quinta-feira, 21 de agosto de 2014

A SAÚDE REPROVADA


ZERO HORA 21 de agosto de 2014 | N° 17898


EDITORIAL




Os brasileiros têm direito a mais eficiência na área de saúde, o que vai exigir não apenas maior volume de recursos mas também melhor gestão, tanto no setor público quanto no privado.


Um dia depois de a presidente Dilma Rousseff ter reconhecido que a situação da saúde pública no Brasil não pode ser definida como minimamente razoável, ganhou destaque pesquisa Datafolha confirmando uma impressão generalizada: a maioria da população brasileira reprova o atendimento no país. O aspecto curioso é que a má avaliação atinge tanto o atendimento prestado pelo Sistema Único de Saúde (SUS) quanto o dos planos particulares. É mais um indicador de que essa só se transformou numa preocupação central porque a maioria se sente desamparada. Essa é uma área que não pode esperar, pois envolve sofrimento físico e mental, além de a demora implicar risco de agravamento da saúde dos pacientes.

Encomendado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) e pela Associação Paulista de Medicina (CFM), o estudo chegou ao diagnóstico depois de ouvir maiores de 16 anos entre 3 e 10 de junho último, em todos os Estados brasileiros. Seis em cada 10 entrevistados deram nota inferior a 5 para o atendimento em saúde, de forma geral, incluindo a pública e a privada. O dado, mais uma vez, reforça a necessidade de ser conferida atenção prioritária e emergencial a essa área, que no caso do SUS tem gestão compartilhada entre as instâncias federal, estadual e municipal, mas depende sobretudo de recursos da União.

As razões apontadas para a desaprovação – que poupa apenas alguns serviços, como cirurgias e fornecimento de remédios gratuitos – são as mesmas encontradas por pacientes em busca de atendimento. A saúde no país está associada a longas filas e a intermináveis períodos de espera, que se constituem em problemas adicionais para quem está enfermo. Dos que dependem do SUS, 29% disseram esperar algum tipo de atendimento há mais de seis meses, tempo excessivo, em qualquer caso. Infelizmente, as entidades corporativas não se interessaram em avaliar, por exemplo, se o programa Mais Médicos tem contribuído, de alguma forma, para atenuar ou não o sofrimento dos enfermos. É essa uma das principais apostas do Planalto no âmbito do SUS, que precisa ser constantemente aperfeiçoada. No mínimo, pelo fato de o Sistema estar voltado para toda a população, enquanto os planos privados atendem apenas 25%.

Se os recursos para a rede pública mais do que triplicaram nos últimos 11 anos, como alega o Planalto, mas isso não foi suficiente para resolver o problema, é porque precisa ser feito mais, e logo. Os brasileiros têm direito a mais eficiência na área de saúde, o que vai exigir não apenas maior volume de recursos mas também melhor gestão, tanto no setor público quanto no privado.

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