quinta-feira, 11 de abril de 2013

SUPERLOTADA, SANTA CASA LANÇA O ALERTA

ZERO HORA 11 de abril de 2013 | N° 17399

CAOS NA SAÚDE. Nem mesmo a emergência para convênios e particulares dá conta da demanda de pacientes


Depois do drama de um pai que perdeu o filho antes de conseguir um leito emergencial em Porto Alegre provocar uma corrente de solidariedade e indignação ao ser contado nas páginas de Zero Hora, um novo sintoma do caos da saúde veio a público, ontem. Com a emergência para convênios e particulares superlotada, a Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre divulgou um comunicado para aconselhar a população adulta a procurar outro serviço nas próximas 48 horas.

Oalerta expõe a extensão de um problema crônico, que vem se agravando nos últimos anos: a falta de capacidade da rede, que já contaminou o setor privado. Ontem à tarde, 31 pacientes ocupavam a emergência adulta para convênios da Santa Casa, que dispõe de 14 leitos. Com a chegada incessante de pacientes, o prazo de espera não raramente passava de quatro, seis, até oito horas. O local foi um dos procurados pelo consultor Vladimir Duarte Dias em busca de atendimento para o filho, Luiz Marcelo, que sofria com um mieloma múltiplo e morreu na madrugada de segunda-feira, depois de tentar vaga pelo IPE em cinco hospitais, mas se assustou ao encontrar uma placa informando que o prazo de espera era de sete horas.

– Já passou do limite. Chegou a um ponto de risco institucional. E o quadro, pelo que a gente ouve, é global – justificou o chefe do serviço de emergência do complexo hospitalar Santa Casa, Leonardo Martins Fernandez.

A multiplicação do número de pacientes com convênio, fruto do crescimento econômico do Brasil nos últimos anos, é um dos fatores que ajudam a explicar a sobrecarga da rede. Entre 2001 e 2011, o registro de beneficiários saltou 92,9% no Rio Grande do Sul, quase o dobro da média nacional do mesmo período, e chegou a mais de 2,5 milhões de pessoas. Na Capital, a quantidade de habitantes com plano de saúde passa de 710 mil pessoas, o que já representa mais da metade da população, de 1,4 milhão. Só que a rede não acompanhou a expansão. Enquanto a clientela de operadoras de saúde no RS cresceu 35% nos últimos cinco anos, as vagas desvinculadas do SUS nos hospitais cresceram apenas 7,5%.

LETÍCIA DUARTE

SOBRECARGA

Ter convênio deixou de ser garantia de acesso rápido a emergências de Porto Alegre. Assim como a Santa Casa, outras instituições encontram-se no limite da capacidade. Confira a situação em dois hospitais privados:

- Moinhos de Vento: 100% dos leitos de emergência lotados ontem à tarde. A capacidade é para 175 pacientes por dia, mas a média de atendimento em abril tem chegado a 220 e 250 pacientes.

– Estamos preocupados porque o inverno não chegou ainda, a tendência é piorar – diz o superintendente executivo do Hospital Moinhos de Vento, Fernando Torelly.

- Mãe de Deus: dos 23 leitos de emergência, 22 estavam ocupados às 16h30min de ontem. Apenas duas das 20 poltronas utilizadas para medicação estavam livres. Segundo o coordenador médico da emergência, Marcelo Fagundes, a média é de 150 atendimentos por dia.

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