No Brasil, a saúde pública é tratada com descaso, negligência e impostos altos em remédios e tudo o que faz bem à saúde. Médicos e agentes da saúde são poucos e mal pagos; As pessoas sofrem e morrem em filas, corredores de ambulatórios e postos de saúde; As perícias são demoradas e burocracia exagerada; Há falta de leitos, UTI, equipamentos, tecnologia, hospitais e postos de saúde apropriados para a demanda; A impunidade da corrupção desvia recursos e incentiva as fraudes.
sábado, 25 de junho de 2011
HOSPITAIS PÚBLICOS CLASSE "A"
Com o treinamento de profissionais, enfermeiros e farmacêuticos garantiram a duas instituições públicas de São Paulo um dos principais certificados internacionais de excelência. Rachel Costa - revista isto é, N° Edição: 2172, 25.Jun.11 - 11:17
Quando se fala em Sistema Único de Saúde, é comum ouvir a reclamação de que falta dinheiro para se garantir o bom atendimento. Dois hospitais da região metropolitana de São Paulo, entretanto, estão provando que é possível atender bem ainda que com verba restrita. São eles o Hospital Geral Pirajussara, em Taboão da Serra, e o Hospital Estadual de Diadema. As instituições são as primeiras dentro do sistema de saúde pública brasileiro a receber a Acreditação Canadense, um dos principais reconhecimentos internacionais que atestam a existência de um atendimento com ótimos padrões de segurança para o paciente. Os outros dez centros que receberam a certificação são privados.
O título é uma coroação ao modelo de gestão adotado pelas instituições. Em geral, a lógica hospitalar funciona centrada na figura do médico. O que hoje se contesta é que esse excesso de responsabilidade em uma só pessoa favorece a ocorrência de erros. Por isso, incentiva-se o compartilhamento de conhecimento e responsabilidades e o aumento do diálogo entre as diversas áreas de um hospital, além da criação de métodos para registro e controle dos procedimentos. E é essa a filosofia corrente nos dois hospitais. Um exemplo é a dupla checagem do remédio dado ao paciente – atitude tomada por ambos. Hoje, 80% dos erros em hospitais são de medicação – seja na compra, seja no receituário ou na administração. Para evitar o engano, dois profissionais (geralmente, farmacêutico e enfermeiro) checam se a droga ministrada é a mesma da receita e se a dose está correta.
Na verdade, a maior parte das medidas voltadas à segurança do paciente é simples. “São procedimentos com custo pequeno, mas capazes de evitar problemas sérios”, diz Rubens Covello, superintendente médico do Instituto Qualisa de Gestão, órgão responsável pela acreditação nacional. O cotidiano dos dois hospitais deixa isso claro. “Criamos protocolos e fluxos que todos os funcionários têm de seguir, da hora que o paciente entra até a alta”, explica Mário Kono, superintendente do Hospital de Diadema. Isso significa que, além de registrar tudo o que ocorre com o doente, há regras básicas para cada tipo de atendimento. Por exemplo, em uma cirurgia, antes da anestesia, o médico, obrigatoriamente, faz a marcação, junto com o paciente, da área a ser operada. Isso evita que o órgão ou membro errado sejam operados.
Outra precaução é anotar o número de identificação da pulseira, e não apenas o nome. “Já aconteceu de termos pacientes com o mesmo nome e sobrenome lado a lado nos leitos da enfermaria”, diz Sandra Turati, gerente médica no Pirajussara. “Por isso é importante registrar o número da pulseira, para evitar que o remédio de um seja ministrado ao outro.” Chama a atenção também nos hospitais o esforço para a comunicação, tanto entre as equipes quanto dos profissionais com os pacientes. “A pessoa tem de saber o que está acontecendo com ela, quem é o médico que a está acompanhando e qual seu tratamento”, fala Sandra.
O impacto dos cuidados é sentido pelos pacientes. “O hospital é bem organizado”, disse a aposentada Júlia Damázio Bastos, 66 anos. Vizinha do Hospital de Diadema, ela esteve na instituição recentemente para acompanhar o neto Bruno, de 10 meses, internado devido a uma infecção no pulmão. Menos problemas também significam economia. Pesquisas realizadas em países como Nova Zelândia e Estados Unidos calculam que cerca de 30% do recurso destinado à saúde – seja ele de origem pública ou privada – vai para o ralo por causa de erros no atendimento ao paciente. “Quem faz errado uma vez faz duas”, diz José Márcio Salomão, superintendente do Hospital Pirajussara. Só nos EUA, onde essa situação é mais bem documentada, estimam-se 100 mil mortes todos os anos causadas por erros na administração de medicamentos ou no tratamento, por exemplo.
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