sexta-feira, 24 de agosto de 2012

MINISTÉRIO IGNORA PREVENÇÃO À GRIPE "A"

ZERO HORA 24 de agosto de 2012 | N° 17171

PREVENÇÃO À GRIPE A. Ministério ignora apelo de entidades médicas

Pedido é para que exista um tratamento diferenciado ao Sul, região mais vulnerável ao vírus


ITAMAR MELO

A decisão do Ministério da Saúde de manter inalterada em 2013 a política de prevenção à gripe A no sul do país, tema de reportagem da edição de ontem de ZH, contraria os profissionais mais familiarizados com o assunto: os médicos da região.

Há 10 dias os Conselhos Regionais de Medicina do Rio Grande do Sul e do Paraná (Cremers e CRM) e as Associações Médicas dos dois Estados (Amrigs e AMP) entregaram um documento conjunto ao ministro Alexandre Padilha, no qual alertam para a necessidade de oferecer tratamento diferenciado ao Sul, muito mais vulnerável ao vírus. O documento reivindica que a campanha de vacinação de 2013 ocorra mais cedo e tenha abrangência universal na região.

Até ontem, as entidades médicas não haviam recebido resposta de Padilha, defensor de uma política que, de 2010 para cá, reduziu em 67% as vacinas distribuídas no Estado e viu a quantidade de mortos mais do que quadruplicar em apenas um ano no Estado.

No documento, as entidades médicas baseiam sua argumentação em dados estatísticos. Citam, por exemplo, que os Estados do Sul concentram 74% dos casos confirmados de gripe A de todo o país. Lembram, ainda, que apesar de ter uma população três vezes menor do que a do Sudeste, segunda região com maior incidência, o Sul registra quase o triplo de óbitos por gripe A.

– Pedimos apenas que o ministério leve em conta, na sua política, os locais onde o vírus circula e onde as pessoas morrem – afirma Rogério Wolf de Aguiar, presidente do Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul (Cremers).

O presidente do Cremers observa que é fundamental antecipar a campanha de vacinação, que em 2012 começou apenas em maio, porque a partir do outono o sul do Brasil já ingressa em flutuações climáticas que multiplicam as situações de gripe, de bronquite e de tosse.

– Sabemos que, do Rio de Janeiro para o norte, incluindo Brasília, as pessoas não sabem o que é outono ou primavera. Aqui o clima é diferente, não é tropical. A política tem de ser diferente também. As mortes indicam isso – defende Aguiar.

DECLARAÇÃO

Rogério Wolf de Aguiar, presidente do Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul (Cremers): "Não faz sentido uma política igual para todo o país. "

- Neste ano, o ministério enviou apenas 1,67 milhão de doses.

- Até a semana passada, 59 pessoas já haviam morrido no Estado.

Nenhum comentário:

Postar um comentário