sábado, 23 de julho de 2011

ALIMENTOS E REMÉDIOS VENCIDOS

Seis pessoas são presas por policiais da Delegacia do Consumidor em hospitais particulares do Rio - O GLOBO, 22/07/2011 às 13h32m; Cláudio Motta e O Globo

RIO - A Polícia Civil apreendeu mais de 200 quilos de alimentos e prendeu seis pessoas por crimes contra as relações de consumo durante a operação UTI 2, realizada nesta quinta-feira por seis equipes da Delegacia do Consumidor (Decon), de acordo com o delegado titular Maurício Luciano de Almeida e Silva. No início da noite, ele explicou que uma sétima pessoa chegou a ser conduzida à delegacia, mas foi solta depois de ser autuada. Os agentes foram ao Riomar (Barra), Quinta D´Or (São Cristóvão), Clínica da Primeira Idade (Barra), Hospital das Clínicas de Niterói e São Lucas (Copacabana).

- A operação foi exitosa e mostrou que os hospitais particulares não primam pelo asseio e cuidado com o que fornecem aos pacientes e consumidores, que pagam planos em valor elevado e mereciam no mínimo um tratamento melhor - disse.

Segundo a polícia, foram apreendidas no Hospital Quinta D'or, em São Cristóvão, 31 garrafas de água mineral fora da validade, pacotes de pão, queijos, doces e temperos vencidos. As duas nutricionistas do hospital, Márcia Ronquete dos Santos, 32 anos, Elita Madeira Brandão, 31 anos, foram presas. A nutricionista Catarina Lucia Mamede de Queiroz, 42 anos, que chegou depois no local foi indiciada no inquérito policial.
No Hospital São Lucas, em Copacabana, também foram apreendidos pacotes de queijo e lombo sem identificação de origem e de validade vencida. A nutricionista Rosângela Lima de Oliveira, 53 anos, foi presa. Em Niterói, no Hospital de Clínicas, a farmacêutica Liliane Cunha de Sá, 42 anos, também foi presa. No local foram encontrados medicamentos e materiais cirúrgicos fora da validade. Na clínica pediátrica Primeira Idade, na Barra da Tijuca, a nutricionista Iza Gimenes de Jesus, 51 anos, também foi presa. Sacos de filé de peixe, lingüiças, drumetes de frango, queijo e presunto fora da validade, também foram apreendidos.

A pior situação, de acordo com os policiais, foi encontrada no Hospital Rio Mar, na Barra da Tijuca. A nutricionista Márcia Cohen Gorodicht, 50 anos e o almoxarife Marcos Antônio Aragues, 43 anos, foram presos. No hospital foram apreendidos mais de 150 quilos de alimentos, entre eles frangos, carnes, peixes, frios, todos fora da validade, alguns deles sem identificação de origem. Três balcões frigoríficos que estavam no local foram interditados e serão vistoriados na sexta-feira pela Vigilância Sanitária. No almoxarifado foram apreendidos materiais cirúrgicos e hospitalares vencidos, como sondas, cânulas, entre outros.

- Encontramos impropriedades na cozinha do Riomar: alimentos sem especificação de origem e molhos com aparência de deteriorado. Por isso, chamamos a Vigilância Sanitária Estadual. Também há medicamentos vencidos na unidade - disse o delegado.

Os sete presos foram encaminhados para a delegacia e autuados pela prática de crimes contra as relações de consumo. Foi atribuída a fiança com valores de 20 a 40 salários mínimos, o que equivale de R$ 10.900 à R$ 21.800. Os proprietários das unidades também serão ouvidos. A pena é de dois a cinco anos de prisão, explicou o delegado.

O Hospital Quinta D´Or negou que qualquer problema em suas instalações. Em nota, a unidade afirmou que "dispõe de processos transparentes e bem gerenciados em relação ao seu fluxo de suprimentos, de forma a garantir a segurança de suas operações" e que os policiais não encontraram nada que "possa determinar risco para o consumidor, cliente ou colaborador". Já a coordenadora da Clinica da Primeira Idade, Bianca Leal Reis, informou que a empresa de alimentação é terceirizada e que o contrato será encerrado.

- No Hospital não foi encontrado qualquer problema. Sabemos da nossa responsabilidade em cima disso (dos alimentos), infelizmente foram pequenos problemas, mas que serão resolvidos imediatamente. Encerraremos o contrato com a empresa de alimentação - disse.
Em nota, o hospital Riomar afirmou que os alimentos encontrados em seus freezers foram apreendidos apenas porque estavam sem identificação de validade, etiquetação esta exigida pela legislação sanitária. Segundo a unidade, os alimentos não tinham aspecto ruim ou nem se encontravam em estado de deterioração. O hospital também negou que sua farmácia tenha apresentado qualquer irregularidade.

O São Lucas também afirmou que afirmou que os alimentos encontrados em seus freezers só foram apreendidos apenas porque estavam sem identificação de validade - um porque sua embalagem teria sido descartada e outro por um problema de legibilidade do prazo de validade impresso na etiqueta. O hospital disse ainda que nenhuma outra irregularidade foi encontrada no serviço de nutrição, assim como na farmácia e que todos os materiais-hospitalares e medicamentos estavam dentro do prazo de validade e procedência identificada, conforme preconiza às normas de vigilância sanitária.

Já o HCN afirmou que só foram apreendidos alguns materiais médico-hospitalares, de pouca utilização rotineira. Além de um medicamento via oral, que não é padrão no estoque da farmácia. Segundo o hospital, todos os seus produtos médico-hospitalares e medicamentos passam por filtros de controle de forma a cumprir os processos exigidos pelos órgãos de certificação hospitalar. Disse ainda que todos os alimentos em uso e de estoque da nutrição estavam de acordo com as normas regulamentadoras da vigilância sanitária.

No dia 8 de julho, policiais da Decon encontraram alimentos, remédios e utensílios médicos com data de validade vencida no Hospital Prontobaby, na Tijuca, Zona Norte do Rio. A vistoria foi realizada após a denúncia do pai de um paciente internado na unidade de saúde, que relatou a tentativa de enfermeiros darem um medicamento vencido a seu filho. Segundo a assessoria da Polícia Civil, na época, os agentes chegaram a encontrar pães e frangos estragados no hospital. Sobre a vistoria, a direção do Prontobaby informou que o número do lote da medicação apresentada à Decon em denúncia feita pelo pai da criança internada é diferente do número do lote da medicação disponibilizada pela farmácia do hospital na ocasião. "Esta medicação disponibilizada pela farmácia para uso pela paciente está dentro do prazo de validade. A medicação apresentada pelo pai não foi administrada à criança", informou o hospital, acrescentando que iniciou o rastreamento do lote do medicamento apresentado pelo pai da paciente junto às empresas farmacêuticas, para determinar a sua origem. Quanto aos medicamentos fotografados com data vencida, eles estavariam no almoxarifado central localizado em prédio separado do Hospital. "O almoxarifado destina-se ao manuseio dos medicamentos e à triagem com o objetivo de realizar o descarte de produtos vencidos (conforme as normas sanitárias) e a organização daqueles em condições de uso. Nossa farmácia é regularmente vistoriada pela Vigilância Sanitária", diz a nota.

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