terça-feira, 20 de dezembro de 2011

DOENÇA DA PRESSA

BEATRIZ FAGUNDES, REDE PAMPA, O SUL
Porto Alegre, Segunda-feira, 19 de Dezembro de 2011.


Os pacientes recorrem aos médicos devido aos sintomas variados: taquicardia, dores musculares, cefaleia e palpitações, sem perceber que a ansiedade está por trás deles.

Mareio Bernik

Pois é, já estamos na semana do Natal. O velho 2011 já está de malas prontas para desaparecer, mergulhando no passado. Já está com suas horas contadas. Logo será apenas uma lembrança. É voz corrente que o tempo esta passando depressa demais. Pelo menos nos meios em que circulo, e não são muitos, é constante o papo sobre a correria, a falta de tempo. Não fiz quase nada do que me propus, no final de 2010, realizar no ano que finda. Mas, o fato não esta me causando desconforto. Abandonei a ideia de que se não realizamos nossos projeto fracassamos. Não deu, não me empenhei e pronto! Quem sabe em 2012? Aboli, definitivamente, a famigerada "lista" de intenções e "coisas" a fazer no ano que vai nascer. Às pessoas inflexíveis e com sintomas de hurry sickness (doença da pressa) passei a desejar períodos maiores de meditação. Costumo brincar e dizer, a lá Torloni: "Relaxa bebê!" Li no site Methodos que o termo usado para pessoas com esses sintomas da doença da pressa foi criado pelo cardiologista americano Meyer Friedman em 1959. O médico reparou que os braços das cadeiras da sala de espera duravam pouco. Descobriu que os pacientes se sentavam na ponta dos assentos, na posição de quem pretende levantar a qualquer momento, e batucavam, nervosamente, nos apoios de braços das poltronas. Friedman resolveu estudar os efeitos do estresse. Concluiu que pessoas tomadas pelo sentimento de urgência constante e irritabilidade eram mais sujeitas a problemas cardíacos.

A ideia de doença da pressa continua atual. Dois estudos recentes tentam mapeá-la. O primeiro deles foi feito pela coordenadora do Laboratório de Estudos Psicofisiológicos do Stress da PUC, de Campinas, Marilda Lipp. Ela ouviu quase 2 mil pessoas com mais de 25 anos em São Paulo, Rio de Janeiro e Campinas e descobriu que 65% dizem viver com pressa. "Quase todos nós temos pressa, mas em 10% das pessoas que entrevistei esse sentimento é exagerado", diz Marilda. "Essas pessoas fazem diversas atividades ao mesmo tempo, vivem com a sensação de urgência e se irritam quando sentem que estão perdendo tempo." Ana Maria Rossi, da International Stress Manage­ment Association (Associação Internacional de Gerenciamento do Estresse), entrevistou 900 profissionais de 24 a 58 anos, em São Paulo e em Porto Alegre. Constatou que 36% deles sofrem da doença da pressa. Eles sentem pressa de forma crônica e injustificada. O preocupante nos resultados dessa pesquisa é que o grupo identificado com esse perfil apresenta uma série de disfunções.

Segundo o levantamento, 93% reclamam de crises de ansiedade, 91% de angústia e 57% de sentimentos de raiva injustificada. Dores musculares, incluindo dor de cabeça, atingem 94% dos entrevistados, 45% deles sofrem com distúrbios do sono e 24% com taquicardia. "Os pacientes recorrem aos médicos devido aos sintomas variados: taquicardia, dores musculares, cefaleia e palpitações, sem perceber que a ansiedade está por trás deles", diz o psiquiatra Mareio Bernik, coordenador do Programa Ansiedade do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, em São Paulo. Esses sintomas são poderosos motivos para aproveitar o final do ano e observar se temos sintomas de doença da pressa. Procurar ajuda ou apenas relaxar, deixando de lado a ideia fantasiosa de ser o top em todas as atividades. Afinal, quando partirmos para a grande viagem o mundo seguirá impávido! Portanto, menos, gente! Menos!

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