quinta-feira, 21 de agosto de 2014

MÉDICOS EDUCAM, OU NÃO



ZERO HORA 21 de agosto de 2014 | N° 17898



FLAVIO JOSÉ KANTER*



Li um texto do Rabino Sacks sobre a liderança que Moisés exercia junto ao seu povo no deserto, no rumo da Terra Prometida. Diz que o bom líder fornece os meios para os liderados se educarem. Compreendendo o que deve ser feito, incorporam as metas e somam esforços. Fiz analogia com o trabalho do médico junto aos pacientes. Não se trata apenas de mandar fazer exames ou tomar remédios, nem de atender ao que pedem, se não lhe parece que é o melhor. Há pessoas que chegam dizendo “quero que me peça todos os exames”, ou “que prescreva o remédio que um conhecido usou”. Cabe ao médico, à luz do conhecimento científico vigente, fornecer as informações para o indivíduo buscar o melhor para si mesmo.

Campanhas de esclarecimento público são comuns. O que eu abordo aqui é a necessidade de adesão das pessoas a recomendações e tratamentos individuais. Ao conhecer sua condição e as respectivas possibilidades, cada um pode se envolver adotando as melhores práticas para a sua saúde. Conto um exemplo. Vejo gente que recebeu prescrição de cálcio, vitamina D e substâncias fixadoras de cálcio aos ossos, a fim de prevenir ou tratar osteoporose. Quando pergunto se ingerem alimentos que contêm cálcio, tomam sol para estimular a produção de sua própria vitamina D, praticam exercícios que ajudam a fixar cálcio aos ossos, muitas vezes respondem não para alguns dos três itens. Se, ao invés de só receitarmos remédios, proporcionarmos às pessoas o entendimento dos quês e porquês, poderemos chegar a resultados melhores.

Isso se aplica a mudança de hábitos, medidas para melhorar a saúde, a qualidade e o tempo de vida, remédios com efeitos benéficos e colaterais, investigações com exames, custos e riscos, irradiações, resultados imprecisos, práticas com prós e contras.

Bons médicos, como os bons líderes, dedicam tempo e energia ensinando o que sabem, para que o melhor caminho fique claro. É dessa forma que as metas podem ser compartilhadas. Assim, a gente faz o que é necessário porque quer, por envolvimento consciente, não porque foi imposto.

Médico

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