terça-feira, 7 de agosto de 2012

FALHAS NA PREVENÇÃO

ZERO HORA 07 de agosto de 2012 | N° 17154

EDITORIAL

Vítima de uma perversa combinação de fatores, a região sul do Brasil transformou-se numa recordista em mortes causadas pela gripe A. Além de os Estados sulinos serem mais suscetíveis ao vírus Influenza A (H1N1), o recrudescimento do problema deixou evidente que o alerta da epidemia de 2009 não resultou numa mudança de comportamento do poder público. Por isso, é mais do que hora de as visíveis falhas na prevenção serem corrigidas, para se evitar que, passado o período de temperaturas mais baixas, o problema volte a cair no esquecimento, até ressurgir no próximo inverno.

Obviamente, nem o Brasil, nem os demais países afetados têm condições de prevenir o problema partindo para uma vacinação abrangente – sem ênfase apenas nos grupos mais vulneráveis, como jovens e idosos. Ainda assim, as proporções assumidas pela doença – superiores até mesmo às registradas em países mais populosos, como a Índia – indicam a necessidade de uma discussão mais ampla sobre a estratégia adotada até agora. Um aspecto que precisa ser levado em conta é se um país com tantas variações climáticas tem como manter uma estratégia unificada de prevenção e combate ao vírus.

Diante de um assunto de tamanha gravidade, é preciso que o poder público enfrente de vez a falta de agilidade da burocracia, que leva os órgãos de saúde a demorarem demais para agir quando a situação se complica. E, obviamente, ainda falta muito para o país corrigir as defi- ciências que persistem no atendimento à saúde de maneira geral.

Nenhuma política de prevenção e combate se mostrará eficaz se não contar com o apoio maciço da população. Por isso, é preciso que a sociedade seja convocada sistematicamente a colaborar com pequenos mas eficazes gestos de prevenção. Uma alternativa são as campanhas didáticas que contribuam de forma permanente para reduzir riscos tão elevados e tão preocupantes para os brasileiros, particularmente os dos Estados sulinos.

Este desafio é também o grande encanto da democracia: todos os indivíduos, famosos ou anônimos, ricos ou pobres, devem ter o direito de se defender de qualquer acusação – assim como devem ser responsabilizados na forma da lei por eventuais delitos que tenham cometido.

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