segunda-feira, 14 de novembro de 2011

DOUTOR GOOGLE

José Antônio Veiga Sanhudo, Diretor regional/Sul da Associação Brasileira de Medicina e Cirurgia do Tornozelo e Pé -

Multiplicam-se os pacientes que ao receberem o resultado dos seus exames recorrem à internet para antecipar o seu tratamento. O excesso de informações e a facilidade de acesso às mesmas vêm conturbando o raciocínio dos indivíduos mais ansiosos. Como resultado, eles muitas vezes chegam ao consultório com o “tratamento” encaminhado e escolhida a data da cirurgia prevista pelo conhecimento relâmpago adquirido junto ao Google. No último congresso americano de ortopedia, um grupo de médicos de Boston, Massachusetts, apresentou um estudo avaliando a confiabilidade das informações disponibilizadas nos sites de busca da internet para dez problemas comuns na área do pé e do tornozelo. Foram revisados 136 websites e foi observado que 53% destes eram comerciais e não de instituições acadêmicas ou sem fins lucrativos. As informações foram graduadas por cinco revisores independentes e observou-se que a qualidade das mesmas era variável e ruim. Este estudo demonstra que, diferente do que muitas pessoas pensam, a informação digital não substitui a opinião do médico, que além de conhecimento adquire o bom senso e a sensibilidade de ajustar o tratamento mais adequado para cada paciente. Para um mesmo diagnóstico pode-se indicar uma variedade de tratamentos baseados no ser humano que está por trás daquele laudo. Ou seja, trata-se o paciente e não o exame! Uma boa relação médico-paciente é estabelecida por um conjunto de fatores; sem dúvida que o conhecimento do médico é importante, mas a confiança do paciente é fundamental. As informações disponíveis na internet, mesmo nos sites de instituições respeitadas, são generalistas e não devem nortear qualquer tratamento sem o parecer daquele profissional de jaleco.

COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - O Dr Google só pode ter muitos pacientes diante do descaso da saúde pública no Brasil que dificulta o acesso da classe média e de pobres aos consultores dos especialistas. Assim não há como promover esta "boa relação médico-paciente" apregoada pelo autor do artigo.

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