quinta-feira, 7 de novembro de 2013

ÁGUA OXIGENADA PARA FRAUDAR O LEITE

JORNAL DO COMÉRCIO, 07/11/2013 - 10h51min

Criminosos também usavam água oxigenada em fraude do leite no RS


MPRS/DIVULGAÇÃO/JC

O Ministério Público gaúcho deflagrou, na manhã desta quinta-feira (7), na cidade de Três de Maio.

O Ministério Público gaúcho deflagrou, na manhã desta quinta-feira (7), na cidade de Três de Maio, noroeste do Rio Grande do Sul, a terceira fase da Operação Leite Compen$ado. A novidade anunciada hoje é o fato de que os envolvidos no esquema também acresciam peróxido de hidrogênio (água oxigenada) para elevar a durabilidade do leite, já que o produto químico atua como bactericida.

Na prática, o grupo comprava leite prestes a vencer por preço até 50% inferior ao do mercado e, após a manipulação com o peróxido de hidrogênio, repassava para a indústria. O produto elimina as vitaminas A e E e, em altas concentrações, prejudica a flora intestinal.

Estão sendo cumpridos mandados de busca e apreensão em quatro locais. Também há mandados de busca e apreensão contra três caminhões de transporte de leite. A ação tem apoio do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e da Receita Estadual. Coordenam os trabalhos o Promotor de Justiça da Especializada Criminal Mauro Lucio da Cunha Rockenbach, o Promotor de Justiça da Especializada de Defesa do Consumidor Alcindo Luz Bastos da Silva Filho e o Promotor de Justiça de Três de Maio Pablo da Silva Alfaro.

Conforme as investigações, o transportador Airton Jacó Reidel, de 31 anos, chefia uma quadrilha composta pela esposa dele, Rejane Dias, de 32, e pelos seus sobrinhos, Roberto Carlos Baumgarten e Laércio Rodrigo Baumgarten. Os dois últimos são os motoristas do grupo, enquanto Rejane é sócia do marido e proprietária de todos os bens adquiridos através do crime.

A fraude foi detectada a partir de informes da Laticínios Bom Gosto (Grupo LBR) ao MP, a partir da assinatura de TAC para a melhoria do controle de qualidade do leite recebido. Três relatórios do laboratório da Univates, credenciado pelo Ministério da Agricultura, apontaram presença de água oxigenada, o que é proibido pelas normas da Anvisa. De acordo com os laudos de condenação de carga de leite da Laticínios Bom Gosto, duas delas, transportadas pelo Transportes Reidel & Dias Ltda, foram rejeitadas em 12 e 15 de outubro devido à presença de peróxido de hidrogênio.

A Comércio de Laticínios Mallmann Ltda rejeitou uma carga em 14 de outubro. No laudo, a empresa afirma: “lembramos que análise positiva para peróxido de hidrogênio é fraude. Por meio da adição de peróxido de hidrogênio (Água Oxigenada), uma ação fraudulenta ao leite, busca conservar suas propriedades físico-químicas, inibindo o desenvolvimento de microrganismos contaminantes. Esse tipo de fraude mascara deficiências da higiene nas etapas de ordenha, acondicionamento e transporte”.

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