quarta-feira, 30 de novembro de 2011

AIDS - UM RANKING DESOLADOR

EDITORIAL ZERO HORA 30/11/2011 - Um ranking desolador

Exige bem mais do que suposições a rea-lidade mostrada pelas estatísticas do Ministério da Saúde, segundo as quais o Rio Grande do Sul tem a maior incidência de aids do país, e Porto Alegre lidera entre as capitais. Os números são impressionantes. Porto Alegre tem, por exemplo, uma taxa de incidência da doença, de 99,8 pessoas para cada 100 mil habitantes, quase três vezes superior à da cidade do Rio de Janeiro. Além disso, das cinco cidades com mais de 50 mil habitantes que lideram o ranking no país, quatro são do Estado. O ministério lida com hipóteses, mas não sabe ainda decifrar os fatores que levam a esses dados. As autoridades federais, estaduais e municipais devem se empenhar agora em compreender o cenário revelado pelos números, para que possam agir com urgência.

A situação do território gaúcho está no contexto dos dados desfavoráveis para toda a Região Sul, que mantém o índice mais alto de mortalidade por aids do país. No Brasil, no ano passado, a taxa foi de 6,3 mortes para cada grupo de 100 mil pessoas, enquanto na Região Sul chegou a nove casos. As estatísticas alarmam porque revelam que a aids continua ameaçando os jovens e cresce agora nas cidades do Interior. O próprio ministério reconhece que ainda é preciso investigar a presença da doença em algumas regiões, supondo que, no caso do Rio Grande do Sul, possa existir uma relação com o uso de drogas injetáveis alguns anos atrás. Somente agora estariam se manifestando algumas das consequências desse hábito entre dependentes químicos.

É preciso que os governos investiguem as causas da incidência da aids no Sul e ataquem suas origens. O Brasil desenvolveu, nos últimos anos, ações de combate à doença reconhecidas mundialmente, que inspiraram iniciativas em nações desenvolvidas. Essa consagrada tecnologia de saúde pública deve ser acionada de forma intensa, para que os fatores envolvidos nos altos índices dos Estados do Sul não sejam examinados apenas pela intuição. Um bom começo, já anunciado pelo ministério, é a priorização da informação dirigida aos jovens, mais expostos aos riscos que levam à aids por não terem convivido com o momento mais alarmante da incidência, nos anos 90.

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