sexta-feira, 3 de outubro de 2014

MOBILIZAÇÃO COM MUITA FORÇA NA PERUCA



ZERO HORA 03 de outubro de 2014 | N° 17941


CIDADANIA PASSO A PASSO DA SOLIDARIEDADE



Febre nas redes sociais, campanhas para doação de fios a crianças e mulheres com câncer é a primeira etapa de um processo que envolve um trabalho de quatro dias. ZH mostra o caminho percorrido pelas madeixas até chegar às novas donas. O sonho de Eduarda Moro, 10 anos, depende da doação de cabelo de pelo menos duas pessoas e de um trabalho de quatro dias. Em recuperação após um transplante de medula, a menina aguarda para este mês uma peruca na Casa de Apoio do Instituto do Câncer Infantil (ICI), em Porto Alegre. As madeixas que cobrirão a cabeça raspada há quatro meses serão doadas pela ONG Cabelaço, que promove a confecção de perucas para crianças em tratamento com quimioterapia.

– Estou com muita saudade do meu cabelo, porque eu adorava usar tiaras, fazer tranças – relembra a garota.

Para que Duda volte a utilizar os adereços coloridos, são necessários 120 gramas de cabelos. Na perucaria, as mechas são separadas de acordo com a textura e a cor. Foi o que aconteceu com o cabelo doado por Laísa Castro, 24 anos: unido a outros fios castanhos lisos, formou a peruca que Genessi Mendes, 59 anos, recebeu na última quarta-feira. Diagnosticada com câncer de mama em julho, a dona de casa fez a primeira quimioterapia há dois meses – quando teve de raspar o cabelo, que já caía em grande quantidade.

O encontro entre as duas foi marcado por sorrisos emocionados e sentimento de gratidão.

– Ver que a dona Genessi está feliz é uma realização para mim. Um ato corriqueiro de uma pessoa pode mudar a vida de quem precisa – afirma a estudante de nutrição.

LETÍCIA RECEBEU DE VOLTA OS CACHOS

Estagiária do Instituto da Mama do Rio Grande do Sul (Imama), Laísa começou a trabalhar com a causa já com a intenção de doar cabelo. Como ainda não tinha os 15 centímetros mínimos necessários, esperou um mês para fazer o corte. Em poucas semanas, seus fios já estavam na vitrine do banco de perucas da instituição esperando por alguma mulher que quisesse cobrir a cabeça com um penteado chanel.

– Foi amor à primeira vista. Experimentei e adorei na hora – contou Genessi.

O cuidado das cerca de 200 perucas do Imama fica a cargo de Sandra Masiero, proprietária da estética Cabelo Mais. Ela financia a higienização e a manutenção dos adereços, além de transformar as mechas doadas em perucas – Sandra diz precisar de duas a três doações para fazer uma peruca. No local, lenços e chapéus também podem ser retirados por tempo indeterminado.

Supervisora de projetos do Imama, Rita de Cássia da Cunha ressalta que todo o cabelo é proveniente de doações espontâneas, não de campanhas. A cada semana são emprestadas de 10 a 15 perucas para mulheres que tratam do câncer de mama no Sistema Único de Saúde (SUS).

Há cinco meses morando na Casa de Apoio do ICI, Débora Letícia Tavares, 13 anos, teve uma surpresa há cerca de um mês. O cabelo cacheado, cortado no início do tratamento de quimioterapia, virou uma peruca e foi devolvido à menina de Vale do Sol, na região central do Estado.

– Já estava com medo de não ver mais as minhas molinhas – contou, enrolando um dos cachinhos que cobrem novamente sua cabeça.

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