sábado, 9 de novembro de 2013

O RISCO DO PRODUTO ADULTERADO CHEGAR AO CONSUMIDOR



ZERO HORA 08/11/2013

LEITE ADULTERADO


ERIK FARINA


O leite adulterado com água oxigenada pode ter chegado à mesa dos consumidores, avalia o Ministério Público Estadual (MPE). Mas as empresas que fizeram a denúncia dizem que o produto fraudado não foi vendido.

Conforme Alcindo Bastos, da Promotoria de Justiça de Defesa do Consumidor do MPE, ainda que a indústria tenha tecnologia para detectar o peróxido de hidrogênio (propriedade da água oxigenada), carregamentos de leite com baixa concentração da substância podem ter passado pelos testes sem acusar fraude:

– A água oxigenada se decompõe rapidamente no leite. Não podemos ter certeza, mas é possível que essa substância já tivesse se transformado em água quando algumas entregas foram feitas.

O MPE esclarece, porém, que dificilmente leite com grande quantidade de água oxigenada possa ter burlado os testes, uma vez que causaria desequilíbrio na estrutura do alimento e seria detectado. Foi ao verificar alta incidência de água oxigenada que indústrias alertaram o MPE da suspeita de fraude.

– Em pequena quantidade, a água oxigenada afeta a qualidade do alimento, elimina vitaminas e microrganismos, mas não chega a prejudicar a saúde – explica Cláudio Luis Frankenberg, professor de Toxicologia de Alimentos da PUCRS.

Responsável por averiguar o leite que chega aos postos, o Ministério da Agricultura no Estado garante que a fiscalização é eficiente e tem sido melhorada. O superintendente do órgão no Estado, Francisco Signor, afirma que a descoberta da adulteração ontem é fruto do aperto na fiscalização nas indústrias a partir dos episódios anteriores.

– Ninguém precisa se apavorar com o leite – afirma Signor, que diz confiar na qualidade de todas as marcas com carimbo da inspeção federal.

Em nota, a Laticínios Bom Gosto informou que a adulteração foi detectada no primeiro de três pontos de checagem e, dessa forma, assegura que “esse leite não entrou em nenhum estabelecimento da empresa, logo, não foi usado na fabricação de nenhum produto”.

Segundo Marcelo Mallmann, diretor da Laticínios Mallmann, não há risco de o leite adulterado ter sido vendido ao consumidor:

– O produto fraudado foi descartado imediatamente após os resultados dos testes e deixamos de receber do fornecedor.

O descuido com a qualidade pode ser um dos motivos das novas denúncias de adulteração de leite, avalia Jorge Schulz, coordenador do Centro de Pesquisa em Alimentação da Universidade de Passo Fundo (UPF):

– Parte das indústrias continua levando em conta mais a quantidade do que a qualidade do produto que recebe. À medida que são tolerantes com índices mais elevados de acidez e menor de proteínas, por exemplo, abrem espaço para adulteração.



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