sexta-feira, 27 de setembro de 2013

COMO ESTÁ O SEU COLESTEROL?

ZERO HORA 27 de setembro de 2013 | N° 17566

CÂNDIDA HANSEN

CHANCE AO CORAÇÃO

Nova diretriz da Sociedade Brasileira de Cardiologia baixa de 100 para 70 o nível ideal do LDL em pacientes de alto risco. Maior impacto será para as mulheres


Apartir deste sábado, muitos brasileiros vão acordar com os seus níveis de colesterol no sangue acima do recomendado. Mas isso não significa que as pessoas vão exagerar no consumo de gorduras durante o dia de hoje.

É que amanhã a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) apresenta nova diretriz que altera os limites considerados saudáveis de LDL, o colesterol ruim, no sangue.

As novas orientações são mais severas, especialmente para as mulheres. Antes, pessoas com alto risco de doenças cardiovasculares tinham como meta manter os níveis de colesterol LDL em até 100 miligramas por decilitro de sangue. Agora, a luta será ficar abaixo de 70 mg/dl.

As recomendações da 5ª Diretriz Brasileira de Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose para identificar o risco dos pacientes também mudaram. Até hoje, as mulheres são classificadas como pacientes de alto risco quando têm mais de 20% de possibilidade de infarto, derrame ou insuficiência cardíaca nos próximos 10 anos. Com a nova diretriz, uma chance maior do que 10% já deve acender o sinal amarelo. Esta probabilidade é calculada de acordo com fatores como tabagismo, idade, histórico pessoal e familiar de doenças cardíacas, diabetes, entre outros.

Para Hermes Xavier, presidente do departamento de aterosclerose da SBC e editor da nova diretriz, o risco aumentado das mulheres é o que causa mais impacto.

– Nos últimos anos, nós subestimamos o risco cardiovascular da mulher. O estilo de vida feminino mudou, e elas têm mais fatores de risco como obesidade, tabagismo e colesterol alto. Há 25 anos, somente uma mulher infartava a cada quatro casos masculinos. Atualmente, nas grandes cidades, esse índice já está quase empatado. Esta situação tem de ser corrigida – diz Xavier.

A técnica em enfermagem Cleuza Siqueira, 51 anos, que há pelo menos sete anos luta contra o colesterol. A chegada da menopausa trouxe problemas como a hipertensão e o colesterol alto.

– Tomei medicamento para controlar os índices de LDL por dois anos. Hoje, tento manter os níveis somente com uma alimentação mais regrada e exercícios físicos, mas estou sempre no limite – conta.

Com a diretriz, o caso de Cleuza ficou mais severo. E, para atingir as novas metas, há uma consequência: mais pessoas vão usar medicamentos para controlar os índices, as estatinas. Segundo Xavier, o aumento na prescrição é visto com bons olhos pela Sociedade Brasileira de Cardiologia.

– Não temos dúvidas de que o uso de estatina vai aumentar, mas temos de conscientizar médicos e pacientes de que a meta precisa ser atingida – justifica Xavier.

O diretor da Sociedade de Cardiologia do Rio Grande do Sul lembra que o ideal é alcançar uma taxa saudável de colesterol sem o uso de medicação.

– Quanto mais medicação o paciente toma, mais ele estará sujeito aos efeitos colaterais. É mais fácil a pessoa tomar uma pílula do que mudar os hábitos de vida, mas o resultado seria muito melhor – pondera.

A cardiologista Gicela Risso Rocha concorda que a prevenção e os hábitos saudáveis devem ser priorizados:

– Antes de pensar em medicar, temos de alertar para mudança no estilo de vida. Mas, provavelmente, vamos salvar vidas com esse alerta que chega pela diretriz.


A BASE CIENTÍFICA

A 5ª Diretriz Brasileira de Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose tem como principal base científica uma pesquisa desenvolvida pela Universidade de Oxford, na Grã-Bretanha, publicada em 2012.

- A pesquisa é uma metanálise, ou seja, reúne e avalia os principais estudos desenvolvidos sobre o tema.
- Foram avaliados os dados de mais de 270 mil pacientes tratados com estatina que alcançaram uma redução importante nos níveis de LDL.

- O estudo mostra que a redução rigorosa dos níveis de colesterol é efetiva para diminuir os eventos cardíacos e a mortalidade decorrentes de problemas do coração.

- A pesquisa também garante a eficácia e a segurança das estatinas, medicamentos utilizados para reduzir os níveis de colesterol.

- 300 mil pessoas morrem anualmente no Brasil devido a doenças cardiovasculares como infarto, acidente vascular encefálico, insuficiências cardíaca e renal ou morte súbita



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