sexta-feira, 29 de maio de 2015

PACIENTES MORREM À ESPERA DE VAGAS EM UTI PELO BRASIL

G1 BOM DIA BRASIL, Edição do dia 29/05/2015


Pacientes de urgência morrem à espera de vagas em UTI pelo Brasil. Bom Dia Brasil mostra drama de quem precisa de internação em Unidades de Terapia Intensiva, mas não consegue leito nem recorrendo à Justiça.




Pacientes de urgência sofrem com a falta de vagas de UTI pelo Brasil. Em alguns lugares, não adianta nem recorrer à Justiça.

Em Campo Grande, mesmo com determinação judicial, teve gente que morreu à espera de um leito. Os pacientes não podem ficar no pronto socorro por mais de 24 horas, por conta de uma decisão da Justiça. Mas a Secretaria Municipal de Saúde diz que não encontra vaga nos hospitais para todo mundo. Três pessoas morreram à espera de vagas em UTI, uma delas tinha uma liminar da Justiça.


Nas Unidades de Pronto Atendimento, tem gente sendo atendida até no chão. Também faltam respiradores. Os enfermeiros precisam se revezar no trabalho manual para manter vivos os pacientes mais graves. O governo prometeu abrir 20 novas vagas de UTI nos próximos dias, mas o déficit é de 180.

Em Goiás, só este mês, cinco pessoas morreram à espera de vagas em UTI. O Ministério Público recomendou que o estado abra mais leitos e que crie as salas de estabilização, para que o paciente fique até conseguir uma vaga de UTI. Os pacientes em estado grave têm ficado até 10 dias à espera de um leito. Duas crianças e três idosos morreram este mês na capital. As famílias estão procurando até a polícia para registrar boletim de ocorrência. A Secretaria de Saúde de Goiânia diz que está sobrecarregada pela falta de leitos de UTI no interior. Mas o estado diz que esse número é suficiente e abriu uma auditoria para avaliar o uso dessas vagas. Enquanto isso, o problema continua.

No Ceará, a Justiça obrigou o governo a abrir novos leitos. Um juiz federal determinou que os governos federal, do Ceará e as prefeituras de Fortaleza e Caucaia – na Região Metropolitana – implantem, pelo menos, 35 leitos de UTI, por ano, nos próximos quatro anos.

Quem vai fiscalizar é a Defensoria Pública da União, que entrou com a ação, depois de receber denúncias sobre pacientes que não conseguiram a internação mesmo com encaminhamento de urgência. Segundo a Defensoria, há um déficit no estado de 150 leitos de UTI. A Secretaria de Saúde de Fortaleza informou que ainda não foi comunicada oficialmente da decisão. E a Secretaria de Saúde do estado informou que vai implantar, até o fim do ano, 90 leitos de UTI.




Alexandre Garcia: 'Brasil não está em guerra, a não ser consigo mesmo'. Comentarista avalia drama dos brasileiros que dependem da saúde pública. Se precisar, pode não ter – e morrer com uma liminar na mão', dispara.






Imagina ter que recorrer à Justiça para que o Estado cumpra o que é dever constitucional dele, e é um direito também constitucional dos cidadãos, mas nem assim o serviço de saúde é prestado.



Imagine um país em guerra, com dificuldades de administrar a saúde pública. Só que o Brasil não está em guerra, a não ser consigo mesmo, como se vê o que acontece com a saúde pública, assim como a educação pública e a segurança pública.

Pessoas morrendo em filas, pacientes sendo atendidos no chão, como em um front de batalha ou em uma grande catástrofe. E não é de agora; vem piorando há muito tempo sem que os governantes consigam corrigir a incapacidade de atender a todos que precisam.

E os que mais sofrem são os que já tiveram dificuldades a vida toda, os que não têm como serem levados aos melhores hospitais, os que não podem pagar plano de saúde.

E se alguém pensa que não pode ficar pior, é bom lembrar do corte recém-anunciado de R$ 11,8 bilhões no orçamento federal da saúde. O marketing do Mais Médicos tampouco gerou efeitos que se notem, a não ser nas contas de Cuba.

É sempre necessária a medicina preventiva, sim. Mas a escola é a parte da saúde que precisa ensinar higiene e alimentação saudável. Porque se precisar de serviço público de saúde, pode não ter – e morrer com uma liminar na mão.

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