No Brasil, a saúde pública é tratada com descaso, negligência e impostos altos em remédios e tudo o que faz bem à saúde. Médicos e agentes da saúde são poucos e mal pagos; As pessoas sofrem e morrem em filas, corredores de ambulatórios e postos de saúde; As perícias são demoradas e burocracia exagerada; Há falta de leitos, UTI, equipamentos, tecnologia, hospitais e postos de saúde apropriados para a demanda; A impunidade da corrupção desvia recursos e incentiva as fraudes.
sexta-feira, 3 de junho de 2011
EMERGÊNCIAS TERÃO NOVO INVERNO DE CAOS
LIÇÃO NÃO APRENDIDA. Emergências terão novo inverno de caos - MARCELO GONZATTO, ZERO HORA 03/06/2011
Superlotação e falta de medidas para ampliar atendimentos mostram que 2011 deve ser tão problemático como 2010 nos corredores dos hospitais da Capital
Às vésperas do inverno, as principais emergências de hospitais porto-alegrenses já revelam o sintoma de um mal que deverá se intensificar nos próximos meses: a superlotação. Quase um ano depois da crise de atendimento que asfixiou os estabelecimentos e motivou reuniões entre autoridades da saúde e o Ministério Público, não foram aplicados remédios capazes de solucionar o problema antes do retorno do frio.
As principais promessas apresentadas durante o inverno de 2010, quando os estabelecimentos atingiram níveis inéditos de atendimento além da demanda (na imagem ao lado, reprodução de reportagem de ZH em 24 de agosto de 2010), até o momento não foram cumpridas. A reabertura de instituições como o Independência e o Luterano, e a transformação do Hospital Espírita de unidade psiquiátrica em geral permanecem no papel.
Como resultado, a rede da Capital já mostra sinais de esgotamento mesmo quase três semanas antes do inverno. Um levantamento realizado ontem por ZH revelou que, em cinco das maiores emergências, quatro estavam superlotadas, e uma estava com ocupação máxima – em uma média geral de atendimento equivalente a 211% da capacidade.
A Secretaria Municipal da Saúde informa que foram acrescidos 70 leitos adultos à rede municipal. O socorro a crianças foi ampliado no Hospital Materno-Infantil Presidente Vargas, que durante o inverno passará de 14 para 40 leitos na enfermaria, e de 10 para 20 no setor de observação da emergência. A prefeitura também aposta na gestão informatizada de 35% dos leitos e na abertura de mais seis postos de saúde no horário das 18h às 22h (hoje, cinco já fazem o chamado terceiro turno) para dar fôlego à combalida rede emergencial.
O secretário municipal adjunto da Saúde, Marcelo Bósio, admite, porém, que a injeção desses novos leitos é um remédio paliativo diante da gravidade da doença que acomete os hospitais.
– Acredito que estamos melhor preparados hoje do que no inverno passado, mas só abrir leitos não adianta. Vamos seguir com as emergências sobrecarregadas porque o problema é complexo demais para uma solução milagrosa. Teremos situações difíceis que precisarão ser monitoradas – avisa Bósio.
Segundo o secretário adjunto, o estágio atual seria fruto de pelo menos 15 anos em que as carências estruturais não receberam a atenção merecida. Melhorias significativas, segundo ele, deverão ser percebidas quando for inaugurada uma Unidade de Pronto Atendimento na Zona Norte, até o final do ano, e houver investimentos mais pesados em atenção básica e nas unidades de saúde de municípios que costumam enviar pacientes para a Capital.
Conforme a vice-presidente do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers), Maria Rita de Assis Brasil, a abertura de leitos poderia ser uma solução – desde que em número adequado. Com base em uma ação civil pública em tramitação, ela avalia que Porto Alegre necessitaria hoje de 700 vagas novas para desafogar as emergências – 10 vezes mais do que o anunciado pelo município.
– Do ano passado, nada aconteceu que tivesse uma repercussão real na situação que se vive nas emergências. As pessoas aguardam atendimento em bancos que parecem de rodoviária, às vezes durante dias – critica a representante dos médicos.
Segundo o Simers, a insuficiência da rede tem relação com a queda de 37% no número de vagas hospitalares na Capital desde 1993, o que representa quase 3 mil leitos a menos. Mesmo que não sejam vagas exclusivamente em emergências, elas ajudariam a desafogar o setor ao receber pacientes que, depois do atendimento inicial, necessitam de internação. Se não há leitos disponíveis, os doentes permanecem na emergência e comprometem ainda mais a já precária qualidade do atendimento.
COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Com o número de leitos colocados para as emergências, dá para entender o caos e o descaso na saúde pública.
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