quinta-feira, 28 de julho de 2011

O APELO DOS HOSPITAIS

EDITORIAL ZERO HORA, 28/07/2011

A campanha lançada pelos hospitais filantrópicos gaúchos tem a ênfase de um pedido de socorro e merece, no mínimo, uma resposta convincente do governo do Estado. O apelo S.O.S. Saúde, com o apoio de entidades médicas como Cremers, Simers e a Federação das Santas Casas, reflete uma situação crônica que chegou a um estágio considerado insustentável. O diagnóstico apresentado ao Executivo pelo Sindicato dos Hospitais Beneficentes, Religiosos e Filantrópicos do Rio Grande do Sul reproduz, nas instituições, o drama enfrentado por todos os que dependem da saúde pública.

Os hospitais estão no corredor da emergência, à espera de um suporte imediato calculado em pelo menos R$ 100 milhões. Os recursos solicitados ao Estado apenas tirariam as casas de saúde do sufoco. A queixa generalizada de dirigentes de hospitais ataca uma questão histórica que envergonha o Rio Grande do Sul. Um dos Estados mais desenvolvidos do país é o que menos vem aplicando em saúde, desde governos anteriores. Pode-se supor que a população gaúcha não depende tanto do SUS como a de outras unidades da federação e que por isso as verbas são minguadas. Sabe-se que não é bem assim. Todos os dias, repetem-se as situações dramáticas das emergências, enquanto aumenta a fila de espera por consultadas especializadas, cirurgias e procedimentos mais complexos. Calcula-se que 7 milhões de gaúchos dependem exclusivamente do SUS para ter ter acesso a médicos, exames e internações.

Os hospitais filantrópicos cumprem há muito tempo, décadas antes do surgimento do SUS, a tarefa de compensar, com a bravura das comunidades, todas as limitações da saúde pública. São 239 casas no Estado e, mesmo que algumas não tenham aperfeiçoado seus métodos administrativos, deve-se reconhecer que a maioria gerencia a escassez. O Estado, gestor dos recursos da saúde, ao lado da União e dos municípios, tem o dever de aprofundar, com os hospitais, um estudo sobre a realidade dessas instituições, para que o socorro agora reivindicado não seja apenas um paliativo.

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