sexta-feira, 13 de abril de 2012

OBESIDADE: UM PROBLEMA DE SAÚDE PÚBLICA

Um problema de saúde pública - por Roberto Fernandes da Costa, Doutor em Ciências Aplicadas à Pediatria – Unifesp, e pós-doutorando em Ciências do Movimento Humano – UFRGS - ZERO HORA 13/04/2012

Não faz muito tempo, doenças como hipertensão, diabetes tipo 2 e dislipidemias eram tidas como males quase exclusivos de adultos. Entretanto, este quadro vem mudando, sobretudo pela associação dessas doenças com a obesidade, que acomete cada vez mais crianças e adolescentes.

O sedentarismo e a alimentação inadequada estão entre os principais fatores causais da obesidade na infância e adolescência em todo o mundo. Nos últimos 30 anos, a proporção de crianças obesas em nosso país quadriplicou, segundo dados do IBGE.

Ainda causa espanto a ocorrência de infarto ou acidente vascular encefálico antes dos 40 anos de idade. Principalmente quando as pessoas são “aparentemente saudáveis”. Mas é importante destacar que esses acontecimentos denotam apenas o desfecho de um problema que começou muitos anos antes, provavelmente na infância.

O consumo exagerado de sal, açúcar e calorias, contidos nos alimentos industrializados e nos fast foods, tão atraentes às populações pediátricas, associado ao sedentarismo imposto pela utilização desenfreada de jogos eletrônicos, televisão e internet, contribui para a epidemia de obesidade e suas consequências danosas à saúde.

Entre elas, está a síndrome metabólica, caracterizada pela soma de pelo menos três fatores de risco para doença arterial coronariana, dentre os quais obesidade abdominal, hipertensão arterial, elevados níveis de glicemia e triglicerídeos sanguíneos, baixos níveis de HDL-Colesterol. Estudo recente realizado em escolas municipais de Porto Alegre mostrou que 39,7% dos adolescentes obesos, de 10 a 14 anos de idade, já apresentavam a síndrome.

A situação é preocupante e demonstra a necessidade de medidas urgentes, pois esses adolescentes são candidatos aos agravos relacionados à síndrome. Além disso, mesmo aqueles que apresentam somente um ou dois fatores de risco, se não receberem a devida atenção, poderão aumentar o número de fatores em um futuro não muito distante.

Considerando-se que 95% dos casos de obesidade estão relacionados com o estilo de vida, o primeiro passo é a prevenção. A prática de exercícios físicos e hábitos alimentares saudáveis deve começar na infância.

Entretanto, embora os pais tenham responsabilidade na prevenção da obesidade e das doenças crônicas, o poder público também deve agir, afinal, trata-se de um problema de saúde pública. Campanhas educativas para estimular a alimentação saudável e a prática de exercícios físicos, atuação conjunta de secretarias de Saúde e Educação, monitoramento do estado nutricional dos escolares, regulamentação da propaganda de alimentos dirigida ao público infantil, por exemplo, já constituiriam um bom começo.

Investir na prevenção desses males em idades precoces significa economizar em tratamentos na fase adulta, além de possibilitar um envelhecer mais saudável.

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