quarta-feira, 16 de julho de 2014

E AGORA O SUS?!

ZERO HORA 6 de julho de 2014 | N° 17861


PAULO SANT’ANA




Terminada a farra da Copa, espera-se agora que os governos finalmente voltem seus olhos para as vergonhosas filas do SUS.

Já se viu, na farra da Copa, que há dinheiro de sobra nas burras do governo para sanar esta vergonha que é a saúde do povo nacional.

Não vão agora dizer que faltam verbas para as cirurgias e para as consultas. Se faltam, então por que colocaram tantos bilhões na farra da Copa?

É agora ou nunca. Não se admitem mais pessoas morrendo ou ficando aleijadas por falta de atendimento. Não se admite, isso não se admite mais. Ou há governo ou não há governo.

Assim não pode continuar.

*
Recebo da desembargadora Maria Berenice Dias uma estupenda crítica ao sistema de adoção de pessoas em nosso meio. Estupenda. E a transcrevo:

“Caríssimo Paulo Sant’Ana. Com relação a tua coluna de 12/07, sobre o bebê que foi abandonado pela mãe em Santo Ângelo, gostaria de te dar uma bela resposta. Mas não tem como.

Nem tu nem ninguém, ao menos nos próximos anos, vão conseguir adotar essa criança.

Ao invés de ser entregue imediatamente ao primeiro inscrito no cadastro da adoção, ela vai ir para um abrigo.

Lá vai permanecer enquanto a polícia procura a mãe e algum parente que a queira.

Esse processo dura anos. Só depois é que haverá chance de ser adotada, mas quando já tiver 2 ou 3 anos de idade.

De maneira absolutamente inconstitucional, juízes e promotores, ao invés de lhe garantir direito à convivência familiar, a mantém institucionalizada.

Ora, se foi abandonada é porque a mãe não a podia ter consigo. E se chegou a deixá-la na rua foi porque ninguém de sua família a apoiou.

E, como se trata de um recém-nascido, não tem vínculo de afetividade e afinidade com ninguém, não se justificando ir atrás da família extensa.

Paulo, esta é a perversa situação das mais de 50 mil crianças institucionalizadas, das quais só 5,4 mil estão em condições de ser adotadas, ainda que existam mais de 30 mil pretendentes à adoção.

Aliás, a ZH publicou um artigo meu, sobre o tema, no dia 8 de maio, intitulado “Adoção Constitucional”.

Está na hora de ser tomada uma providência urgente.

Bem que poderias fazer a tua parte, publicando esta minha resposta.

Afinal, não há espaço mais lido neste Estado do que a tua coluna.

Um beijo e que continues assim, com capacidade de te indignar.”

(Valente desembargadora assinou este e-mail.)

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