quarta-feira, 17 de abril de 2013

POR QUE FALTAM MÉDICOS NO INTERIOR

ZERO HORA 17 de abril de 2013 | N° 17405 ARTIGOS

Fernando Weber Matos*



Aremuneração por tabela do SUS, com baixos valores – desatualizada há mais de 10 anos –, e a contratualização dos serviços hospitalares com repasses cada vez mais defasados aumentam o prejuízo econômico na área da saúde e provocam uma série encadeada de problemas que atingem o atendimento médico-hospitalar no Rio Grande do Sul.

O desestímulo à abertura de novos hospitais e a degradação dos existentes no Estado, além de equipes de saúde reduzidas em número e com menor habili- tação técnica, são fatores determinantes para diminuir a qualidade da assistência, praticamente inviabilizando o trabalho médico.

Os municípios pequenos desativam leitos, reduzem os exames diagnósticos, equipes de saúde e médicos na tentativa de se viabilizarem economicamente, o que sabemos ser impossível. Ocorre constante falta de medicamentos, materiais, equipamentos e meios de diagnóstico, tornando inviável o atendimento digno e com qualidade da população, o que é um dever constitucional do Estado.

A oferta de serviços nos municípios de menor porte se faz apenas no sentido das doenças de baixa complexidade, sendo transferidos para centros maiores os casos de média complexidade, o que explica a superlotação dos serviços médicos das cidades maiores, em especial de Porto Alegre.

Os médicos, principalmente especialistas, necessitam, para exercer seu trabalho com mais eficácia, de uma boa infraestrutura hospitalar, meios de diagnóstico e equipe auxiliar treinada e com boa qualificação. Infelizmente, a má remuneração desses profissionais provoca demissões e alta rotatividade, o que acaba dificultando o treinamento e aprimoramento de ações para o sucesso de atendimento médico especializado.

Atualmente, os médicos, de modo geral, são contratados de maneira informal, sem vínculo empregatício, sem segurança de manutenção do emprego, e em geral são surpreendidos pelo descumprimento dos acordos verbais, em relação tanto ao trabalho proposto quanto ao salário prometido.

Na verdade, municípios e Estado não promovem concursos públicos e, quando o fazem, apresentam salários risíveis e indignos para a responsabilidade que cerca o trabalho médico, fato agravado pela inexistência de plano de carreira para o profissional médico do sistema público de saúde.

Este contexto piora com a ausência de condições mínimas hospitalares e de equipes de saúde de apoio, meios de diagnóstico e tratamento. Esse conjunto de fatores associados aumenta cada vez mais o desinteresse dos jovens médicos em trabalhar e se fixar no Interior.

*VICE-PRESIDENTE DO CREMERS

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