sexta-feira, 15 de março de 2013

COMBATE À DENGUE É OBSTRUÍDA PELA INSEGURANÇA


ZERO HORA 15 de março de 2013 | N° 17372

DENGUE NA CAPITAL

Agentes ficam do lado de fora em 40% das residências. Visitas educativas para prevenir a dengue esbarram em recusas de moradores e em casas fechadas



O agente de combate a endemias Urubatã dos Santos ia começar a percorrer as ruas do bairro Chácara das Pedras, em Porto Alegre, na manhã de ontem. Ele iria fazer a quarta tentativa de vistoriar algumas casas quando a pedagoga Daiane Kaminski de Mello, 37 anos, parou o carro no meio-fio, baixou o vidro e perguntou:

– Tu és da vigilância sanitária?

Devidamente identificado, o rapaz foi conduzido até a casa de Daiane, uma quadra adiante, para conferir se os mosquitos que ela tinha guardado em um pote transparente eram ou não da dengue.

– Já tinha ligado para a prefeitura porque andava desconfiada que os mosquitos eram diferentes – comenta.

A confirmação de que se trata ou não do Aedes aegypti depende da análise laboratorial. A visita do agente é apenas de orientação, para banir possíveis focos do mosquito. No pequeno reservatório de uma fonte desativada no jardim, Santos coletou a primeira amostra de uma larva suspeita.

No pátio, o agente despejou água e colocou clorofila nos ralos. Também conferiu a quantidade de pastilhas de cloro na piscina e pediu uma escada para ver a calha. A cada passo, a moradora recebia uma orientação para manter a prevenção em dia.

– São ações muito simples. Se isso for feito uma vez por semana, já afasta o risco – ensina Santos.

Capital tem 25 casos autóctones da doença

O interesse de Daiane pelas lições do agente é exceção. De todas as investidas da equipe de combate à dengue na Capital, 40% esbarram na resistência dos moradores, informa a coordenadora do Controle Operacional de Dengue, Maria Mercedes Bendati.

– As pessoas cobram ação do poder público, mas elas precisam fazer sua parte para controlar a infestação – reforça a chefe da Divisão de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Estadual da Saúde, Marilina Bercini.

Porto Alegre contabiliza 25 casos contraídos na cidade. O Ministério Público estuda medidas legais para os casos em que os agentes são impedidos de entrar nas casas.

Tecnologia ajuda a prevenir doença

Em Porto Alegre, quando o agente de controle da dengue conclui a visita, ele cola uma etiqueta na casa. O selo tem um código QR, que segue lógica semelhante à do código de barras. O agente fotografa a etiqueta com um smartphone e cadastra o imóvel, com o endereço, o nome e o telefone do morador no aplicativo Dengue Report. Na próxima visita, ele atualiza o cadastro no sistema, fotografando de novo a etiqueta. Assim, é possível acompanhar o controle da infestação em cada bairro, em tempo real. Sistema semelhante é usado para atualizar o mapa de infestação, por meio de vistorias semanais em 714 armadilhas instaladas em 22 bairros.

TAÍS SEIBT

PERGUNTAS E RESPOSTAS

Como posso ter certeza de que o agente é da equipe de controle da dengue? - Os agentes andam uniformizados. Os itens variam em cada município. Na Capital, eles usam camiseta verde, colete, boné e mochila da equipe de prevenção. No crachá de identificação do Instituto Municipal de Saúde da Família (Imesf) consta o nome completo, o número de matrícula e o RG. Com esses dados, o morador pode confirmar se aquele é um agente da vigilância sanitária, por meio do telefone 156. A prefeitura não disponibiliza essas informações na internet para manter a privacidade dos funcionários.

Por que não é possível agendar a visita? - De acordo com a coordenadora do Controle Operacional de Dengue da prefeitura de Porto Alegre, Maria Mercedes Bendati, não é possível agendar a visita por conta do número de agentes – são 120 para atuar em 40 bairros. A estratégia adotada é retornar em horários diferentes ao local onde a casa estava fechada.

Por que não é divulgado um cronograma das visitas em cada bairro? - Maria Mercedes informa que cada região tem características diferentes, o que torna difícil prever o número de visitas que podem ser realizadas por cada agente nas diferentes áreas da cidade. Uma das estratégias já utilizadas pela prefeitura é anunciar a ação por meio de carros de som.

PARA EVITAR A DENGUE

- Feche caixas d’água, tonéis e latões
- Limpe os bebedouros de animais
- Guarde garrafas vazias com o gargalo para baixo
- Guarde os pneus velhos sob abrigos
- Mantenha desentupidos ralos, canos, calhas, toldos e marquises
- Não acumule água nos pratos dos vasos de plantas, encha-os com areia
- Coloque embalagens de vidro, lata e plástico em uma lixeira bem fechada
- Mantenha a piscina tratada o ano todo
- Coloque areia nos cacos de vidro dos muros da residência
- Não deixe acumular água em pneus, pratinhos de plantas. Em bromélias, a dica é esguichar água entre as folhas com uma mangueira, uma vez por semana, para manter a planta livre de larvas

SINTOMAS DA DOENÇA - Febre, dor de cabeça, nas articulações, nos músculos e atrás dos olhos, indisposição, perda de apetite, náusea e vômitos, manchas vermelhas no tórax e nos braços. Com sintomas, não utilize medicamento com ácido acetil-salicílico, beba muita água e consulte um médico

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