terça-feira, 14 de agosto de 2012

DOR EM FAMÍLIA DIANTE DA FALTA DE VAGAS

ZERO HORA 14 de agosto de 2012 | N° 17161

Final triste para mais um bebê no sul do Estado

JOICE BACELO | PELOTAS/CASA ZERO HORA
 

Após a morte de gêmeos de Piratini que peregrinaram por vagas em UTIs neonatais, o drama se repete no sul do Estado. Menos de uma semana depois é a família de Luiz Lucas Pacheco quem precisa lidar com o triste final da mesma busca por leito. O bebê de dois meses que teve que percorrer 500 quilômetros – de Pelotas até Ijuí – e só conseguiu atendimento porque houve interferência da Justiça não se recuperou dos três dias de espera na emergência do Pronto-Socorro de Pelotas.

Sem condições de custear o transporte do corpo via funerária, a família viajou para casa com o caixão no porta-malas do carro particular.

O óbito foi confirmado na noite de domingo na UTI pediátrica do Hospital de Caridade de Ijuí, no Noroeste, onde o menino esteve internado por três dias. De acordo com o diretor técnico da instituição, Airton Buss, o bebê já havia chegado em estado muito grave e mesmo recebendo o atendimento adequado não conseguiu responder ao tratamento. Não havia mais tempo para curar um quadro de infecção agravado por uma coqueluche. Luiz Lucas acabou morrendo por insuficiência respiratória.

Da liberação do corpo, por volta das 6h de ontem, até a chegada ao no Cemitério da Boa Vista, na zona norte de Pelotas, foram mais de sete horas de viagem. A mãe do bebê, a doceira de 23 anos, Eliana Pacheco, não tem dúvidas ao afirmar que foi o drama da falta de leito que causou a morte do filho. Ela diz que assim que se recuperar da perda do menino entrará com ação judicial contra o Estado.

– Eu trouxe o meu filho para o cemitério por culpa desse governo. Se não tivéssemos que esperar tanto por atendimento, com certeza ele teria sobrevivido. Quando chegamos a Ijuí sabíamos que a situação já era grave – desabafou mãe do menino.

Luiz Lucas foi internado no Pronto-Socorro de Pelotas uma semana antes de morrer. Ele permaneceu na emergência da instituição por três dias, até que a família procurou o Conselho Tutelar e por meio da Justiça conseguiu o encaminhamento imediato para um hospital equipado com UTI pediátrica. O menino viajou os 500 quilômetros entre as duas cidades de avião e teve os custos pagos pela prefeitura de Pelotas, na quinta-feira.

Luiz Lucas completaria três meses no próximo domingo.

O que dizem

- MP e Judiciário – Pelo menos uma vez por semana juízes e promotores do sul do Estado recebem pedidos de internação de bebês em grave situação de saúde. De acordo com o promotor da infância e da juventude de Pelotas, José Olavo Passos, hoje à tarde tem mais uma reunião prevista e a ideia é elaborar uma estratégia de ampliação de leitos em UTIs neonatal e pediátricas e pressionar o Estado para que haja o aumento.

- Simers – De acordo com o presidente do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul, Paulo de Argollo Mendes, a entidade apresentou à Secretaria da Saúde um plano de carreira estadual de médicos, para que a busca por profissionais não seja responsabilidade somente dos hospitais.

- Secretaria Estadual da Saúde – A coordenadora da Seção de Saúde da Criança e do Adolescente da SES, Eleonora Walcher, diz que será feita uma análise para quantificar os prematuros nascidos no último ano e a lotação nesse tipo leito.

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