quarta-feira, 1 de junho de 2011

EMERGÊNCIAS NO LIMITE

EDITORIAL ZERO HORA 01/06/2011

O excesso de pacientes abrigados nas emergências hospitalares da Capital, a menos de três semanas do início oficial do inverno, volta a evidenciar, mais uma vez, a dificuldade do poder público de trabalhar com um mínimo de planejamento para enfrentar situações de maior demanda. Se não há como resolver de vez a precariedade no atendimento de saúde durante todo o ano, era de se esperar que houvesse pelo menos um esquema especial para períodos de temperaturas extremas, quando aumentam os casos de desidratação ou de doenças respiratórias, como se constata agora. Mais uma vez, não foi o que ocorreu.

No hospital de maior número de atendimentos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), o Conceição, o número de pacientes acolhidos ontem na emergência era simplesmente três vezes superior à capacidade de 50 leitos. Nas demais instituições que atendem pelo SUS na Capital, o quadro era o mesmo, variando de lotado a superlotado. Se a situação é preocupante já a partir dos primeiros registros de frio, dá para imaginar o que tende a ocorrer daqui para a frente. Até porque, mesmo na hipótese de o poder público se sensibilizar para o problema e resolver enfrentá-lo, não haverá mais tempo de trabalhar com planejamento.

A precariedade na área de saúde pública só poderá ser enfrentada quando moradores de municípios do Interior se convencerem de que podem ser bem atendidos na sua própria região, sem precisar recorrer aos hospitais mais equipados mas invariavelmente lotados da Capital. Essa é uma questão que depende basicamente da boa vontade dos administradores municipais e de sua capacidade de articulação com cidades vizinhas.

O inadmissível é que, a cada ano, a situação se repita sob a alegação de que seria inevitável. Seria se não houvesse o que ser feito, mas nesse caso há, a começar por um plano preventivo, elaborado a tempo de evitar tanto sofrimento aos pacientes e aos funcionários que se desdobram para fazer o melhor em circunstâncias adversas.

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