abril, 746 mil pessoas foram infectadas e um brasileiro morreu a cada onze horas vítima da enfermidade. Por que chegamos a este ponto?

Fabíola Perez e Ludmilla Amaral





O país vive mais uma vez uma epidemia da doença. A repórter Ludmilla Amaral traz mais informações.

O empresário Frederico Leitão, 34 anos, de São Paulo, não sabe se voltará a enxergar totalmente com seu olho esquerdo. Sua capacidade de visão foi afetada depois que ele se tornou mais um brasileiro infectado pelo vírus da dengue. O vírus causou uma neurite óptica (inflamação do nervo óptico), doença que chegou a tirar-lhe 90% da visão. Hoje, recuperou 70% dela, mas teme não tê-la completamente restaurada. O drama do empresário, dono de uma gráfica, começou no final de março, quando surgiram os primeiros sintomas da doença. A febre, as dores no corpo e nos olhos foram a senha para um inferno que já dura mais de um mês. Primeiro, foi a preocupação com o trabalho. “Não podia repousar por mais de dois dias porque teria prejuízo”, conta. Depois, a dor no olho que não passava e a perda quase total da visão. “Fiquei apavorado”, lembra. Após ser atendido por dois oftalmologistas, um neuro-oftalmologista e, finalmente, por um neurologista, ele ficou nove dias internado. Agora, continuará o tratamento.



Registrar a história de Frederico é fundamental. Assim como as de Laís Garcia, 25 anos, e a de seu pai, Henrique Garcia Júnior, 54 anos, e a de Sheila Storel, 38 anos, relatadas nesta reportagem. Eles estão entre os 746 mil brasileiros que tiveram dengue de janeiro até meados de abril, mas quando os números atingem um patamar assim tão dramático, corre-se o risco de passar-se a enxergar a situação somente como um fenômeno incômodo de saúde pública. Perde-se de vista o fato de que cada uma dessas 746 mil pessoas teve sua vida transtornada por causa da doença – e isso, essa dimensão individual, não pode ser pulverizada em estatísticas. Alguns mais, outros menos, todos foram obrigados a se deparar com um sistema de atendimento que não dá conta de prestar auxílio a tanta gente, perderam dias de trabalho, de estudo, de descanso. Sem falar nos 229 cidadãos que morreram até agora em uma epidemia que deveria ter sido evitada.

Hoje, o Brasil é um país acuado pela enfermidade. Em São Paulo, há 401 mil casos. A ameaça da doença tornou-se assunto recorrente e sua prevenção, em muitos casos objeto de obsessão. O empresário Victor Stockunas, 59 anos, preside o condomínio onde mora, em Alphaville, região metropolitana de São Paulo. Colocou na portaria uma placa com os dizeres ‘Agora é guerra’. Também determinou que os seguranças visitem as casas para saber se as medidas de prevenção estão sendo seguidas para evitar o surgimento de criadouros do Aedes aegypti, o mosquito transmissor do vírus responsável pela doença. “Cada um deve fazer a sua parte”, prega.



A venda de repelentes explodiu. O laboratório Osler, fabricante do repelente Exposis, aumentou em onze vezes sua capacidade de produção para atender as farmácias. De janeiro a abril de 2014, foram produzidos 100 mil frascos do produto. No mesmo período deste ano, o número subiu para 1,1 milhão de unidades. Nas redes de farmácias, o volume de vendas é expressivo. Nas contas da Drogaria São Paulo, houve crescimento de 107% em vendas de repelente comparado ao primeiro bimestre de 2014. Na Ultrafarma, a elevação foi de 195% em relação à 2014. “Nas lojas físicas, em São Paulo principalmente, mudamos o posicionamento dos repelentes que antes ficavam junto aos produtos de verão. Agora, eles ficam no Caixa, com mais visibilidade”, afirma Marcos Ferreira, vice-presidente da Ultrafarma.

Em muitas escolas, a rotina mudou. Na Kid´s School, em Cotia, na Grande São Paulo, as crianças são informadas sobre a importância de se proteger com repelentes e o que fazer para evitar a formação de criadouros. “Professores e funcionários passaram a usar repelente todos os dias”, conta Cátia Pacicco, coordenadora pedagógica da escola. Na UP School, em São Paulo, há pulverização com inseticida quinzenalmente. “Também solicitamos à prefeitura a visita de agentes sanitários”, diz Patrícia Lozano, diretora pedagógica.



Nos serviços de saúde, imprimiu-se a atmosfera do caos. Centros públicos estão lotados, obrigando a instalação de tendas para tratamento. Na que foi montada na Brasilândia, um dos bairros da capital paulista mais atingidos, já foram realizados 3,7 mil atendimentos desde abril. O local é uma parceria do Hospital Israelita Albert Einstein – um dos mais sofisticados entre as instituições privadas do País - com a Secretaria Municipal de Saúde. Uma equipe com seis médicos, cinco enfermeiros, seis técnicos em enfermagem, três técnicos administrativos e quatro biomédicos prestam o atendimento. Eles saem do hospital, no Morumbi, na zona sul, as seis e meia da manhã, para dar conta de começar a atender na Brasilândia, do outro lado da cidade. “Quando chegamos já tem gente esperando”, conta o infectologista Alexandre Marra. “Trabalhamos mais do que no Einstein, mas queremos ajudar”, diz a enfermeira Maria Roza de Oliveira.

A realidade é menos dura nos hospitais privados, mas mesmo assim houve dias nos quais era preciso esperar horas por atendimento. No Einstein, desde janeiro foram realizados treinamentos com profissionais do pronto-atendimento. No Hospital Sírio-Libanês, também um dos mais sofisticados do País, houve crescimento de 40% no número de pacientes atendidos em comparação ao mesmo período do ano passado. O hospital reforçou a equipe de médicos, enfermeiros e infectologistas e instalou 15 novas poltronas de observação para acomodar mais pacientes.

Muitas razões explicam a gravidade da situação. Algumas são pontuais. Houve a volta da circulação do tipo 1 do vírus (são quatro). Muita gente não havia tido contato com ele e, portanto, não havia desenvolvido anticorpos. Na região Sudeste, particularmente em São Paulo, devido à crise hídrica muitos moradores estocaram água sem o cuidado adequado, aumentando os criadouros.



Mas há origens crônicas por trás do desastre da dengue. Em primeiro lugar, a política de prevenção, que deveria ser executada de forma contínua pelas esferas federal, estadual e municipal de governos, é falha. E na linha de frente do atendimento ainda hoje encontra-se casos que não recebem o correto diagnóstico ou não são identificados como de risco. Depois, há deficiências estruturais nunca resolvidas que contribuem demais para a repetição das epidemias no País. Entre elas, uma urbanização sem planejamento que ignora a instalação de redes de saneamento básico, de um sistema eficiente de coleta de lixo e que leva ao fim de áreas para o escoamento de água. “A dengue é a doença que mais retrata a urbanização caótica em que vivemos”, diz o infectologista Artur Timerman, autor do livro Dengue no Brasil, Doença Urbana. Se nada for feito, o País continuará sujeito a desastres como o atual. E pode piorar, com a ocorrência também de epidemias do vírus Chikungunya, transmitido pelo mesmo Aedes aegypti. “É uma questão de tempo para que a febre chikungunya se torne outra epidemia”, diz Fernando Gatti Menezes, coordenador médico do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar do Albert Einstein.

Fotos: Paulo Whitaker/Reuters; Gabriel Chiarastelli, João Castellano/Ag. Istoé

quinta-feira, 7 de maio de 2015

CORTES E ATRASOS PODEM PARALISAR HOSPITAIS NO RS



ZERO HORA 07 de maio de 2015 | N° 18155


CAIO CIGANA

SANTAS CASAS E FILANTRÓPICOS. Sem repasses, hospitais ameaçam reduzir atendimentos pelo SUS


CORTE NOS RECURSOS enviados pelo Estado e pagamentos atrasados para cobrir despesas deixam instituições em dificuldade financeira. Em algumas cidades, restrições podem começar neste mês



Alegando dificuldades financeiras agravadas pelo corte de repasses do Estado, as santas casas e hospitais filantrópicos gaúchos ameaçam reduzir serviços como internações, consultas e cirurgias eletivas pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Em algumas cidades, o corte poderia começar neste mês.

Para mostrar o tamanho do problema, instituições de diversos municípios paralisaram ontem o atendimento por algumas horas ou o dia inteiro. A maior queixa é que o governo, desde outubro do ano passado até abril, repassou apenas R$ 20 milhões dos R$ 160 milhões que seriam devidos. A verba é referente ao cofinanciamento – complemento que o Estado envia para ajudar a cobrir o déficit porque a tabela do SUS não paga toda a despesa.

Ao mesmo tempo, os 245 hospitais filantrópicos e santas casas, responsáveis por mais de 70% do atendimento do SUS no Estado, estariam sufocados por uma dívida de R$ 1,2 bilhão com bancos, fornecedores, além de salários, encargos trabalhistas e tributos.

O presidente da Federação das Santas Casas e Hospitais Beneficentes, Religiosos e Filantrópicos no Estado, Francisco Ferrer, diz entender as dificuldades, mas avalia que a saúde deveria ser exceção na hora dos cortes:

– Estamos tratando com vidas. Não podemos equipará-las com uma obra que pode parar.

PACIENTES PREJUDICADOS DEVEM SER AVISADOS

A próxima mobilização ocorrerá no dia 13 de maio, quando caravanas do Interior farão manifestação em frente ao Palácio Piratini. Segundo Ferrer, cabe aos gestores da área da saúde informar aos usuários do SUS quem pode ter o atendimento remanejado em razão da redução dos serviços. Mesmo assim, garante, os hospitais devem entrar em contato com quem poderá ser prejudicado.

Em nota, a Secretaria Estadual da Saúde afirma que estão “rigorosamente em dia” os valores previstos a partir de dezembro de 2014. Os hospitais contestam. Segundo Ferrer, o valor mencionado se refere apenas a repasses, e não ao cofinanciamento, responsabilidade do Tesouro.

A secretaria informa ainda que as pendências referentes ao ano passado, de R$ 151 milhões, serão quitadas de acordo com o fluxo de caixa do governo. Ferrer sustenta que, nesses valores, estão misturados recursos devidos do cofinanciamento e recurso de origem federal não repassado pelo Estado.


FINANÇAS NA UTI
-Hospitais filantrópicos e santas casas cobram R$ 140 milhões do governo gaúcho como parte do cofinanciamento para cobrir custos dos atendimentos pelo SUS.
-Seriam R$ 40 milhões de outubro e novembro de 2014 (R$ 20 milhões por mês) e R$ 100 milhões de janeiro a abril (R$ 25 milhões por mês), já que a Assembleia aprovou no orçamento valor de R$ 300 milhões para este ano.
-O governo Sartori repassou apenas R$ 20 milhões referentes a dezembro do ano passado. Do orçamento da Saúde, R$ 500 milhões serão cortados, sendo R$ 300 milhões do cofinanciamento.
- O cofinanciamento serve para ajudar a cobrir a defasagem na tabela de serviços pagos pelo SUS.
-As 245 instituições respondem por mais de 70% dos atendimentos pelo SUS no Estado.
- Além do cofinanciamento, os hospitais cobram R$ 92 milhões do ano passado referentes a serviços de média e alta complexidade e alguns programas, dinheiro federal apenas repassado pelo Estado.

quarta-feira, 6 de maio de 2015

SANTA CASAS E HOSPITAIS FILANTRÓPICOS PARALISAM ATENDIMENTO AO SUS

ZERO HORA 06/05/2015 | 08h41


Santas Casas e hospitais filantrópicos gaúchos paralisam atendimento ao SUS nesta quarta-feira. Mobilização é contra corte de repasses do governo do Estado



Santa Casa de Porto Alegre deve cortar 118 leitos definitivamente Foto: dani barcellos / Especial

Hospitais filantrópicos e Santas Casas do Rio Grande do Sul paralisam o atendimento a pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), nesta quarta-feira, em resposta ao corte de repasses do governo do Estado. De acordo com o diretor-geral da Santa Casa de Porto Alegre, Julio Matos, o governo do Estado deixou de repassar R$ 300 milhões para os hospitais desde o começo do ano. As informações são da Rádio Gaúcha.

Em 197 municípios gaúchos, diferentes serviços ao SUS são afetados e os hospitais devem se reunir com as prefeituras para explicar a situação. A Santa Casa de Porto Alegre está reduzindo definitivamente 118 leitos hospitalares e irá paralisar o atendimento das 10h às 11h desta quarta-feira. Conforme a instituição, atendimentos de urgência e emergência serão realizados normalmente. Serão atrasados, no entanto, consultas e atendimentos de casos de menor risco.

Já no Hospital Vila Nova, na zona sul da Capital, 35 cirurgias foram adiadas. No Hospital São Lucas da PUCRS, haverá mobilização, mas sem cancelamento no atendimento. A Federação das Santas Casas estima que 9 mil procedimentos sejam suspensos ao longo do dia de hoje.

O secretário de Saúde, João Gabardo, disse que o governo atual repassou em dia o dinheiro referente aos meses de janeiro até abril. Quanto a outubro e novembro do ano passado, o secretário reforçou que dinheiro só será repassado quando houver disponibilidade de caixa.

– O que o Estado disse que está pagando em dia é depois do corte de R$ 500 milhões da área da saúde, sendo R$ 300 milhões só para os hospitais. É fácil dizer que paga em dia depois desse corte – afirmou Matos, explicando que não há mais como garantir os atendimentos pelo SUS sem o apoio do governo estadual.




Mobilização pelo interior

Em Pelotas, o Hospital Universitário São Francisco de Paula (HUSFP), Beneficência Portuguesa e Santa Casa terão adiados 580 procedimentos eletivos como cirurgias, exames e internações – exceto os de pronto atendimento. Somadas, a dívida das três instituições é de R$ 7,5 milhões. O Hospital Espírita de Pelotas, responsável por 94% dos leitos psiquiátricos da Região Sul e com prejuízo de R$ 1,2 milhão, vai aderir à paralisação, mas não terá atividades suspensas.

Pelo menos 70 procedimentos eletivos foram adiados no Hospital Casa de Saúde, em Santa Maria, na Região Central. Apenas serviços de emergência serão atendidos no hospital.

Na Serra, em Caxias do Sul são dois hospitais com adesão ao movimento. O Pompéia reagendou 1.050 atendimentos e Hospital Geral cancelou 104 consultas eletivas, além de remarcar 600 exames e cirurgias. Já em Gramado, o Hospital Arcanjo São Miguel desmarcou cinco cirurgias do SUS. Em Garibaldi, o Hospital São Pedro suspendeu 100 cirurgias e exames. Em Vacaria, o Hospital Nossa Senhora de Oliveira reagendou 136 atendimentos.

Em Farroupilha, apenas pacientes de casos de urgência e emergência devem procurar o Pronto Atendimento do Hospital São Carlos porque não haverá atendimento para outras situações. Já outros municípios remarcaram procedimentos eletivos.