terça-feira, 23 de novembro de 2010

PROFISSÃO REPÓRTER MOSTRA O CAOS NA SAÚDE


Não deixe de assistir hoje "Profissão Repórter" da Rede Globo. O programa vai mostrar o caos, a insensibilidade dos governantes, a falta de leitos e o sofrimento nos corredores dos hospitais. O Profissão Repórter percorre os prontos-socorros de três capitais - São Paulo, Recife e Brasilia - para mostrar como é o atendimento de emergência nos hospitais públicos.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

NÚMERO DE LEITOS SOFRE REDUÇÃO

Número de leitos cai e fica abaixo do recomendado pelo Ministério da Saúde - DENISE MENCHEN, DO RIO - 19/11/2010 - 10h01

O número de leitos para internação no país sofreu uma redução de 2,5% entre 2005 e 2009, confirmando uma tendência de queda verificada desde 1999. Os dados constam da pesquisa "Estatísticas da Saúde - Assistência Médico-Sanitária", divulgada nesta sexta-feira pelo IBGE. O estudo, no entanto, não considera as vagas de UTI.

De acordo com o IBGE, o total de leitos disponível no país passou de 443,2 mil para 431,9 mil no período. A queda é explicada pelo comportamento do setor privado, que teve uma redução de 5,1% nas vagas. No setor público, foi registrada expansão de 2,6%.

Com o movimento, o número de leitos por mil habitantes passou de 2,4 em 2005 para 2,3 em 2009, ficando abaixo do preconizado pelo Ministério da Saúde. Portaria publicada pelo órgão em 2002 estima em 2,5 a 3 a necessidade de leitos para cada grupo de mil habitantes.

Segundo o IBGE, apenas a região Sul está acima desse parâmetro, com 2,6. O pior resultado foi verificado na região Norte, com 1,8 leitos por mil habitantes, seguida pelo Nordeste, com 2 leitos por mil habitantes.

A pesquisa divulgada hoje também revelou discrepâncias regionais no número de postos de trabalho médico. No Norte, foram encontrados 1,9 postos para cada mil habitantes. No Nordeste, já são 2,3, no Sudeste, 4,3, no Sul, 3,4, e no Centro-Oeste, 3,1.

Na média, o Brasil tem 3,3 vagas médicas preenchidas para cada mil habitantes. Entre as capitais, Vitória, com 16,1, e Macapá, com 2,3, estão nos dois extremos.

O dado, porém, não pode ser tomado como uma expressão do número de médicos por habitantes, já que os consultórios particulares não foram incluídos na pesquisa e um mesmo médico pode ocupar mais de um posto de trabalho.

COVARDIA CONTRA A SAÚDE

A verdadeira covardia contra a Saúde do Rio - Raquel Vasques, O GLOBO, 18/11/2010 às 18h59m; Artigo da leitora

Há muito sendo discutido e escrito sobre o caos na saúde, como a falta de vagas em CTIs e a incapacidade de diagnosticar por parte de alguns médicos. Devemos ter em mente que isto não é apenas incompetência dos nossos governantes, é também uma violência. Uma violência estrutural.

Muitas pessoas só descobrem que têm hipertensão quando já estão gravemente acometidas ou que são diabéticas quando estão prestes a amputar um membro. Tudo isso poderia ser evitado se possuíssemos, nos municípios do Estado do Rio, de fato, atenção básica, campanhas para a detecção destes males e acompanhamento efetivo.

Outro fator relevante é a política de flexibilização dos vínculos e minimização dos direitos trabalhistas que acontece no Rio de Janeiro. Hoje o profissional de saúde precisa fazer vários plantões para ter um salário digno, o que significa muitas vezes que ir de um plantão ao outro, sem dormir direito, o que certamente afeta a qualidade dos atendimentos.

O que vemos hoje é uma maioria de trabalhadores cooperativados ou concursados por tempo determinado, como se em algum momento tais profissionais não fossem mais necessários. O que também abre precedente para que o profissional que está atendendo, não necessariamente, seja o mais qualificado, mas o que tem melhores contatos que o indicaram à vaga. Porém, parece que a única coisa que mobiliza e sensibiliza os políticos fluminenses é a possível perda dos royalties do petróleo, ou sediar a Copa do Mundo.

COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Os governantes deveriam saber que só se transforma a lei em direito individual e concreto com agentes públicos motivados, valorizados e trabalhando em condições dignas e pleno de recursos. O Poder Executivo é o que o Poder de Estado detém a responsabilidade constitucional de garantir, entre outros direitos, o direito à saúde, à segurança e à educação que são os mais vitais para a convivência pacífica em sociedade. E isto só se faz com amplos investimentos no potencial humano, ambulatórios, leitos e tecnologia.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

MORTES NO CTI - No Rio, a média é de 8,6 /dia. 32.3% maior que a dos últimos dois anos

CRISE NA SAÚDE. Média de óbitos do último trimestre chega a 8,6 por dia nos CTIs públicos e é 32,3% maior que a dos últimos dois anos - 15/11/2010 às 23h18m; Daniel Brunet

Quando a costureira Naíde Souza de Farias, de 76 anos, voltou a passar mal, no dia 7 de junho, ela procurou a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Engenho Novo, onde tinha sido liberada após receber atendimento dias antes. Diagnosticado um infarto, ela foi internada e, no dia seguinte, sofreu uma parada cardíaca, entrando na fila de espera por vaga no CTI . Foi o início de uma via-crúcis, que terminou com a morte da costureira. Dramas parecidos têm sido cada vez mais comuns: nos últimos três meses, 776 pessoas perderam a vida na fila de espera dos Centros de Tratamento Intensivo (CTIs) no estado.

A média de óbitos do último trimestre - 258 por mês ou 8,6 por dia - é 32,3% maior que a dos últimos dois anos e mostra o aumento da crise na rede pública de saúde no Rio, que será mostrada por um série de reportagens do GLOBO a partir de hoje.

Os dados são parte de um levantamento inédito da Central de Regulação de Leitos do Estado, que foi enviado aos ministérios públicos federal e estadual e ao qual O GLOBO teve acesso. Para dar fim à fila, é preciso acabar com o déficit de vagas, estimado em 510 leitos por médicos, especialistas e representantes do governo ouvidos pelo GLOBO. A maior necessidade é de vagas para adultos.

Reportagem de Daniel Brunet na edição desta terça-feira mostra que por causa dessa carência, a cada dez pacientes que precisam de tratamento intensivo, seis vão imediatamente para a fila de espera, segundo o estudo da Central de Regulação do Estado. Dos 26.980 pedidos de internação em CTI feitos ao órgão entre 4 de novembro de 2008 e 15 de outubro de 2010, apenas 9.603 - ou 36% - foram atendidos. Nesse aspecto, todos os dias, as três esferas do poder público no Rio infringem o artigo 196 da Constituição federal, que define o acesso à saúde como direito de todos e dever do Estado.

A portaria 1.559/08 do Ministério da Saúde define que a Central de Regulação de Leitos, sob a gerência da Secretaria estadual de Saúde e Defesa Civil (Sesdec), deve intermediar as internações nos hospitais estaduais e municipais. Por entender que uma central única de regulação é a forma mais eficiente para gerir os pedidos de internação, o Ministério da Saúde já deu ao estado o controle de 64 dos 164 leitos da rede federal. O restante e as 699 vagas em hospitais municipais no estado - informadas no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES) - continuam geridas pelos respectivos gestores.

Sem ter o controle sobre todas as vagas do sistema público no Rio, o governo do estado alega ter dificuldades para administrar os cerca de 38 pedidos de internação por dia.

- Bom seria se todas as vagas estivessem sob a nossa gerência. Estamos conversando, mas temos que respeitar a autonomia do municípios. Eles não cedem vaga para a regulação, mas pedem os leitos do Estado. E isso sobrecarrega a nossa rede - comenta a chefe de assessoria parlamentar da secretaria, Fabiane Gil.

CRISE NA SAÚDE - Mortes nos CTI públicos bitos do último trimestre chega a 8,6 por dia nos CTIs públicos e é 32,3% maior nos dois últimos anos

CRISE NA SAÚDE. Média de óbitos do último trimestre chega a 8,6 por dia nos CTIs públicos e é 32,3% maior que a dos últimos dois anos - 15/11/2010 às 23h18m; Daniel Brunet

Quando a costureira Naíde Souza de Farias, de 76 anos, voltou a passar mal, no dia 7 de junho, ela procurou a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Engenho Novo, onde tinha sido liberada após receber atendimento dias antes. Diagnosticado um infarto, ela foi internada e, no dia seguinte, sofreu uma parada cardíaca, entrando na fila de espera por vaga no CTI . Foi o início de uma via-crúcis, que terminou com a morte da costureira. Dramas parecidos têm sido cada vez mais comuns: nos últimos três meses, 776 pessoas perderam a vida na fila de espera dos Centros de Tratamento Intensivo (CTIs) no estado.

A média de óbitos do último trimestre - 258 por mês ou 8,6 por dia - é 32,3% maior que a dos últimos dois anos e mostra o aumento da crise na rede pública de saúde no Rio, que será mostrada por um série de reportagens do GLOBO a partir de hoje.

Os dados são parte de um levantamento inédito da Central de Regulação de Leitos do Estado, que foi enviado aos ministérios públicos federal e estadual e ao qual O GLOBO teve acesso. Para dar fim à fila, é preciso acabar com o déficit de vagas, estimado em 510 leitos por médicos, especialistas e representantes do governo ouvidos pelo GLOBO. A maior necessidade é de vagas para adultos.

Reportagem de Daniel Brunet na edição desta terça-feira mostra que por causa dessa carência, a cada dez pacientes que precisam de tratamento intensivo, seis vão imediatamente para a fila de espera, segundo o estudo da Central de Regulação do Estado. Dos 26.980 pedidos de internação em CTI feitos ao órgão entre 4 de novembro de 2008 e 15 de outubro de 2010, apenas 9.603 - ou 36% - foram atendidos. Nesse aspecto, todos os dias, as três esferas do poder público no Rio infringem o artigo 196 da Constituição federal, que define o acesso à saúde como direito de todos e dever do Estado.

Leia mais: Governo estadual prevê a ampliação da oferta de vagas em sua rede
A portaria 1.559/08 do Ministério da Saúde define que a Central de Regulação de Leitos, sob a gerência da Secretaria estadual de Saúde e Defesa Civil (Sesdec), deve intermediar as internações nos hospitais estaduais e municipais. Por entender que uma central única de regulação é a forma mais eficiente para gerir os pedidos de internação, o Ministério da Saúde já deu ao estado o controle de 64 dos 164 leitos da rede federal. O restante e as 699 vagas em hospitais municipais no estado - informadas no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES) - continuam geridas pelos respectivos gestores.

Sem ter o controle sobre todas as vagas do sistema público no Rio, o governo do estado alega ter dificuldades para administrar os cerca de 38 pedidos de internação por dia.

- Bom seria se todas as vagas estivessem sob a nossa gerência. Estamos conversando, mas temos que respeitar a autonomia do municípios. Eles não cedem vaga para a regulação, mas pedem os leitos do Estado. E isso sobrecarrega a nossa rede - comenta a chefe de assessoria parlamentar da secretaria, Fabiane Gil.

Leia a íntegra da reportagem no GLOBO Digital , (somente para assinantes)

MORTES NO CTI - CHEGAM A 8,6 POR DIA. 32.3% MAIOR

CRISE NA SAÚDE. Média de óbitos do último trimestre chega a 8,6 por dia nos CTIs públicos e é 32,3% maior que a dos últimos dois anos - 15/11/2010 às 23h18m; Daniel Brunet

Quando a costureira Naíde Souza de Farias, de 76 anos, voltou a passar mal, no dia 7 de junho, ela procurou a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Engenho Novo, onde tinha sido liberada após receber atendimento dias antes. Diagnosticado um infarto, ela foi internada e, no dia seguinte, sofreu uma parada cardíaca, entrando na fila de espera por vaga no CTI . Foi o início de uma via-crúcis, que terminou com a morte da costureira. Dramas parecidos têm sido cada vez mais comuns: nos últimos três meses, 776 pessoas perderam a vida na fila de espera dos Centros de Tratamento Intensivo (CTIs) no estado.

A média de óbitos do último trimestre - 258 por mês ou 8,6 por dia - é 32,3% maior que a dos últimos dois anos e mostra o aumento da crise na rede pública de saúde no Rio, que será mostrada por um série de reportagens do GLOBO a partir de hoje.

Os dados são parte de um levantamento inédito da Central de Regulação de Leitos do Estado, que foi enviado aos ministérios públicos federal e estadual e ao qual O GLOBO teve acesso. Para dar fim à fila, é preciso acabar com o déficit de vagas, estimado em 510 leitos por médicos, especialistas e representantes do governo ouvidos pelo GLOBO. A maior necessidade é de vagas para adultos.

Reportagem de Daniel Brunet na edição desta terça-feira mostra que por causa dessa carência, a cada dez pacientes que precisam de tratamento intensivo, seis vão imediatamente para a fila de espera, segundo o estudo da Central de Regulação do Estado. Dos 26.980 pedidos de internação em CTI feitos ao órgão entre 4 de novembro de 2008 e 15 de outubro de 2010, apenas 9.603 - ou 36% - foram atendidos. Nesse aspecto, todos os dias, as três esferas do poder público no Rio infringem o artigo 196 da Constituição federal, que define o acesso à saúde como direito de todos e dever do Estado.

Leia mais: Governo estadual prevê a ampliação da oferta de vagas em sua rede
A portaria 1.559/08 do Ministério da Saúde define que a Central de Regulação de Leitos, sob a gerência da Secretaria estadual de Saúde e Defesa Civil (Sesdec), deve intermediar as internações nos hospitais estaduais e municipais. Por entender que uma central única de regulação é a forma mais eficiente para gerir os pedidos de internação, o Ministério da Saúde já deu ao estado o controle de 64 dos 164 leitos da rede federal. O restante e as 699 vagas em hospitais municipais no estado - informadas no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES) - continuam geridas pelos respectivos gestores.

Sem ter o controle sobre todas as vagas do sistema público no Rio, o governo do estado alega ter dificuldades para administrar os cerca de 38 pedidos de internação por dia.

- Bom seria se todas as vagas estivessem sob a nossa gerência. Estamos conversando, mas temos que respeitar a autonomia do municípios. Eles não cedem vaga para a regulação, mas pedem os leitos do Estado. E isso sobrecarrega a nossa rede - comenta a chefe de assessoria parlamentar da secretaria, Fabiane Gil.

Leia a íntegra da reportagem no GLOBO Digital , (somente para assinantes)

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

SAÚDE: PRIORIDADE OU FUMAÇA?

Saúde: prioridade ou fumaça?, por Renato Soares Gutierrez, Médico - Zero Hora 12/11/2010.

É mais do que evidente que os governantes eleitos têm o sagrado direito de escolher suas equipes de trabalho. Mas, com os mesmos fundamentos, têm os eleitores o direito de comentar essas escolhas.

Como predominam no Brasil, desde sempre, as escolhas por critérios político-partidários, caberia, acho, algumas considerações sobre onde caberiam cuidados maiores, através do uso de critérios técnicos e da exigência de currículos profissionais mais consistentes.

De hábito, a área econômica não tem revelado surpresas, porque os escolhidos são profissionais com formação de graduação e pós-graduação na área, a maioria dos quais com experiências bem-sucedidas em governos anteriores, vide a recente indicação de Arno Augustin pelo governador eleito. Observe-se, na segurança e na cultura, a mesma linha, ou seja, o governador inclina-se pelo profissionalismo.

A saúde, no entanto, historicamente tem sido remetida ao “sorteio dos bifes”: escolhem-se seus titulares em contas numéricas (determinada agremiação solicita 19,5%!), ou pelo aplacamento da inconformidade dos suplentes, redundando na nomeação de vários advogados, economistas e alguns obscuros médicos, cuja militância sempre esteve nas bancadas políticas legislativas e muito pouco, ou nada, nas universidades, hospitais, postos de saúde e setores de coordenação da saúde pública.

Colocada como uma de duas prioridades do futuro governo Dilma, e certamente entre as maiores do futuro governo Tarso, fica difícil de entender que a saúde dos gaúchos e brasileiros vá manter essa escrita de lamentáveis memórias e muito escassos resultados.

Senão, vejamos: o setor da saúde entendido como “saúde pública”, os programas contra algumas doenças ou agravos previsíveis, vai razoavelmente bem (apesar dos recuos em alguns setores antes muito bem-sucedidos). A assistência aos que adoecem vai de mal a pior, imperam a desorganização, a falta de objetivos definidos, a ausência quase completa de planejamento com indicadores de saúde e operacionais, mesmo para o mais elementar tipo de avaliação, e a enorme mistificação, de todos os partidos, quanto aos programas de saúde da família como a única – e mágica – solução para tudo.

Faltam leitos e recursos? Certamente, mas também é certo que o desperdício é enorme, especialmente pelos gastos com atividades teóricas, em grande parte inúteis, como simpósios, seminários e workshops, que propiciam viagens em números alucinantes, para as melhores estâncias turísticas do país, de resultados jamais auferidos.

Urge, portanto, que a saúde seja finalmente contemplada com gente altamente qualificada, por seus currículos e sua experiência pregressa, e que seus projetos sistêmicos, em particular quanto à assistência médica, possam ser apreciados a partir do início dos governos, dando chance a que o eleitorado possa avaliar os resultados desses mandatos, que são a esperança de tanta gente.

Sem medo de errar, afirmo que os brasileiros, em sua maioria, estão esgotados com essa retórica, pernóstica e vazia, da afirmação de prioridades que se esvaem como fumaça, já nas primeiras brisas, mesmo as mais leves.