terça-feira, 23 de junho de 2015

A AGONIA DOS HOSPITAIS



ZERO HORA 23 de junho de 2015 | N° 18203


EDITORIAIS



Uma perversa combinação de redução no repasse de recursos com problemas crônicos agravou abruptamente a situação dos hospitais gaúchos que atendem pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O quadro é mais preocupante no caso das instituições filantrópicas, que no Rio Grande do Sul atendem 75% dos pacientes do sistema. Como a agudização da crise ameaça a realização de milhões de procedimentos anuais, a situação precisa ser enfrentada agora, antes que os danos se disseminem por centenas de municípios gaúchos, prejudicando a saúde da população.

O SUS, que teve como um de seus principais méritos a universalização do atendimento, sofre particularmente pela falta de alocação de recursos oficiais necessários para assegurar um mínimo de eficiência nessa área. A particularidade de a gestão ser tripartite, com responsabilidades financeiras que se diluem no âmbito da União, dos Estados e dos municípios, contribui para agravar o problema. O fato concreto, porém, é que o ajuste fiscal reduziu as verbas federais para a saúde pública, o Estado descontinuou repasses que já vinham em atraso desde o governo anterior, e os municípios não têm cacife para bancar o que falta.

Os dramas que essa situação provoca exigem ações imediatas. Líderes políticos e representantes das três instâncias da federação precisam se unir e encontrar saídas eficazes e imediatas. A regionalização do atendimento pode ser uma alternativa, mas não é a única. É preciso melhorar a gestão dos hospitais, pagar os servidores em dia e garantir logo um atendimento menos indigno aos pacientes.

domingo, 21 de junho de 2015

A FALTA DE REPASSES FAZ MUNICÍPIOS INVESTIREM MAIS EM SEUS HOSPITAIS



ZERO HORA 21 de junho de 2015 | N° 18201


SAÚDE TERMINAL. Municípios investem mais do que a lei exige

A falta de repasses estaduais e federais vem forçando os municípios a investirem cada vez mais em seus hospitais. Segundo dados do Tribunal de Contas do Estado (TCE), dos 497 municípios gaúchos, 229 aplicaram, em 2014, entre 20% e 30% do que arrecada com impostos. Sendo que a exigência mínima legal é de 15%. Do total, oito chegaram a aplicar mais de 30% e apenas um, Porto Lucena, investiu menos (14,59%).

Conforme a Famurs, os municípios destinam cerca de R$ 80 milhões mensais ao atendimento nos hospitais públicos e filantrópicos. Responsável pela operação do Hospital Centenário, a prefeitura de São Leopoldo, no Vale do Sinos, gastou 38,8% da arrecadação de impostos em saúde. Mas nem o topo do ranking de investimentos garantiu a excelência esperada.

Na última segunda-feira, os médicos decidiram entrar em greve, alegando salários atrasados há nove meses. Antes disso, em 1º de junho, o município havia anunciado a decisão de não mais atender a pacientes de cidades vizinhas nas especialidades de neurologia e neurocirurgia. Com credencial de alta complexidade desde 2012, a Secretaria de Saúde local diz não receber da União recursos capazes de dar suporte ao atendimento dos pacientes de toda a região de abrangência, estimada em 800 mil habitantes.

A reclamação é que, enquanto São Leopoldo recebe R$ 1,9 milhão oficiais, a vizinha Novo Hamburgo tem direito a R$ 4,9 milhões. Por isso, a prefeitura leopoldense tenta renegociar os valores com a União, uma vez que o Estado já descartou aumento nos repasses.

– O Estado está absolutamente surdo conosco. Alega que não tem recursos. Não abre negociação para nada – reclama o secretário de Saúde, Júlio Galperim.

Médico de formação, o prefeito Anibal Moacir afirma que decidiu abrir mão de serviços e obras em outras áreas da administração para tentar garantir a manutenção dos serviços do hospital.

– Se tivesse orçamento sobrando, investiria mais em capina e varrição. Além disso, várias ruas e calçamentos são pedidos para mim, e não posso fazer porque estou investindo na saúde. Mas a saúde é o mais importante de tudo – sentencia.



Estado quer regionalizar atendimento

Titular da Secretaria Estadual de Saúde desde janeiro, o médico João Gabbardo planeja reformular a estrutura de saúde pública. A redistribuição do atendimento, que começará pelos hospitais do Litoral Norte e mais tarde deverá ser implementada nas outras regiões, prevê o estabelecimento de instituições regionais capazes de atender a casos graves ou complexos, com UTI, UTI Neonatal e médicos de todas as especialidades. As instituições menores, que receberão casos mais simples, também funcionarão como pontos de triagem do sistema e, em caso de necessidade, enviarão os pacientes para os hospitais regionais. Apenas procedimentos de alta complexidade, como transplantes de órgãos, seriam enviados para os grandes centros, como Porto Alegre.

– Os regionais, para atenderem às situações de maior gravidade, não podem receber os casos simples. Esses têm de ficar nos hospitais menores. Além disso, os hospitais menores têm de estar harmonizados com o atendimento dos ambulatórios, com os postos do Programa de Saúde da Família (PSF), com as Unidades Básicas de Saúde e com as UPAs, que farão o atendimento ambulatorial – explica Gabbardo.

ORÇAMENTO PASSA POR READEQUAÇÃO

O secretário diz que a distribuição do atendimento será estudada de forma individual, considerando as características de cada região. No caso do Litoral, como não há um hospital de grande porte capaz de centralizar as operações, o atendimento de alta complexidade será dividido entre Tramandaí, Capão da Canoa e Osório.

Segundo Gabbardo, o modelo irá racionalizar os recursos, evitando um grande número de internações hospitalares desnecessárias. Conforme ele, 25% das internações registradas no país são de pessoas que precisariam de algum tipo de auxílio mas que não teriam de ser hospitalizadas.

– A gente não vai fazer isso de uma hora para outra. Mas, em algum momento, a gente tem de começar – afirma Gabbardo.

O secretário ainda discorda do que os dirigentes de hospitais chamam de corte de recursos. Segundo ele, as instituições receberão em 2015 um valor maior do que o pago no ano passado. Com os números na memória, o secretário escreve em uma folha em branco a progressão dos valores repassados aos hospitais nos últimos anos – R$ 150 milhões (2010), R$ 300 milhões (2011), R$ 450 milhões (2012) e R$ 600 milhões (2013). Sobre 2014, diz que, embora o prometido pelo Estado tenha sido R$ 1,1 bilhão, na prática, as instituições embolsaram R$ 900 milhões – a diferença deve-se ao não pagamento, pelo governo, dos valores referentes a outubro e novembro, recursos para os quais, segundo ele, não há no momento a menor perspectiva de pagamento.

Empenhando no que chama de “adequação dos gastos com o disponível no orçamento”, Gabbardo diz que o aperto no orçamento da secretaria inclui gastos com passagens, telefones, diárias, treinamentos, combustíveis e consultorias.




“Tu colocas mais dinheiro no sistema, mas isso não se reverte para a população”

JOÃO GABBARDO, Secretário estadual de Saúde



ZH falou com o secretário na tarde de sexta-feira. Ele afirma que os gestores de hospitais filantrópicos reclamam injustamente do corte do incentivo para a realização de atendimentos via SUS. Segundo Gabbardo, em 2015 as instituições receberão mais recursos do que em 2014. O secretário também rebate as críticas sobre a redução no valor pago mensalmente pelo Estado pela produção das instituições. Conforme ele, o objetivo da medida é garantir o cumprimento dos contratos, evitando que recebam por serviços não executados.

Quais as causas da atual crise dos hospitais?

Neste momento, o que está aparecendo mais é uma insatisfação dos hospitais com o fato de não estarmos mantendo o incentivo (conhecido como Ihosp) para atendimentos SUS nos filantrópicos do Estado. Há uma tentativa de demonstrar que a falta deste recurso vai trazer prejuízo à população. Então, agora, qualquer coisa que acontece, dizem: “Isso aí é por falta do Ihosp, isso aí é por falta do Ihosp”. Tem hospitais que não têm nada a ver. Os casos de Capão da Canoa e Torres não têm nada a ver com a questão financeira. No entanto, estão dando como exemplo: “Está aí, mais dois hospitais que estão deixando de atender”. Isso faz parte da questão política do processo. Querem passar para a população essa ideia. Para demonstrar que esse dinheiro vai fazer falta, a Santa Casa (da Capital) chega e anuncia: vai fechar cem leitos. Qual a repercussão para a população? Que todas aquelas pessoas que se internavam na Santa Casa vão deixar de ser atendidas. Não é verdade. A PUC ofereceu substituir os atendimentos que a Santa Casa não quer fazer. Então, se um não quer fazer, outro vai fazer. Nós temos alternativas para isso.

Por que o senhor discorda dos valores pedidos pelos hospitais?


Como é que vou entender que, no Brasil inteiro, todo mundo atende pela tabela (do SUS)? Eles dizem que a tabela tem uma defasagem de 40% a 50%. A gente está passando, como incentivo, mais do que os 40% ou 50%. Muito mais. Para cada R$ 1 que eles recebem pela produção de serviços, a Secretaria da Saúde bota, em média, mais R$ 3,50. Então, se a tabela tem uma defasagem de 40% a 50%, como é que tu botas R$ 3,50, de média, e não resolve o problema? Como é que se explica? É média: para alguns, dá menos, para outros, dá mais. Tem hospitais que recebem R$ 7 para cada R$ 1 do SUS. Este é um outro problema: a Secretaria de Saúde fez convênios no passado com diferentes hospitais, com sistemáticas diferentes de valorização. Então, alguns hospitais estão recebendo mais do que deviam. Não tenho a menor dúvida disso. E tem hospitais que estão recebendo menos. Não houve um processo harmônico.

O que levou o Estado a reavaliar os valores referentes à produção repassados aos hospitais?

A forma como foram feitos os contratos no passado. Os hospitais recebiam por produção. E se mudou isso um pouco nos últimos anos. Passou-se a repassar recursos globais para os hospitais, independentemente da produção, com valores fechados. Isso faz com que muitos hospitais recebam aquele valor, mas terminem entregando menos do que deviam, para não faltar ou para sobrar dinheiro. Então, tu botas mais dinheiro no sistema, e a população continua sendo prejudicada. Porque, quando tu fazes isso, prevendo que o hospital vai fazer 300 internações em um mês e ele faz 200, tu deixaste 100 internações sem ocorrer. O cidadão vai correr de um hospital para outro, porque o primeiro está dizendo que não tem vaga e que não atende mais, porque não quer atender mais. Então, tu colocas mais dinheiro no sistema, mas isso não se reverte em favor da população. Pelo contrário: a população fica ainda mais prejudicada.

Isso vai ser revisto?

Já estamos revendo. Estamos descontando, inclusive, os valores que eles receberam e que não atenderam. Isso nunca foi feito.

O SUS E A MÁ GESTÃO


ZERO HORA 21 de junho de 2015 | N° 18201


MARCELO MONTEIRO E MAURÍCIO TONETTO

SAÚDE TERMINAL. O SUS e a má gestão, por especialistas



A medicina denomina falência múltipla de órgãos os casos de morte causados por uma sequência de fatores desencadeados sucessivamente, culminando com o colapso do organismo. Segundo agentes envolvidos com a gestão da saúde consultados por ZH, uma série de problemas do passado e do presente ameaça o futuro dos hospitais que atendem pelo SUS (leia no quadro o jogo de empurra).

Para o presidente do Sindicato Médico do RS, Paulo de Argollo Mendes, uma chaga que atinge os hospitais é a falta de profissionalismo na gestão:

– Muito frequentemente, hospitais do Interior são geridos de maneira amadorística, sem administração qualificada, e isso, naturalmente, resulta em dificuldades – aponta Mendes.

Sérgio Freitas, sócio-diretor da Falconi Consultores – empresa que já trabalhou em hospitais como o Einstein, de São Paulo –, afirma que a preocupação com o profissionalismo em administrar instituições de saúde é um fenômeno recente no Brasil.

– Isso ainda é novo. E, às vezes, instituições menores sentem muito mais isso, sofrem mais com as dificuldades que encontram.

Segundo ele, uma razão para a crise em alguns hospitais está no porte das instituições. Na opinião de Freitas, unidades com menos de 40 leitos não são viáveis economicamente – uma vez que a estrutura básica a ser mantida exige a presença de um mínimo de profissionais de diversas áreas. Nos hospitais pequenos, no entanto, sem a possibilidade de otimizar a estrutura e garantir ganhos em escala, o surgimento de dificuldades financeiras é apenas questão de tempo.

– Em vários Estados e municípios, ter um hospital era visto como um sinônimo de boa atenção em saúde. No entanto, quando você cria hospitais deste porte, eles não têm escala para sobreviver.

Neste aspecto, a situação gaúcha torna-se particularmente grave. No Estado, segundo a Secretaria de Saúde, existem 188 instituições com menos de 50 leitos, incluindo filantrópicas, privadas e municipais.

A professora Lígia Bahia, do Laboratório de Saúde Pública da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), lembra que outra falha envolvendo a gestão do SUS é a falta de planejamento para que o projeto, em teoria excelente, torne-se positivo à população.

– O SUS está no chão, infelizmente. Na realidade, ninguém fala em SUS. O governo federal cita alguns programas – Mais Médicos, Mais Especialidades –, mas o SUS não veio ao debate nas duas últimas eleições presidenciais. As questões são: quem será atendido? Quem paga? Como vai ser? Com que qualidade? Esse debate, desde que o SUS foi aprovado na Constituição, jamais foi pautado.

CONTRAPONTO

FRANCISCO FERRER, PRESIDENTE DA FEDERAÇÃO DE SANTAS CASAS E HOSPITAIS FILANTRÓPICOS. Temos trabalhado, por meio da federação, com capacitação na área de gestão hospitalar. É raríssimo o hospital onde não se encontra um profissional graduado ou em caminhos de. Não concordo que exista problema de gestão à medida que, em uma relação extremamente deficitária, ninguém faz gestão. Ninguém faz gestão em uma relação de subfinanciamento.


SAÚDE TERMINAL. HOSPITAIS AGONIZAM


Hospitais que atendem pelo SUS agonizam no Estado Carlos Macedo/Agencia RBS
ZERO HORA 21 de junho de 2015 | N° 18201


MARCELO MONTEIRO E MAURÍCIO TONETTO
Colaborou Humberto Trezzi




DÍVIDAS COM FORNECEDORES, BANCOS E FUNCIONÁRIOS COM SALÁRIOS ATRASADOS superam R$ 1,2 bilhão. Ainda há cortes nos repasses de verbas estaduais e federais. A REALIDADE DA SAÚDE PÚBLICA NO ESTADO É TERMINAL. A curto e médio prazos, instituições filantrópicas, que atendem a 75% do sistema SUS no RS, devem eliminar 4,6 milhões de procedimentos gratuitos à população

Os hospitais gaúchos que dependem de recursos oficiais para sobreviver estão agonizando. A crise nas instituições que atendem pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no Estado é como uma doença terminal. Entubadas na UTI, muitas respiram por aparelhos, à espera de uma cura que parece cada vez mais distante.

Presentes em 197 dos 497 municípios gaúchos, os 245 hospitais filantrópicos enfrentam dificuldades sem precedentes. Com dívida total superior a R$ 1,2 bilhão relativa a bancos, fornecedores, tributos, salários e encargos trabalhistas, as instituições estão, uma a uma, tendo de readequar o atendimento a novos padrões orçamentários, em razão da queda dos repasses governamentais.

A partir de agora, a cada renovação de contrato com o SUS, a tendência é de redução no volume de atendimentos pactuado com o Ministério da Saúde. No curto e médio prazos, a consequência será a perda de 4,6 milhões de procedimentos anuais, incluindo internações (46,7 mil), exames (2,8 milhões) e procedimentos ambulatoriais (1,8 milhão). No longo prazo, há o risco de que muitas instituições fechem as portas.

– A agudização do quadro se deu quando este governo (Sartori) cortou o cofinanciamento e disse que nada deve. Aquilo que usávamos para pagar despesas correntes voltou a faltar – diz o presidente da Federação das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos, Francisco Ferrer.

O dirigente refere-se à suspensão do repasse anual de R$ 300 milhões (R$ 25 milhões mensais) para santas casas e hospitais filantrópicos, anunciado pelo governo em janeiro e confirmado na última quarta-feira pelo secretário adjunto da Saúde, Francisco Paz. Além dos valores referentes a 2015, o Estado ainda deve às instituições R$ 132,6 milhões – que correspondem a outubro e novembro de 2014. Para completar, os recursos hoje já insuficientes tendem a ficar ainda mais escassos, com a decisão da União de reduzir o orçamento de 2015 do Ministério da Saúde em R$ 11,77 bilhões.

A crise nos hospitais não é de hoje. Segundo administradores hospitalares e gestores públicos ouvidos por ZH, a criação do SUS, em 1988, determinando a universalização do atendimento sem ampliar proporcionalmente a estrutura de saúde foi o primeiro de uma série de equívocos cometidos ao longo dos anos, uma ferida ainda aberta, que causa a hemorragia de recursos. E, pior do que isso, a precarização dos serviços. A lista de causas para a crise ainda inclui a defasagem na tabela de serviços do SUS, falhas na organização do sistema e a indisponibilidade de médicos em algumas áreas.

No país, os 1.753 hospitais filantrópicos respondem por 54% dos atendimentos via SUS. No Estado, as 245 instituições do gênero atendem a 75% dos pacientes do sistema, o que torna a dependência de recursos oficiais ainda mais dramática.

– O SUS, do ponto de vista teórico, é maravilhoso, mas, na prática, se consubstanciou uma dificuldade tremenda na operacionalização – avalia Ferrer.

CORTES NO ATENDIMENTO APÓS SILÊNCIO OFICIAL

Os efeitos da crise espalham-se em metástases Estado afora. Em abril, os hospitais deram ao Piratini prazo de 30 dias para repassar recursos, sob pena de redução de 15% a 20% nos atendimentos eletivos (quando não há urgência ou emergência). Diante do silencio oficial, a ameaça foi colocada em prática.

Em Ijuí, o Hospital de Caridade, referência em serviços de alta complexidade para cem cidades, demitiu 10% do seu quadro de 120 funcionários e encerra, nos próximos dias, um novo contrato com o SUS. Em julho, o percentual de 80% de atendimentos gerais pelo sistema cairá para 70% devido à falta de verba do Estado, à defasagem da tabela do SUS e ao não pagamento por serviços prestados em 2014 – cerca de R$ 9 milhões. Com a diminuição da equipe, a estrutura não terá condições de receber a demanda de hoje do SUS para a região – cerca de 35 mil procedimentos mensais.

– Não vemos luz no fim do túnel. Não temos a solução interna. Dependemos da sensibilidade dos governos. Imagina um colapso? Não podemos esperar isso acontecer – alerta João Leone diretor-executivo do hospital.

SEM DINHEIRO, SEM SAÚDE


Em Sobradinho, no Vale do Rio Pardo, em vez de pacientes, enfermeiros e médicos, o que se vê em uma das alas do Hospital Sebastiany são quartos vazios e colchões espalhados pelo corredor. A instituição fechou 30 leitos do SUS por sete dias – de 13 a 19 de junho. Na última sexta, o Estado fez um apelo prometendo novas negociações sobre os pedidos do hospital, que sofre com a falta de repasses. Os últimos dois anos foram de contenção de gastos e mais de 20 demissões – quatro somente neste mês. Cansado de esperar pela correção da tabela do SUS, o gerente do hospital, Júnior Ycastro, estuda uma fusão com uma instituição filantrópica da cidade vizinha de Segredo.

– Estamos buscando recursos só para manter a estrutura, e isso é frustrante. Se eu pensar a médio e longo prazos, talvez nem tenhamos hospital aqui – lamenta o gerente do Sebastiany.

A falta de instituições, de leitos e atendimento hoje já faz uma multidão sair de sua cidade todo mês em busca de tratamento com especialista.

A cada 30 dias, 192 mil pacientes – equivalente a uma cidade como Passo Fundo – transitam atrás de atendimento de média e alta complexidade em outros municípios. A conclusão, que consta em levantamento da Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs), é que um dos principais problemas do atual sistema de saúde pública do é a má distribuição dos recursos e das estruturas de atendimento.

No último dia 8, no lançamento do edital de licitação para a construção de 1.052 leitos na Região Metropolitana, o secretário estadual de Saúde, João Gabbardo, anunciou a intenção de expandir e qualificar os leitos, de forma racional, regionalizando o atendimento de média e alta complexidades, o que, segundo ele, garantiria melhores resultados aos pacientes que buscam a rede pública:

– Sem a descentralização, vamos afogar cada vez mais os grandes centros – afirmou.

Conforme pesquisa da Famurs, que compilou dados fornecidos de 133 prefeituras, Porto Alegre é a cidade que mais recebe pacientes: em média, 53 mil por mês. Outros municípios, juntos, recebem mensalmente mais de 139 mil pessoas. A principal razão para o deslocamento é a dificuldade de acesso a consultas, exames e cirurgias de alta e média complexidade, problema enfrentado por 98,5% das cidades – as maiores deficiências estão nas áreas de traumatologia, urologia, oftalmologia, cardiologia, ortopedia e neurologia.

Por isso, o presidente da Famurs, Seger Menegaz, considera correta a ideia de descentralização proposta pelo governo:

– O sistema de regulação do Estado precisa ser reavaliado. Temos de identificar bem isso para saber onde investir, em vez de ficarmos transportando toda essa gente. Temos de investir em hospitais microrregionais de determinadas especialidades.

Em todo o Estado, a estimativa é de que, juntos, os 497 municípios contabilizem cerca de 250 mil exames, consultas e cirurgias reprimidos ou não realizados por falta de recursos e estrutura.











sábado, 13 de junho de 2015

PACIENTES, CURAI-VOS



ZERO HORA 13 de junho de 2015 | N° 18192


ABIGAIL ZUGER, THE NEW YORK TIMES

TRATAMENTO DIGITAL. Propostas controvertidas de um médico americano para a medicina do futuro

Eric Topol é cardiologista do Instituto de Ciência Translacional Scripps em La Jolla, na Califórnia, nos Estados Unidos, e também é editor-chefe do site Medscape (medscape.com). Com o cargo de “professor de medicina inovadora”, ele prega o fim da medicina conforme a conhecemos e o surgimento de um tratamento rigoroso, digitalizado, preciso e economicamente viável.

Em seus dois livros – The Creative Destruction of Medicine (A Destruição Criativa da Medicina, em tradução livre) e The Patient Will See You Now (O Paciente Irá Recebê-lo) –, ele descreve os avanços da medicina na última década e todas as ferramentas desse novo mundo, como a análise do genoma, sensores de smartphone e bancos de dados gigantes.

A principal tese de Topol é a de que os velhos tempos do “quem manda é o médico” ficaram no passado. Os doutores não terão mais o controle dos dados, nem dos tratamentos ou dos lucros. Em vez disso, a humanidade finalmente terá acesso a tratamentos verdadeiramente democráticos.


- Não haverá mais a necessidade de consultas ofensivas e difíceis. Smartphones com os aplicativos e aparelhos certos substituirão com tranquilidade a análise, a explicação e a transmissão de todos os dados fisiológicos para os médicos, geralmente sem a necessidade da presença física do paciente.

- Não haverá mais hospitais. Topol prevê que o quarto de hospital do futuro será o quarto de casa, preparado para a ocasião com todos os sensores portáteis necessários e serviços dignos do hospital. Os pacientes receberão seus dados nos seus próprios aparelhos, sob o próprio controle.

- O “achismo” não será mais um problema na hora de escolher os remédios. Os padrões genéticos irão facilmente distinguir as pessoas que se beneficiam ou não de um medicamento. A seleção das drogas se tornará segura o bastante para que, sob determinadas circunstâncias, a automedicação seja possível.

- Os diagnósticos médicos serão simplificados: os médicos não terão mais dificuldades de esclarecer doenças e sintomas com inúmeros exames. Em vez disso, páginas da internet repletas de sequências de genes em todas as formas de cálculos de risco biológico e comportamental serão capazes de fornecer um diagnóstico instantâneo. O paciente poderá muito bem ser o responsável pelo diagnóstico e, então, apresentá-lo ao médico, já que todas as informações estarão gratuitamente disponíveis.

Isso tudo é possível?

Existe a possibilidade de que alguma dessas previsões venham a se concretizar. Mas é preciso pensar em certas questões.

Há o problema da privacidade. Os dados médicos não estarão mais seguros. Os dados do genoma são especialmente sensíveis, mas não existe ainda um consenso em relação a como protegê-los. À medida que as discussões prosseguem, ninguém parece disposto a armazenar seu genoma na nuvem, nem permitir que sensores eletrônicos entrem em sua corrente sanguínea nos próximos anos.

Além disso, há o argumento de que o tratamento médico consiste em muito mais do que a gestão de dados, ou mesmo das doenças. Um mundo inteiro de cuidado, aconselhamento, conversas e toque contraria a ideia do paciente como uma planilha na tela do computador.

Existe ainda a questão filosófica em torno do que todos os pacientes realmente querem para serem seus próprios médicos. Certamente, pessoas que se envolvem em seus próprios tratamentos se saem muito melhor que os distantes. Mas até que ponto as pessoas devem se envolver? Quando o envolvimento se torna um pesar? Existem muitas coisas melhores para se fazer do que ver o estado dos nossos órgãos. Às vezes, faz sentido deixar que outras pessoas façam isso por você.

terça-feira, 9 de junho de 2015

SANTAS CASAS ESTÃO SE ESFORÇANDO PARA NÃO FECHAR AS PORTAS

NOTÍCIAS UOL 09/06/201506h00
 


Edson Rogatti Especial para o UOL



Quanto vale a saúde? Para responder essa questão, é preciso abrir as contas do governo e ver o que há disponível no orçamento. A importância do setor, no entanto, não se reflete no montante destinado a atender suas necessidades. Enquanto os hospitais trabalham para se manter em funcionamento, a população sofre com o descaso dos governantes.

Nos Estados, os gestores estão fazendo cortes de até 30% na contratação de serviços de saúde, prejudicando os atendimentos, manutenção e gestão dos hospitais que atendem o SUS (Sistema Único de Saúde). E, mesmo com a declaração do ministro de que os cortes no orçamento federal não afetariam as Santas Casas e outras áreas, é sabido que os recursos não serão suficientes para encerrar o ano.

Além disso, o governo federal atrasou os repasses dos pagamentos da MAC (Média e Alta Complexidade), o que causou um efeito cascata nas contas de Estados e municípios, que também estão atrasando os pagamentos aos hospitais.

No Rio Grande do Sul, por exemplo, o atual governo ainda não conseguiu acertar o débito deixado pelo governo anterior, pagando apenas 45% da MAC no último mês, o que gerou manifestações e uma paralisação dos serviços prestados ao SUS por 90% das Santas Casas e hospitais sem fins lucrativos do Estado.

Some-se a isso a falta de reajustes nos modelos de pagamento, quer sejam pela tabela SUS, quer seja na contratualização. O número já é conhecido: para cada R$ 100 gastos pelo hospital, na média nacional, o SUS paga apenas R$ 65. Essa defasagem é uma das principais causas para a dívida global de aproximadamente R$ 17 bilhões, acumulada por Santas Casas e hospitais sem fins lucrativos que atendem o SUS. Esse montante refere-se a bancos, fornecedores e dívidas tributárias.

Já na contratualização, os hospitais não têm segurança da continuidade dos contratos e não há a previsão legal de uma cláusula que garanta a regularidade dos pagamentos devidos e reajuste anual, como já é exigido, inclusive, nos contratos entre planos de saúde e prestadores de serviço.

Até 2005, inexistia contrato ou convênio formal assinado entre os gestores e prestadores de serviços ao SUS. Para estimular a formalização jurídica da contratação de serviços entre os hospitais e gestores, o Ministério da Saúde criou o IAC (Incentivo à Contratuaização), que deveria incrementar, de forma gradativa, os repasses aos hospitais contratualizados.

Contudo, nem todos conseguiram se contratualizar e receber 100% do incentivo antes que o governo, com o orçamento exaurido, mudasse sua política e frustrasse as expectativas dos prestadores de serviço. Há que se destacar, ainda, que muitos gestores têm retido os repasses desse incentivo sob as mais variadas alegações, aplicando um "calote" nos prestadores de serviços já debilitados financeiramente.

População penalizada

De tudo já se tentou: linha de crédito via BNDES, mas os juros cobrados não facilitaram a vida dos hospitais; Prosus, um programa de fortalecimento das entidades privadas filantrópicas e das entidades sem fins lucrativos que atuam na área de saúde, refinanciando os débitos, mas o prazo para adesão foi muito curto e a burocracia muito grande para ser atendida a tempo. Nenhumas dessas soluções paliativas, incluindo os incentivos dados pelo Ministério da Saúde, puderam resolver o problema definitivamente.

Chegamos a um ponto onde não apenas os hospitais são impactados com a falta de custeio e incentivo financeiro. A população também está sendo penalizada. O Setor Filantrópico de Saúde responde por cerca de 51% das internações realizadas pelo SUS, 60% dos tratamentos de câncer e transplantes, além de serem a única unidade de saúde na maioria dos municípios com menos de 30 mil habitantes. E, mesmo com essa crise, ainda é um dos poucos serviços de saúde cujos postos de trabalho foram mantidos, assegurando o emprego de milhares de profissionais.

Mas, sem o repasse necessário, Santas Casas e hospitais sem fins lucrativos já estão operando acima de sua capacidade e, ao contrário do que se pode pensar, não estão atendendo mais por falta de condições estruturais. Todos os dias novos leitos são fechados por falta de recurso, deixando de atender a sociedade. Muitas estão se esforçando para não fechar as portas, porque têm uma missão histórica a cumprir: atender os mais necessitados. Mas, sem a atenção dos governantes, a assistência torna-se um fardo.

Por esse motivo, a CMB (Confederação das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos), em parceria com suas federações estaduais e com os 50 maiores hospitais filantrópicos do país, lançou o Movimento Nacional das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos no SUS, tendo como base a campanha "Acesso à Saúde - Meu Direito é um Dever do Governo".

A iniciativa pretende esclarecer à sociedade sobre a situação de subfinanciamento do SUS e suas consequências à população, prestadores de serviços e profissionais. A ideia é expor a realidades da assistência desenvolvida em todas as regiões do país, incluindo o iminente colapso dos hospitais beneficentes e os graves efeitos aos SUS.

O objetivo é conscientizar e mobilizar a sociedade e, se possível, os governos e gestores, para garantir que medidas urgentes sejam tomadas em prol da saúde. Antes que não haja mais remédio.

sexta-feira, 5 de junho de 2015

A SAÍDA PELA EDUCAÇÃO



ZERO HORA 05 de junho de 2015 | N° 18184


EDITORIAIS




Com cerca de 6 milhões de inscritos, encerram-se hoje as inscrições para o Enem 2015, que abre aos estudantes brasileiros as portas da educação superior em mais de uma centena de instituições públicas, além de facilitar o acesso a programas como o Universidade para Todos (Prouni), o Ciências sem Fronteiras e o ingresso em vagas gratuitas de cursos técnicos oferecidos pelo Sistema de Seleção Unificada da Educação Profissional e Tecnológica (Sisutec). Maiores de 18 anos podem ainda obter a certificação do Ensino Médio por meio do Enem. Trata-se, portanto, de um dos maiores exames de avaliação do mundo, com perspectivas democráticas de acesso à educação superior para milhões de jovens que até há pouco tempo não tinham a mínima possibilidade de prosseguir nos estudos.

No momento em que o país atravessa mais uma crise econômica, com aumento crescente do desemprego, a qualificação pela educação é uma saída possível, que precisa ser bem administrada pelo poder público e bem aproveitada pelos candidatos. Em manifestação nesta semana durante debate na sede da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), em Paris, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, reiterou que, em pleno ajuste fiscal, o governo federal continua determinado a garantir educação de qualidade. E reconheceu que as vinculações constitucionais contribuíram para preservar repasses.

Ainda assim, até mesmo alguns dos atrativos do Enem, como os programas aos quais facilita acesso, foram atingidos. Dificuldades econômicas momentâneas não podem prejudicar a busca por educação de qualidade, num processo em que sistemas de avaliação como o Enem são fundamentais.

quarta-feira, 3 de junho de 2015

A VIDA DO BRASILEIRO EM NÚMEROS



ZERO HORA 03 de junho de 2015 | N° 18182


SAÚDE - DO CINTO DE SEGURANÇA AO MASCOTE



MENOS VISITAS AO DENTISTA do que deveria, mais cachorros do que crianças e mais mulheres do que homens indo ao médico. Pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística aponta dados sobre diversos fatores que influenciam a saúdeO Brasil é o país que mais tem dentistas no mundo – são 260 mil –, mas 55,6% dos brasileiros não frequentam o consultório de um profissional anualmente – a recomendação é que as visitam sejam semestrais. O uso de escova de dente, pasta e fio dental também deixa a desejar: apenas 53% da população utiliza os todos os três artigos de higiene.

Os dados são da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) 2013, divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O estudo analisou fatores que podem influenciar a saúde dos brasileiros – desde o uso do cinto de segurança até o convívio com animais de estimação.

Segundo o IBGE, 89,1% dos brasileiros escovam os dentes ao menos duas vezes ao dia, com percentuais maiores entre mulheres (91,5%), brancos (90,3%), formados no nível superior (97,7%) e na faixa etária de 18 a 29 anos (94,9%). Além disso, mais da metade dos brasileiros não troca as escovas de dente com menos de três meses de uso.

A PNS revelou ainda que, entre as pessoas com 18 anos ou mais, 11% perderam todos os dentes. Entre os brasileiros que estão acima dos 60 anos, o índice é de 41,5%. Ainda assim, a maior parte considera a saúde bucal ótima ou muito boa (67,4%). Os percentuais são maiores nas regiões Sudeste e Sul, com 72,2%, e cai para 58,8% no Nordeste.

Os números não têm comparação, uma vez que se trata da primeira edição da PNS. A pesquisa baseia-se em questionários aplicados em 6.069 Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e em 49.130 domicílios de todas as unidades da federação. As informações servem para a formulação de políticas públicas de promoção, vigilância e atenção à saúde do Sistema Único de Saúde.

Veja, ao lado, outros dados sobre a saúde dos brasileiros apontados pelo IBGE.





Resfriado que derruba


O mal-estar provocado por gripes e resfriados é o principal motivo alegado pelos brasileiros para se ausentar do trabalho ou nos estudos - 17,8%

O segundo são as dores nas costas, problemas no pescoço ou na nuca, apontados por 10,5% da população.

Em terceiro lugar estão as dores nos braços ou nas mãos, artrites, reumatismos e a Lesão por Esforço Repetitivo (LER), com 5,5% das respostas.

Empatadas, também em terceiro lugar, estão as lesões provocadas por acidentes ou por agressões ou violência de qualquer gênero, com o mesmo percentual.




Cuidado feminino


As mulheres brasileiras vão mais ao médico do que os homens. Segundo o IBGE, 71,2% dos entrevistados haviam se consultado pelo menos uma vez nos 12 meses anteriores à entrevista.

Entre as mulheres, o índice foi de 78%, contra 63,9% dos homens.

Elas também são mais aplicadas nos cuidados com os dentes: 47,3% das brasileiras disseram terem ido ao dentista uma vez nos 12 meses anteriores, ante 41,3% dos homens. A diferença também aparece na higiene bucal diária: 91,5% do público feminino pesquisado respondeu que escova os dentes duas vezes ao dia, ao passo que a taxa foi de 86,5% no masculino.
















Disparidade em acesso aos planos de saúde



Os brasileiros que declararam possuir planos de saúde correspondiam a 27,9% da população em 2013. Ainda que quase um terço da população tenha acesso ao serviço, pago principalmente pelos empregadores, há uma grande disparidade entre as grandes regiões do país. Embora uma parcela considerável da população disponha de plano, a maior parte dos brasileiros procura postos de saúde para um primeiro atendimento médico. De acordo com o IBGE, 47,9% buscam unidades básicas de saúde. Clínicas particulares são a opção da segunda maior parcela, de 20,6% da população.








Mais cães do que crianças


A população de cachorros em domicílios brasileiros supera em mais de duas vezes a de gatos. No Brasil, há hoje 52,2 milhões de cães e 22,1 milhões de gatos criados em casa.

O país tem mais cachorros do que crianças, já que, segundo os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), também de 2013, o Brasil tem 44,9 milhões de crianças de um a 14 anos. Os cães estão presentes em 28,9 milhões de residências, o que, em termos percentuais, equivale a 44,3% dos domicílios do país – e muitos brasileiros criam mais de um animal. A presença de cachorros é mais frequente em residências rurais (65%). Nos lares em área urbana, o percentual cai para 41%.



Sem cinto de segurança

Mais de 20% dos brasileiros afirmaram não usar cinto de segurança quando sentam no banco da frente de carros, vans ou táxis. Segundo a PNS, 79,4% da população sempre usa o equipamento no banco da frente.

A região brasileira em que há mais registro do uso do cinto de segurança no banco da frente é a Sudeste, com 86,5%, seguida pela Região Sul (86,2%). No Nordeste, o índice cai para 66%. Se no banco da frente o cinto não é usado por um em cada cinco brasileiros, no banco de trás, 50,2% afirma deixar de lado o equipamento.